Engenheiro Agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - Esalq, da Universidade de São Paulo (USP), em 1980; Pós-Doutor em Controle Biológico de Plantas pelo Conselho Superior de Investigações Científicas – CSIC, Espanha (1993); Universidade de Torino (1995) e Universidade de Salamanca, em 2015; Mestre em Fitopatologia pela Esalq/USP, em 1984; Doutor em Fitopatologia pela Esalq/USP, em 1988; Especialista em Ferrugem do Cafeeiro pelo Centro de Investigações das Ferrugens do Cafeeiro – CIFC, Portugal, em 1988
Nascimento: Piracicaba (SP), 20 de dezembro de 1957
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP)
Entre a horta dos pais em Piracicaba e o hábito de plantar árvores por onde passa, o engenheiro agrônomo Wagner Bettiol semeou uma das obras mais respeitadas de sua área, a de controle biológico de doenças de plantas, a que se dedica desde o seu doutorado em Fitopatologia.
Experiências compartilhadas, em grande parte da vida, com a engenheira agrônoma Raquel Ghini, com quem estudou na célebre Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a Esalq, da Universidade de São Paulo, e se casou um ano antes de concluir o doutorado.
"Há 10 anos, tínhamos 18 produtos de agentes de controle biológico registrados. Este ano, temos 201 produtos registrados. Associado a isso você tem um controle limpo, algo que o mundo todo quer dos produtos agrícolas.”
Com a companheira, Wagner pôde também aprofundar seus conhecimentos em uma linha de pesquisa pioneira à década de 1980, que integra seus estudos em torno do controle de doenças por micro-organismos, em lugar dos agrotóxicos, ao uso de resíduos orgânicos agroindustriais com o mesmo fim.
“Era algo mais comum para controle de pragas. E depois pesquisei essa linha complementar que usa resíduos orgânicos agroindustriais, ricos em nutrientes, para estimular que o próprio solo aumente a quantidade de organismos benéficos que controlam as doenças. Há 10 anos, tínhamos 18 produtos de agentes de controle biológico registrados. Este ano, temos 201 produtos registrados. Associado a isso você tem um controle limpo, algo que o mundo todo quer dos produtos agrícolas”.
Graças à pesquisadora, também mundialmente reconhecida, com quem teve os filhos Renato e Marcello - o primeiro, professor de Matemática Pura na Universidade da Cidade de Nova York; o segundo, estudante de ensino médio - sua pesquisa ganha uma nova abordagem, envolvendo também as mudanças climáticas.
Há um ano e meio, Wagner lida com a ausência de Raquel, cujo reconhecimento precisa ir além do laboratório que ela denomina na Embrapa Meio Ambiente de Jaguariúna-SP, onde trabalharam juntos por décadas.
“Convivíamos 24 horas por dia juntos. As mudanças climáticas são reais. Em Campinas, quando ela começou, num estudo pioneiro do efeito da concentração de gás carbônico na atmosfera sobre o café, tínhamos 360 partes por milhão de dióxido de carbono. Hoje, em menos de 20 anos, são 420 partes por milhão. Os efeitos das mudanças estão em todos os lugares”, diz o pesquisador, que organizou com a esposa e com E. Hamada o livro “Impactos das Mudanças Climáticas sobre Doenças de Importantes Culturas do Brasil”, editado pela Embrapa, em 2011.
Em Piracicaba, estão algumas das árvores, de várias espécies, que ele plantou pelo país. “Até nossos filhos ajudavam a plantar”. Na cidade natal, vivem ainda a mãe e os irmãos. O mais novo, Valcir Antônio, sequer tinha idade para a produção de verdura e de cana, mantida por seu Angélico e dona Maria Elzira, ao lado da irmã Evani.
"Formei minha família dentro do curso de Agronomia. Além do meu ganha-pão, a minha família esteve sempre vinculada a essa atividade."
“Nasci no meio de canavial. Até cinco anos vivíamos no sítio com meus avós. Hoje vou para lá e para a Esalq com a mesma satisfação”, diz Wagner, que vive em Campinas e se divide ainda entre os tradicionais centros de ensino de Botucatu e Lavras, em Minas Gerais, proferindo numerosas palestras em todo o mundo.
Ir para a “Escola Agrícola” era o sonho de Wagner Bettiol e de outros colegas. “Horta era o nosso ganha-pão. Sempre fui ligado à agricultura, então, isso foi um passo para fazer Agronomia na Esalq”, diz o pesquisador.
Amigo desde 1977, o engenheiro agrônomo Alfredo Suzuki descreve Wagner como uma pessoa simples, que parece com qualquer colega do campo. “Todos gostam dele, não tem cerimônia, um gentleman, muito educado, sempre compartilhando o que sabe com todos. E ele sabe muito, sempre adorou estudar, como a Raquel”, conta.
Chefe-Geral da Embrapa Meio Ambiente, o engenheiro agrônomo Marcelo Morandi conhece Wagner há 20 anos. “Ele sempre foi um grande pesquisador, um precursor. E quando cheguei aqui, já era de nome e me deu todo o apoio. Uma pessoa muito atenta ao desenvolvimento da agricultura. Fico feliz com essa homenagem, muito adequada”.
"Pesquisa não é um gasto, é um investimento fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. E no mundo todo, o principal investimento em ciência é público.”
Modéstia e profissionalismo que Wagner demonstra ao falar sobre a iniciativa do Sistema. “Isso me alegra tremendamente por ser um reconhecimento técnico, vindo dos nossos pares. Então, isso não só me emociona, mas também a todos. Minha esposa também tinha registro no Crea e formei minha família dentro do curso de Agronomia. Além do meu ganha-pão, a minha família esteve sempre vinculada a essa atividade. Pesquisa não é um gasto, é um investimento fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. E no mundo todo, o principal investimento em ciência é público”.
Trajetória profissional
Engenheiro agrônomo da Dow Química S.A (1981); Pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT (1981-1984); Na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, pesquisador (1986-atual); Bolsista de produtividade em Pesquisa do CNPq (1988-atual); Autor e organizador de 10 livros, de “Controle Biológico de Doenças de Plantas” (1991) a “Aquecimento Global e Problemas Fitossanitários” (2017); Professor da Universidade Federal de Lavras – UFLA (1992-atual); Professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp/FCA/Botucatu (1992-atual); Chefe Adjunto de Comunicação e Negócios da Embrapa Meio Ambiente (2001-2002); Autor de 153 artigos científicos e 72 capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior; Orientador de 14 teses de doutorado e 29 dissertações de mestrado; Editor de revistas e revisor de artigos para diversos periódicos nacionais e internacionais; Professor convidado em curso bianual de pós-graduação na Universidade de Concepción, Chile (2011).