Antônio Mário Mafra

Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de Pernambuco, em 1936.

Nascimento: 5 de julho de 1916
Falecimento: 27 de setembro de 1983
Naturalidade: Maceió-AL
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL)

Deputado constituinte em 1946, prefeito nomeado de Maceió, autor da ata de criação da Escola de Engenharia de Alagoas e um de seus primeiros mestres. Nome de rua e escola em Maceió: engenheiro civil Antônio Mário Mafra. Ainda estudante, começou sua trajetória nas obras de construção do porto de Recife, em 1935. Ao longo de décadas, tornou-se um dos mais destacados profissionais e intelectuais do seu estado, tendo, inclusive, o prazer de dar aula para seu filho, o engenheiro civil e psicanalista Roberto Mafra. “Fui aluno dele na Faculdade de Cálculo, Mecânica Racional, entre 1960 e 1961. Ele terminava a aula com os quadros-negros perfeitos. Dignos de fotografias. E muitos colegas tiravam, inclusive eu”, diz. “O aperto era bem maior. Afinal, era filho de uma pessoa brilhante como era ele. Mas ele me cobrava de forma indireta, eu era bom aluno.  Essas insígnias paternas me estimularam”. 

“Fui aluno dele na Faculdade de Cálculo, Mecânica Racional, entre 1960 e 1961. Ele terminava a aula com os quadros-negros perfeitos. Dignos de fotografias. E muitos colegas tiravam, inclusive eu”


O filho descreve que a atividade de ensino era “apaixonante” para Antônio Mafra. “Desde estudante, antes da Escola de Engenharia. Ele era praticamente autodidata pelo pai, o dentista Mário Mafra. Meu avô foi a Recife conversar com um professor. Como ele já havia lido tudo, marcou uma prova. E, de fato, ele sabia tudo. Passou em primeiro lugar. Foi assim toda a vida porque gostava muito de ler. Sempre estava na frente, atualizado com livros em inglês, francês, alemão”.

Antônio Mário Mafra fora um dos nove engenheiros que se empenharam para a fundação da Escola de Engenharia de Alagoas, como descrito em ata lavrada por ele em 13 de agosto de 1951. Do sonho para a realidade, foram quatro anos. Logo se tornaria um de seus mestres, a partir de 1956. como professor titular do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Alagoas – Ufal. Em 1962, foi paraninfo da turma.

Roberto Mafra conta que seu pai teve uma pedreira em Recife, construindo um conjunto de casas. “Depois, foi o primeiro superintendente dos portos de Cabedelo e Maceió. Um desafio muito grande, as estruturas eram precárias. Muito querido em Pernambuco, foi chamado de volta ao Recife, convidado por uma empresa norte-americana que trabalhava com equipamentos portuários. Paralelamente, sempre gostou de ensinar, um professor muito prestigiado, considerado de longe o melhor aluno da Escola de Engenharia. Tenho crônicas da Escola, sempre com notas máximas. Tinha uma fama grande”.

A ponto de conduzir também sua trajetória política, primeiro como prefeito nomeado pelo interventor federal Ismar de Góis Monteiro, em 1945, elegendo-se, no mesmo ano, primeiro suplente para a Assembleia Nacional Constituinte, pelo Partido Social Democrático (PSD). Convocado, cumpriu seu mandato como deputado federal, participando da Comissão Permanente de Transportes e Comunicações, sendo candidato a vice-governador de Alagoas pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN), em 1955. “Insistiram com ele para se candidatar à Constituinte. Aceitou no último dia do prazo, e isso mudou completamente o rumo da sua vida. No primeiro ano, ficamos na casa do nosso avô, em Maceió. Depois, fomos para o Rio”, conta Roberto Mafra. 

O colega de academia, Fernando Cardoso Gama, homenageado da Láurea ao Mérito no ano passado, confirma seu talento: “Era muito inteligente, tinha até correspondência com gazetas de matemática da França. Um dos melhores alunos da Escola de Engenharia de Recife. Fui examinador de uma banca dele no concurso para professor catedrático de Matemática do Colégio Estadual de Alagoas. Foi aprovado com distinção”, diz.

Era casado com Hilda Gomes de Mattos Mafra, com quem teve quatro filhos: Solange, Maria Helena e Leda, além de Roberto. “Era muito caseiro, dedicado à família. Sua vida era trabalhar e estudar”, diz Roberto, considerando que todos estão muito honrados com a homenagem do Sistema. “Já fazia falta. Isso preenche uma lacuna. Naturalmente, para a família, é uma coisa auspiciosa, muito justa. Ele merece bastante”.

Outro homenageado alagoano na cerimônia de Láurea ao Mérito do Sistema Confea/Crea em 2018, o engenheiro agrônomo Olavo de Freitas Machado também dedicou algumas palavras sobre Antônio Mafra. “Era muito amigo do meu sogro, Aloysio Freitas Melro, fundador da Escola de Engenharia.

"Um grande engenheiro e matemático, homem de bem e um intelectual brilhante, uma das maiores expressões da área que Alagoas teve. Acho que merece todas as homenagens”.


Trajetória Profissional

Estagiário e engenheiro na diretoria de Docas e Obras do Porto de Recife (1935-1938); Administrador do Porto de Cabedelo - PB (1939-1940); Engenheiro e diretor do Departamento de Viação e Obras Públicas de Alagoas (1941); Superintendente de Administração do Porto de Maceió (1942-1945); Prefeito nomeado de Maceió (1945); Deputado Constituinte (1945-1946); Deputado Federal (1946-1950); Superintendente de Administração do Porto de Maceió (1951-1956); Secretário de Fazenda do Estado de Alagoas (1952-1953); Professor da Escola de Engenharia de Alagoas (1955-1956); Professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Alagoas – Ufal (1956-1960); Professor Catedrático Vitalício da 1ª Cadeira de Matemática do Colégio Estadual de Alagoas (1960-1983); Professor Catedrático Interino da Universidade Federal de Alagoas – Ufal (1961-1971); Vice-Reitor da Ufal; Superintendente da Administração do Porto de Maceió (1961-1963); Administrador do Porto de Maceió (1963-1976);  Secretário de Viação e Obras Públicas do Estado de Alagoas (1962-1963); Chefe do Departamento de Matemática da Ufal (1972-1974); Coordenador do Curso de Matemática – Licenciatura Plena da Ufal (1974-1976); Membro de diversos conselhos  e comissões  do estado.