Telmo Brentano

Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1972; Especialista em Hidrologia Aplicada e Construção Civil pela UFRGS, em 1973

Nascimento: Santo Cristo (RS), 04 de julho de 1946
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS)


Santa Maria, 2013. Nos dias seguintes à tragédia da Boate Kiss, o engenheiro civil Telmo Brentano foi um dos profissionais mais procurados. Autor de dois livros referenciais na área de prevenção de incêndios e instalações hidráulicas, ele acompanhou de perto os momentos difíceis daqueles seus conterrâneos.

“Estive lá quatro dias depois, pelo Crea, para fazer uma vistoria. São coisas de Brasil, da nossa cultura. Não adianta só querer mexer por lei. Essas questões acontecem com a mudança de cabeça das pessoas. Hoje, as leis têm vícios de origem. Leis não se interpretam. Por isso coloco na epígrafe dos meus livros: ‘As leis e normas devem ser bem claras. Quem lê deve entender, e não interpretar’”, diz o projetista e responsável técnico pela execução de instalações hidráulicas de diversos tipos de edificações.

A capacitação e a experiência levam Telmo a ponderar: “Não sou da parte de segurança, e sim da área de incêndio”. Apesar de orientar futuros engenheiros de segurança do trabalho, ele aponta para o surgimento de cursos especializados na área de incêndio. “Tratamos de instalações invasivas ao espaço arquitetônico porque o arquiteto tem que conhecer essas normas”, acrescenta o ministrante de cursos de atualização em instalações hidráulicas e proteção contra incêndios para profissionais de Engenharia e de Arquitetura e Urbanismo. 

Ele também critica a atuação dos bombeiros na área. “Para analisar projetos de Engenharia tem que ter conhecimento. Isso ocorre em todo o Brasil porque as leis são mal escritas. Temos edifícios, indústrias, depósitos, mas as normas são para instalações de incêndio em casa. Elas são importantíssimas, mas há cópias de normas desatualizadas e até as figuras delas precisam melhorar. Seria interessante reduzi-las, embora as exigências básicas, como os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), já estejam incorporadas pelas empresas e possa haver retrocesso, se não forem obrigatórias”, afirma. 

A aptidão para a Matemática o desafiou a resolver os exercícios de Ari Quintela, no ginásio da vizinha Santo Ângelo, onde entrou após exame de admissão com bolsa do governo. “Isso me abriu o horizonte para a área técnica e fiz a opção no científico pela área, o que me deu uma boa base para entrar na universidade. Hoje, a gurizada não sabe nem o que vai fazer”, comenta o engenheiro civil, que começou cedo também a trabalhar. “Varria as salas de aula, das seis às sete e meia. Daí, ia para o curso noturno de Contabilidade”.

No Champagnat, o científico dos Irmãos Marista em Porto Alegre, colégio da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), trabalhava como telefonista e, nas férias, como garçom. “Assim, conseguia um quarto particular para mim e tinha mais liberdade para sair”. A referência passou a ser o professor Eurico Trindade Neves, entre outros que contribuíram para entrar na Faculdade. Onde continuou a trabalhar para seu sustento. “À noite, dava aulas de Matemática e Física. Fiz o curso em sete anos, mas foi muito bom em termos pessoais”, descreve.

Ao se formar, deu aulas na UFRGS e na PUC. “Nunca tive dedicação exclusiva e desde a faculdade, discordava de estudar o que não ia me acrescentar”.  O cidadão Brentano considera que “quem gera emprego são as empresas particulares, é preciso desburocratizar o país. Mas, hoje, o nível intelectual técnico e ético dos nossos comandantes é muito baixo. Temos que pensar em termos de Brasil”. Telmo Brentano é viúvo de Joana Maria Sebben desde 2012. Patrícia (advogada), Vivian (engenheira química e psicóloga), Laura (jornalista) e Adriana (bióloga) são as filhas do casal. 


Trajetória profissional

Na Pontifícia Universidade Católica – PUC-RS, professor e coordenador do curso de Engenharia Civil (1980-2012); Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, foi professor da Escola de Engenharia da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e da Faculdade de Agronomia, membro dos Conselhos Universitário e de Coordenação do Ensino e Pesquisa, presidente da Câmara de Ciências Exatas e Tecnologia e coordenador acadêmico dos cursos de Engenharia Civil (1973-1995); Professor na Faculdade de Engenharia da Universidade Católica de Pelotas – UCPel-RS; Professor do curso de formação de oficiais bombeiros da Academia de Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul (1979-1980); Professor em cursos de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; Consultor e perito em Engenharia de Incêndio; Coordenador-Geral do XXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia – Cobenge (1994); Palestras e trabalhos em congressos nacionais e internacionais nas áreas de ensino e tecnologia das instalações hidráulicas; Ministrante de mais de 200 cursos e palestras na área de engenharia de incêndio em 24 estados do país; Membro da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2008-atual); Membro da National Fire Protection Association – NFPA, nos Estados Unidos (2008 – atual); No Crea, foi conselheiro (1995-1997 e 2000-2003); Coordenador da Câmara de Engenharia Civil (1996-1997) e Inspetor-Chefe da inspetoria de Porto Alegre (2001-2002); Desde 2000, é sócio-diretor da Telmo Brentano Engenharia de Incêndio; Autor dos livros “Instalações Hidráulicas de Combate a Incêndios nas Edificações” (2004) e “A Proteção contra Incêndios no Projeto de Edificações” (2007); Engenheiro Destaque da revista Incêndio, de São Paulo (2005); Homenageado nos 85 anos do Crea-RS (2019); Em 2013, participou do Grupo de Trabalho que resultou na Lei estadual 14.376/2013.