XIX Conemi: a engenharia em diálogo multidisciplinar

 

Vice-Presidente Edson Delgado retorna ao Mato Grosso do Sul para o Conemi: compartilhamento de conhecimentos em prol do desenvolvimento do país

 

Brasília, 20 de agosto de 2019.

Dez anos depois, o Congresso Brasileiro da Engenharia Mecânica e Industrial – Conemi retorna a Campo Grande (MS), a partir desta quarta-feira (21). Acompanhando as inovações da área, o evento pretende reunir centenas de profissionais e estudantes de todo o país em torno da temática “Como as Engenharias Mecânica e Industrial podem melhorar o Agronegócio do Brasil”.

Na visão do vice-presidente do Confea, eng. eletric. Edson Delgado, que participará da abertura do evento, o Conemi “proporcionará que os profissionais discutam os desafios, se atualizem e compartilhem conhecimentos entre si e junto à indústria e à academia”. A programação do evento, que tem o Confea como patrocinador e é realizado pela Federação Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial (Fenemi), envolve apresentação de trabalhos técnicos, visita técnica à Embrapa e ainda sete minicursos. Confira.

Para o presidente da Fenemi, eng. mec. Marco Aurélio Candia Braga, que participava nesta segunda (19) do XII Desafios das Engenharias Mecânica e Industrial para o Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso do Sul (Demi-MS) – evento prévio do Conemi, realizado no Crea-MS -, o tema é fundamental para o crescimento do país.

“Estamos fazendo esses eventos com o apoio do Confea. Hoje, sobre Manutenção de Brinquedos e Parques Infantis e no, Conemi, com essa abordagem porque a gente vê que a agricultura não é só Agronomia, ela abrange uma multiplicidade de engenharias. Do drone às máquinas que envolvem a engenharia mecânica e outras áreas que demonstram uma interdisciplinaridade no desenvolvimento da indústria 4.0”.

Interdisciplinaridade

Braga comenta que há 20 anos o Brasil era importador de algodão, e hoje é o segundo exportador do produto, graças ao desenvolvimento tecnológico. “Por meio da tecnologia, provamos que é uma indústria viável, que não é poluente. A indústria do algodão, em si, é pura engenharia. Como não pega fogo nessa indústria? É porque tem toda uma climatização do ambiente para poder mexer com o algodão. Um simples armazenamento de algodão também depende da engenharia, assim como o armazenamento da soja, que vamos tratar também sobre a água e a climatização na agroindústria”.

Presidente da Fenemi, Marco Aurélio Braga, destaca a integração da Mecânica e Industrial com outras engenharias para o desenvolvimento do agronegócio

 

Com esse exemplo, Braga demonstra que o Conemi naturalmente dialoga com outras áreas, como a Engenharia Civil, Mecatrônica e a Agronomia. “Também queremos mostrar para o meio universitário que existe um grande mercado, precisando de gente que entenda do assunto. Essa multidisciplinaridade já é desenvolvida há bastante tempo, mas hoje o grande problema é a rede de internet, um problema de infraestrutura. Por isso é um grande mercado para a engenharia, o desenvolvimento de softwares que possam ser cambiáveis em diversas necessidades”, considera.

Convergência e internacionalização

Marco Aurélio detalha que a Internet das Coisas (IoT) vem ao encontro da integração entre o agronegócio e a indústria 4.0, o que vai diminuir os custos da mecanização da engenharia. “O remédio só vai ser aplicado onde for necessário, o animal doente vai ser visto com o desenvolvimento da tecnologia. Também vai ser possível mapear o solo, onde precisa mais adubo e menos adubo. Você sabe onde tem a erva-daninha. Você combate direto no ponto. É mais econômico e menos agressivo ao meio ambiente”.

A junção do agronegócio com a indústria abrange ainda soluções como o ciclo de cogeração de energia, eólica e solar, em que mais de uma fonte gera a energia para beneficiar um produto final. Contexto descrito pelo Vice-presidente da Fenemi, eng. mec. Gutemberg Rios. “A automação é a quarta inovação industrial, e o campo vem se apropriando dessa tecnologia. Nos tratores, pivôs de irrigação. A engenharia sempre é multidisciplinar”.

Vice-Presidente Gutemberg Rios (primeiro à esquerda) em reunião no Confea para tratar dos rumos do Conemi

 

Além da convergência tecnológica em favor do agronegócio, outro aspecto destacado em relação a esse Conemi é a sua internacionalização. Segundo Gutemberg Rios, por meio da palestra do presidente da Copimera, Jorge Gallo Navarro,  o evento atinge status internacional, confirmando uma proposta de ampliação.

“Ele falará sobre a indústria do algodão, levando a discussão a um patamar internacional. Também é o primeiro ano em que temos artigos em inglês. Era muito regionalizado. Estamos expandindo. Será o Conemi com maior número de inscritos. E tudo isso dentro da característica econômica de Campo Grande onde podemos tratar das unidades fabris isoladas sem grandes conglomerados”, diz, também elogiando a parceria com o Confea.

PMOC

Outra preocupação permanente da Fenemi vem sendo a atuação dos engenheiros mecânicos em torno do Plano de Manutenção, Operação e Controle - PMOC, orientado pela Portaria MS 3.523/98 para prevenir a proliferação de doenças por meio da correta manutenção de sistemas de climatização e refrigeração. As atribuições dos engenheiros mecânicos, tecnólogos e, quanto à aferição da qualidade do ar, engenheiros químicos, será um dos aspectos a nortear esse debate.

“Sempre falamos porque morrem não sei quantas pessoas por gripe. Elas vão ser tratadas em hospitais que precisam de qualidade do ar. A gente mede a qualidade do ar pelo PMOC”, diz o presidente da Fenemi.

Membro da Comissão Temática que trata do PMOC no Confea, Carlos Eduardo Trombini apontará o papel da refrigeração para o agronegócio

 

Integrante da Comissão Temática que debate o tema no Confea, o presidente do Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo (Sindratar-SP), eng. mec. Carlos Eduardo Trombini, comenta que o grupo tem trabalhado para criar procedimentos de atuação do engenheiro mecânico nessa fiscalização e controle. “O tema é visto geralmente sob o viés da climatização, mas a refrigeração também entra nesse debate. Se não tiver um bom plano, tira o produto da especificação dele, e a perecividade pode ser afetada. Tem que ter na área de refrigeração industrial. O PMOC é muito abundante. Em todos a atuação do engenheiro mecânico é fundamental”.

O especialista lembra que a refrigeração industrial oferece um apelo grande para a discussão do tema em relação ao agronegócio, o que será objeto de um minicurso que ele fará no Conemi. “Envolve frigoríficos e também processamento e estocagem de alimentos, inclusive, cerveja. No Mato Grosso do Sul,  tem uma aplicação grande em relação às carnes, mas também à secagem de grãos e ao armazenamento de frutas”, diz, ao participar do seu quarto Demi e prestes a conhecer seu primeiro Conemi.

“O Sistema Confea/Crea e Mútua está de parabéns pela iniciativa, pela divulgação das atividades da engenharia mecânica. Ambiente propício para um networking, que aumenta muito o conhecimento. O nível dos palestrantes é altíssimo. O Conemi tem uma procura grande por estudantes, com trabalhos acadêmicos. Acredito que teremos uma boa participação dos estudantes e de profissionais”, comenta Trombini.

Normas internacionais

Marco Aurélio destaca ainda outro momento do evento, a participação da Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado (Ashrae). “Vamos ter a participação do capítulo da Ashrae durante o evento. Vamos botar os estudantes em contato com as melhores normas e práticas do mercado. Ela está para as normas de refrigeração e aquecimento como a ABNT no Brasil”, diz, considerando ainda, como ex-coordenador da Coordenadoria Nacional de Câmaras Especializadas de Engenharia Mecânica do Sistema Confea/Crea, que as discussões da engenharia mecânica estão indo muito bem.

Eng. eltric. e autom., o presidente nacional da Ashare, Tiago Portes, informa que o Conemi será o terceiro evento de que participará junto à Fenemi, depois de dois Demi este ano. “A importância é difundir as nossas atividades no Brasil todo, além do estado de São Paulo. Temos agora grupos de estudantes espalhados no Brasil com o objetivo de trazer essas normas de forma mais natural para o país.  E temos ainda um comitê que faz uma série de atividades para o reconhecimento das atividades femininas no setor”. Comitê que vem estreitando sua atuação com o Confea.


Tiago lembra que a entidade é a referência mundial da regulamentação de refrigeração. “Inclusive para as normas nacionais. O selo do Procel para edificações é baseado nas nossas normas”. Tiago afirma também que as certificações de profissionais estão sendo mais reconhecidas no país. “Isto tende a tornar-se mais fácil. A participação do Sistema Confea/Crea é fundamental para isso. É impraticável difundirmos as melhores práticas da Engenharia, se a gente não tiver o apoio do Sistema Confea/Crea para que somente profissionais habilitados façam as atividades. O Sistema é a maior força da Engenharia para garantir a atuação dos profissionais habilitados. Sem esse apoio, a gente fica sozinho para construir isso com continuidade”.

Importância do evento

O PMOC também será abordado pelo "papa" da área, Francisco Medeiros

 

Considerado por Marco Aurélio “um dos papas do PMOC”, o engenheiro mecânico e conselheiro do Crea-AL Francisco Medeiros, também participante do Demi e do Conemi, informava que promoveu treinamentos para as vigilâncias sanitárias do Mato Grosso do Sul e de Campo Grande sobre o PMOC e de Campo Grande. “No Conemi, vamos promover um treinamento para estudantes de engenharia mecânica sobre procedimentos para a implantação do PMOC. São elementos básicos para ter a atuação. Na universidade, há um conhecimento acadêmico. Aqui os profissionais vivenciam situações práticas. Há um enriquecimento muito grande. São eventos que estão tendo uma importância muito grande para profissionais e estudantes”, diz, lembrando a palestra do engenheiro mecânico Jacques Sherique, no Demi, sobre os procedimentos adotados pelos engenheiros na elaboração de laudos técnicos.


Diretor da Fenemi e professor da Universidade Cândido Mendes e do Instituto Federal Fluminense, o engenheiro mecânico André Luís Vicente de Carvalho mediou essa discussão sobre  laudos de segurança em parques de diversões no Demi. “Nossa fundamentação é a DN 54/1994 em torno de toda uma abordagem de que é o Sistema que regulamenta a fiscalização nos parques, por meio dos engenheiros mecânicos”.

Ele também comentou a discussão a ser desenvolvida no Conemi sobre a NR 12, em torno da segurança de equipamentos industriais e proteção dos operadores, a ser debatida, com a NR 13, em torno da “Segurança na Indústria”, em um minicurso a ser ofertado pelos especialistas Walter Kunzel e Luis Bellé. “Trata do ambiente para aumentar a segurança do operador. Depois de muitos óbitos e mutilações, desde os anos 1980, não se preocupa mais apenas com os equipamentos, mas buscando soluções para que eles não causem danos aos operadores, prevenindo riscos como em plataformas de petróleo, por exemplo”, diz, lembrando que, sempre com a intermediação do engenheiro mecânico, a norma ainda precisa ser aperfeiçoada, após cerca de 15 ajustes ao longo das últimas décadas.

A inspeção em ônibus escolares será o tema da palestra do professor André Carvalho no Conemi

 

Já em sua participação no Conemi, em um minicurso sobre a inspeção em ônibus escolar, André pretende discutir pontos como a normatização pioneira do estado do Mato Grosso do Sul, em relação à experiência do Estado do Rio de Janeiro. “Queremos mostrar o porquê de aqui no Mato Grosso do Sul ter sido aceita a inspeção por engenheiros e empresas acreditadas. Antes, era necessário trazer o veículo à capital. Agora, o engenheiro pode ir lá. Vamos falar sobre quais normas e leis que têm que ser atendidas para emitir esse laudo, verificando itens desde o pneu do veículo até a sinalização, identificação do veículo”, diz,  afirmando que, no Rio de Janeiro, foi abolida a vistoria anual, bastando a declaração de um engenheiro mecânico. “Mas isso não é uma grande novidade. Há 10 anos, a ANTT aceitava isso. Depois, é que veio essa orientação, que exige que a emissão desse documento seja feita pelos estados e municípios”.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea