Antonio Carlos de Aragão

Engenheiro Civil pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1982

Nascimento: Campina Grande (PB), 3 de novembro de 1960

Falecimento: João Pessoa (PB), 14 de agosto de 2021


Em um sábado pela manhã de agosto de 2021, o Sistema Confea/Crea e Mútua foi abalado pela morte do presidente do Crea-PB em segundo mandato, engenheiro civil Antonio Carlos de Aragão, aos 60 anos. Enquanto tratava um câncer de rins, descoberto um ano antes, Aragão sofreu falência múltipla de órgãos após uma pneumonia. A dor da família, dos funcionários e dos conselheiros mais próximos do Crea-PB foi estendida ainda a outros representantes do Sistema.

Filho mais velho do procurador e professor universitário Afrânio de Aragão e da professora de Letras Maria do Socorro Silva de Aragão, ambos aposentados, Antonio viveu em Campina Grande até os 14 anos, quando passou um ano em uma high school no Colorado, Estados Unidos. 

“Ao voltar, passou a viver em João Pessoa, já dando aulas de inglês durante sete anos. Era o professor Tony. Depois de ingressar na Engenharia, chegou a fazer vestibular para Matemática. Mas não deu para conciliar: seu sonho sempre foi Engenharia”, descreve o irmão André Luiz de Aragão, advogado e administrador de empresas.

Como referências, dois professores e amigos: Waldez Borges Soares (professor de materiais) e Antonio Nereu Cavalcanti Filho (cálculo estrutural). “Logo, fez estágio em grandes construtoras como a Enarq e se tornou sócio em algumas construtoras com colegas de faculdade”, acrescenta André.

Já seu outro irmão, o médico e professor Augusto José de Aragão, ressalta que Antonio lutava pela valorização da classe. “Tudo o que ele se propôs a fazer, ele fez. Gostou muito da unificação dos procedimentos do Mercosul, da informatização do Crea, em que ele estava ajudando”, diz, lembrando a parceria com a ex-presidente do Crea-PB, eng. agr. Giucélia Figueiredo. “Ela confiava muito nele”. 

Quando de sua primeira eleição, Aragão viajou todo o estado, segundo lembra André. “Ganhou por uma boa margem. Onde ele entrava, era de corpo e alma”.

Emocionada, dona Socorro Aragão reforça que o filho era “muito lutador” e merece a homenagem do Sistema. “Ficamos muito honrados. Em toda a vida, ele foi muito estudioso, como os outros irmãos, e vivia a Engenharia de corpo e alma. Era muito responsável e quando assumia uma coisa ia a fundo”, diz, lembrando que Aragão era ministro da Eucaristia da paróquia de Nossa Senhora de Lourdes.

A família ressalta ainda o apreço pelas viagens, inclusive ao lado dos pais. “Ele sempre viajou muito. Levou meus pais a Israel ainda durante a pandemia”, diz André, que também destaca seu gosto por outros esportes. “Nos Estados Unidos, ele fez curso de natação, depois se interessou pelo ciclismo e chegou a ser sócio de uma academia. Também fazia corrida de rua, em maratonas. Ele ainda velejava e era diretor de vela do Iate Clube da Paraíba”, conta.

Ao destacar sua dedicação no dia a dia do Sistema, inclusive em diversas ações parlamentares, o presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, lembrou sua defesa da ética e lamentou a despedida precoce. “É um momento de muita tristeza para todo o Sistema. Perdemos um grande companheiro, um profissional e dirigente dos mais queridos e atuantes. Aragão era um gestor dos mais competentes, voz bastante presente em todos os nossos passos. Colaborou intensamente para as conquistas recentes que temos obtido, além de ter sido um amigo pessoal com quem sempre contei, mesmo antes da minha primeira eleição para estar à frente do Confea”, disse à época.

No Crea, Aragão havia desempenhado funções como a de superintendente geral, nas gestões da engenheira agrônoma Giucélia Figueiredo, que assim se manifestou ao Confea no dia da morte do amigo. “Ele teve uma atuação profissional intrínseca com o setor produtivo do estado da Paraíba. Caracterizada pelo profissional que sempre pautou sua trajetória na ética, competência e com um profundo senso de responsabilidade social. A história do Crea-PB passa pela contribuição do engenheiro e do ser humano Antonio Aragão, que ficará eternamente na memória da instituição, de todos os profissionais paraibanos e de todas as lideranças do Sistema”.

Em depoimento para esta homenagem, a coordenadora nacional das Comissões de Ética dos Creas (CNCE), eng. civ. Carmem Eleonôra Amorim Soares, lembrou que foi apresentada a Aragão pelo presidente do Clube de Engenharia da Paraíba, William Velozo, no início da década de 1980. “Como presidente do Crea, Aragão me convidou para coordenar o 10º Congresso Estadual de Profissionais e fez um movimento muito grande para eu voltar para o Sistema. Voltei como coordenadora da CNCE. Era leal, reconhecia o trabalho e valorizava os amigos”, descreve.

Como gestor, continua Carmem Eleonôra, “era empreendedor e tinha uma visão tecnológica das coisas, gostava muito de inovação. Trouxe sua visão empresarial para o Crea, desde quando era superintendente”, diz, descrevendo sua aproximação quando era gerente de Relacionamentos Institucionais do Confea, o trabalho conjunto para a elaboração do novo Código de Ética do Sistema, em 2002, e do Código de Ética da Comissão de Integração da Agrimensura, Agronomia, Arquitetura, Geologia e Engenharia no Mercosul (Ciam).

A contribuição para o modelo de informatização de acesso dos profissionais aos serviços dos Creas, a competência técnica enquanto engenheiro e a retidão ética, profissional e individual, são destacadas pelo engenheiro civil e professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Paulo Alysson Brilhante Faheina de Souza. Primo de Aragão, ele sempre acompanhou sua trajetória, chegando a participar de algumas viagens com a família. 

“Aragão era uma referência e ele se tornou o melhor engenheiro civil que conheci, inclusive após meu doutorado. Conhecia profundamente a engenharia civil, era criterioso em todo tipo de obra. E tinha uma ética não apenas profissional, mas ligada aos preceitos cristãos que o acompanhavam”, diz, comentando a facilidade em se comunicar em qualquer país e que Aragão acompanhou a obra de uma capela com técnicas do estilo barroco, que Alysson está construindo em sua chácara, em Natal. “Será dedicada a ele. Pela amizade que ele sempre teve com toda a família, sendo inclusive padrinho do meu filho mais velho”.


Trajetória profissional
Professor da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa (1977-1982); Estagiário na Empresa de Engenharia e Arquitetura – Enarq (1981); Assessor técnico da Secretaria de Administração do governo da Paraíba (1981-1986); Gerente de Engenharia e presidente da Comissão de Licitação da Fundação Social do Trabalho – Funsat; Diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil da Paraíba – Sinduscon-PB; Conselheiro suplente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba – FIEP; Diretor do Clube de Engenharia da Paraíba; Diretor da Associação Brasileira de Engenheiros Civis – Abenc; Presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis/PB – Abenc-PB; Conselheiro do Conselho de Proteção Ambiental da Paraíba – Copan; Primeiro diretor regional da Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea-PB; No Crea-PB, conselheiro (1993-1996, 1996-1998, 2007-2008 e 2009-2011),  vice-presidente (2011), superintendente-geral (2012-2017), presidente (2018-2020 e 2021); No Confea, coordenador nacional das Câmaras Especializadas de Engenharia Civil (2009) e coordenador do Colégio de Presidentes (2019-2020).