Crea-RN apresenta experiências de vida no lançamento do Programa Mulher

 

Algumas das participantes do lançamento do Programa Mulher no Crea-RN
Algumas das participantes do lançamento do Programa Mulher no Crea-RN

Brasília, 19 de novembro de 2021.

A integração característica do Programa Mulher marcou o lançamento do programa no Crea-RN, nesta quinta (18/11). A cerimônia virtual contou com as participações do presidente Joel Krüger, coordenador do Comitê Gestor do Programa Mulher no Confea; da conselheira federal eng. agr. Andréa Brondani; da diretora administrativa da Mútua, eng. agr. Giucélia Figueiredo; da coordenadora nacional das Comissões de Ética dos Creas, eng. civ. Carmem Eleonôra; da presidente do Crea-RS, eng. amb. Nanci Walter; e da presidente do Crea-RN, eng. civ. Ana Adalgisa, entre outras lideranças femininas do Rio Grande do Norte, da região e do Comitê Gestor nacional, que citaram suas experiências de enfrentamento às adversidades em suas trajetórias.

Presidente Joel Krüger saudou a criação do Programa Mulher no Crea-RN
Presidente Joel Krüger saudou a criação do Programa no Crea-RN

 
Ao saudar as participantes, o presidente do Confea manifestou sua felicidade em compartilhar um momento que marcará o protagonismo feminino no Regional. “Estamos com uma alegria muito grande de poder estar implementando oficialmente o Programa Mulher no Crea Rio Grande do Norte. É muito importante essa união de todos. Porque vale aquela frase: juntos somos mais fortes para fluir nossas demandas mais naturalmente.  E o tema da mulher é fundamental. Esse protagonismo da mulher na Engenharia, da mulher na Agronomia, da mulher nas Geociências, da mulher profissional, mas também da mulher na sociedade porque os problemas são similares e nós queremos discuti-los de maneira ampla. Por isso, queremos que esse protagonismo vá para o Brasil inteiro por meio das nossas entidades”, disse.

Joel considerou ainda o programa estratégico em sua gestão, informando a proposta de reunir todos os 27 Comitês Gestores do Programa Mulher nos Creas, durante o Encontro de Líderes, no início do ano, e dando a palavra ao conselheiro federal eng. eletric. Modesto Santos, que considerou que “o Rio Grande do Norte tem uma história riquíssima de valorização feminina, desde que a engenheira civil Zélia Santos se tornou (em 1994) a primeira presidente de um regional do país”, reforçando o empenho do plenário em relação ao tema.

Presidente Joel e conselheiro federal pelo Rio Grande do Norte, Modesto Santos
Presidente Joel e conselheiro federal pelo Rio Grande do Norte, Modesto Santos

“Em nível federal, o Programa Mulher vem de uma gestão do Confea que acreditou e expandiu para todos os Creas. O coordenador do comitê é o próprio presidente Joel, o que mostra o apoio mantido ao programa, que, aqui no Rio Grande do Norte, foi aprovado por unanimidade em nosso plenário”, disse a presidente Ana Adalgisa, informando que o programa se insere em um projeto de equidade de gênero do Crea-RN, direcionado ao empreendedorismo e à formação de novas lideranças. “Quando o Sistema lança esse programa, é para formar e incentivar novas lideranças femininas, seja para o Sistema Confea/Crea e Mútua, seja para a vida profissional. Mas acima de tudo, lideranças fortes. E esse é o desafio que a gente implantou aqui, buscando trazer as jovens profissionais para o Sistema como protagonistas”.

Presidente Ana Adalgisa: profissionais fortes no Sistema
Presidente Ana Adalgisa: profissionais fortes no Sistema

Emoção
Para a diretora administrativa da Mútua, Giucélia Figueiredo, participar do lançamento do Programa Mulher no Crea-RN, tendo a presidente Ana Adalgisa à frente, “é um momento de muita emoção e de reafirmação do nosso compromisso com a luta das mulheres”. A engenheira agrônoma considera que o Programa está sendo institucionalizado não apenas em nível de gestão, mas na perspectiva do próprio Sistema. “A participação do engenheiro (de produção) Márcio Sá, representando a Mútua-RN, demonstra que o programa não pertence apenas às mulheres, mas a todos e a todas que almejam uma sociedade igualitária”, disse, cumprimentando ainda a participação da graduanda em engenharia química Ana Beatriz, coordenadora adjunta do Crea Júnior, “demonstrando que o Programa Mulher incorpora novas personagens, novas lideranças”. 

Diretora administrativa da Mútua, eng. agr. Giucélia Figueiredo
Diretora administrativa da Mútua, eng. agr. Giucélia Figueiredo

Ao defender a sociedade sustentável, em que o Programa Mulher atue em uma “perspectiva holística, incorporando a igualdade de gênero em dia com a realidade da sociedade”, e citando Guimarães Rosa (“O que a vida quer da gente é coragem”) para enfrentar as “lutas diárias”, Giucélia considerou ainda que essa coragem é demonstrada pelo Programa “sob a perspectiva de homens e mulheres que lutam por uma sociedade com direitos e oportunidades iguais”. 

Primeira mulher presidente do Crea-RS, a engenheira ambiental Nanci Walter concordou com a ex-presidente do Crea-PB e afirmou que “de Norte a Sul, o Sistema conta agora com o Programa Mulher, e é necessário que se fale da equidade, mas também da desigualdade”, citando que há apenas seis mulheres presidindo os Creas. “Espero repetir o feito da presidente Ana Adalgisa e precisamos ter também as nossas sucessoras, incentivando que mais mulheres abracem o nosso sistema profissional, saindo de suas zonas de conforto. É por isso que nós estamos aqui. Só poderemos fazer isso com o trabalho conjunto das engenheiras, engenheiros, geógrafas, geógrafos e assim por diante. A gente está escrevendo a nossa própria história juntas. E a gente precisa ter essa sororidade, precisamos estar mais unidas”.

Engenheira ambiental Nanci Walter: primeira mulher a presidir o Crea-RS
Engenheira ambiental Nanci Walter: primeira mulher a presidir o Crea-RS


União 
Coordenadora do Comitê Gestor do Programa Mulher no Crea-RN, a engenheira agrônoma Ermelinda Mota agradeceu o apoio da presidente Ana Adalgisa e da equipe coordenadora do evento de lançamento, ratificando a importância do Programa Mulher em busca da equidade de gênero. “Nós precisamos estar mais unidas, como falou a presidente Nanci. Não só unidas pelas causas das mulheres, mas de todas as minorias, reduzindo as diferenças entre mulheres brancas e negras, entre outras”. Diretora do Crea-RN e primeira coordenadora do curso de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em segundo mandato, Ermelinda considera que as mulheres não querem ser nem melhores, nem piores. “Somos iguais”, disse, afirmando esperar defender a causa das mulheres e de toda a sociedade.

Engenheira agrônoma Ermelinda Mota coordena o Comitê Gestor do Programa Mulher no regional
Engenheira agrônoma Ermelinda Mota coordena o Comitê Gestor do Programa Mulher no regional


Já a conselheira federal Andréa Brondani, agradeceu o apoio de suas “mestras” e assegurou que se sente na obrigação de representar todas as colegas no plenário. “A nossa plenária é composta por 18 conselheiros, sendo apenas duas conselheiras. Nós tivemos colegas que abriram o caminho. Estão aqui Carmem Eleonora, Ana Adalgisa, Giucélia Figueiredo, a minha presidente Nanci e outras que estou conhecendo agora. Podem contar comigo no plenário. Temos que pensar na expansão das atividades do programa para os próximos anos. Não adianta a gente ter o Confea incentivando, se as células não forem alimentadas. E os regionais são as células”, disse, parabenizando e desejando que outras colegas as sucedam em condições melhores. “Meu sonho é que uma de nossas colegas seja eleita presidente do Confea”. 

Coordenadora das Câmaras de Ética dos Creas, Carmem Eleonora
Coordenadora das Câmaras de Ética dos Creas, Carmem Eleonôra


Ex-coordenadora da Câmara de Engenharia Civil do Crea-PB, a atual coordenadora nacional da Comissão Nacional de Câmaras de Ética dos Creas, Carmem Eleonôra parabenizou o Crea-RN e agradeceu o apoio da assessora do gabinete do Confea, eng. quim. Simone Baía, inclusive diante das perdas do presidente Antonio Carlos de Aragão e da engenheira civil Maria Aparecida Estrela, atuantes do Comitê Gestor do Programa Mulher do Crea-PB. “Esse trabalho de valorização da mulher é um trabalho contínuo. Hoje nós temos muitas mulheres nas coordenadorias nacionais. Na Ética, temos oito coordenadoras. Tenho conversado bastante com o Conselho de Comunicação e Marketing para que tenhamos uma visão ampla com uma dualidade dos engenheiros e das engenheiras, colocando imagens de mulheres nas peças publicitárias, não só por ser mulher, mas porque representa a visibilidade da excelência e da dignidade da mulher”, apontou, parabenizando o presidente Joel.

Depoimentos

Engenheira civil Paloma Evangelista
Engenheira civil Paloma Evangelista

O lançamento do Programa Mulher do Crea-RN contou ainda com os depoimentos das engenheiras civis Paloma Evangelista e Kátia Pinto e da engenheira química Bruna Cibelle, que descreveram suas experiências. A primeira, à frente do Centro de Inteligência em Edificações e Meio Ambiente – Ciem Cursos e Consultoria Ambiental. “Ser empreendedora mulher não é tão fácil, principalmente nessa área de eventos, mas é um caminho sem volta”, diz, informando que precisou se “reinventar” na pandemia, a ponto de estudar marketing para fortalecer sua empresa, prestes a completar cinco anos. Em relação à participação feminina na área, Paloma considera que há muitas profissionais de destaque no Estado, à frente de grandes obras, convidando as mulheres a empreenderem e defendendo a igualdade salarial, sem discriminações de gênero ou raça.

Engenheira civil Kátia Pinto
Engenheira civil Kátia Pinto


Já a ex-secretária de Infraestrutura do Estado do Rio Grande do Norte e da cidade potiguar de Mossoró, Kátia Pinto, também descreveu alguns dos desafios enfrentados em sua trajetória. Das dificuldades orçamentárias às limitações técnicas e estruturais, a situações mais pessoais. “Com sete meses de gravidez aos 25 anos, tive que demitir dois operários que brigavam. Foi uma dificuldade, mas a gente tem que saber se impor, principalmente quando a gente é mulher”. Outro momento difícil foi uma ameaça de morte de uma pessoa que se achou prejudicada em uma obra da Cobal de Mossoró. 

Kátia descreveu também a importância de valorizar os funcionários, de promover o planejamento e o orçamento adequados, além da preocupação com a fiscalização das obras públicas. “Implantei no órgão a necessidade da memória de cálculo, do diário de obras, do relatório fotográfico e da medição. Houve resistência, mas eu disse que queria proteger o fiscal e a mim mesma porque daqui a oito anos, não estaríamos mais ali e precisaria ficar registrado que o serviço foi realizado”, disse, ressaltando a importância da assessoria jurídica para responder ao controle social e destacando a erradicação de 28 favelas, o saneamento em Mossoró e a construção de postos de saúde entre suas principais obras. “Nunca tive nenhum assédio sexual durante toda a minha experiência, sempre fui respeitada. E nunca distingui nenhum profissional”, acrescentou.

Engenheira química Bruna Cibelle Queiroz
Engenheira química Bruna Cibelle Queiroz

As adversidades profissionais da engenheira química Bruna Cibelle de Queiroz marcaram um contraponto ao depoimento anterior. Com mais de 130 ARTs nos cinco anos de atividades de sua empresa, a Equilibrium Soluções Ambientais, a doutoranda em Engenharia de Materiais narrou que enfrentou desafios profissionais que a levaram a problemas emocionais, diante de alguns abusos de colegas que não gostam de ser corrigidos por uma mulher. 

“Atuando em tratamento de solo, água, sou a única mulher do Estado que faz esse trabalho. Imaginem como foi mostrar o meu valor. A minha sensação é que tenho que mostrar o meu valor todo tempo. Faço 'crossfit' e tenho capacidade física para carregar as ferramentas que tenho que usar. Diziam que ia chorar no primeiro problema. Mas não é assim não. A gente é mulher, mas não é frágil não. Já passei por situações de ter que descer em cava, só eu de mulher. Já que a gente quer competir, tem que mostrar que faz tudo o que eles fazem, fazendo o seu máximo. Minha competição é pelo profissionalismo, com posicionamento”, declarou, afirmando que toma providências para preservar sua vida pessoal. “É importante você se manter respeitada”. 

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea