José Joaquim Francisco Sommer

“Tio Sonho”. Esse é o apelido que José Joaquim Francisco Sommer ganhou da sobrinha-neta Sofia. Casado com Maria Eleonor há 52 anos, Joaquim é pai de quatro filhos e avô de cinco netos. “Quando chega o fim de semana, junta a meninada toda, você pode imaginar a bagunça”, brinca. A vida de Sommer pode se resumir com a palavra “construção” – de uma grande família e de boa parte das pontes de Minas Gerais. 

Além de professor em três universidades – entre elas a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Federal de Ouro Preto -, José Joaquim trabalhou por cerca de 50 anos no Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), onde exerceu a função de chefe da Divisão de Pontes. Por conta do cargo, as mãos e cálculos de Sommer estão impressas em boa parte das pontes e viadutos de Belo Horizonte. Prestando assistência técnica para todo o Estado mineiro, Sommer conta que sua grande satisfação profissional foi consertar obras. “Era muito satisfatório quando tinha uma obra encrencada e eu conseguia dar a solução. Por exemplo, quando eu projetava um reforço para pontes com recalque ou fissuras”. 

José Joaquim Francisco Sommer foi o responsável pela construção de uma das primeiras pontes de concreto protendido em Minas Gerais, em 1967: uma das pontes que passam pelo Rio Parnaíba, com cerca de 300m de extensão. Outra obra de que o engenheiro se orgulha é o viaduto de acesso à Lagoa Santa, nos arredores de Belo Horizonte. Para lecionar e construir, Sommer, portanto, não deixou de acumular conhecimento. Por volta de 1990, acompanhado de dois colegas do DER-MG, fez um estágio na construção da Ponte da Normandia, na França, que, com 2 mil metros de extensão, liga as cidades de Le Havre e Honfleur, passando por cima do Rio Sena. “Nunca tínhamos feito uma ponte estaiada. Então, para poder fiscalizar obras, tínhamos de adquirir o knowhow”.

Poliglota, além do Francês, Inglês, Espanhol e Alemão que já conhecia, mais recentemente o “Tio Sonho” foi aprender Hebraico. “O meu nome está no catálogo de nomes judaicos. Devo ser descendente. Não tenho muitos dados sobre minha família, mas estive em Israel e lá, no Museu da Diáspora, vi que havia o nome Sommer listado”, conta. O poliglota e engenheiro não para suas pesquisas sobre literatura e filosofia no judaísmo. Sommer também nutre grande interesse pela cultura indiana. Engana-se o leitor que imaginar que essa paixão do engenheiro nada tem a ver com seus aprendizados na área de exatas. Construtor de pontes, Sommer faz a ligação entre ciências exatas e cultura estrangeira. “No Ocidente pouca gente sabe, mas a Matemática nasceu na Índia. Os árabes aprenderam sobre algarismos com os indianos. Os algarismos arábicos que usamos vêm do sânscrito. Além disso, os indianos foram os primeiros a usar números relativos e letras na Matemática”.

Por Beatriz Leal
Equipe de Comunicação do Confea