FNE realiza série de seminários para discutir desenvolvimento brasileiro

Brasília, 04 de maio de 2006

As principais condições para o desenvolvimento brasileiro estão sendo discutidas pela Federação Nacional do Engenheiros (FNE) numa série de seminários, que teve a segunda versão realizada hoje, (04/05), em Brasília, no auditório do Confea. Os seminários são eventos preparatórios para o VI Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), que acontecerá em setembro na cidade de São Paulo.

A abertura do evento da capital federal que discutiu o tema Ciência, Tecnologia e Engenharia, foi feita pelos presidentes da FNE e do Confea, engs. Murilo Celso de Campos Pinheiro e Marcos Túlio de Melo.

Murilo Celso destacou que as duas entidades são parceiras para ajudar no desenvolvimento do país. Na avaliação dele, duas das condições essenciais para o Brasil retomar o desenvolvimento são a queda da taxa de juros, e a abertura de oportunidades de financiamento para a pequena e média indústria.

Segundo o engenheiro, a FNE defende um programa de governo centrado nos seguintes pontos fundamentais: infra-estrutura, transporte, energia, ciência, tecnologia e engenharia. Ele disse ainda que o documento final dessa série de debates será entregue aos candidatos à presidência do Brasil nas próximas eleições, objetivando contribuir para os programas de governo.

Marcos Túlio de Melo deu boas vindas aos participantes do seminário e destacou a importância do trabalho conjunto de todas as entidades que compõem o Sistema Profissional da área tecnológica brasileira. “A democracia permite isso na busca de um resultado comum que é o desenvolvimento do país”, disse reforçando as palavras do presidente da FNE.

O presidente do Confea ressaltou que o projeto de país precisa resgatar a palavra soberania e que isso só é possível com ciência, tecnologia e engenharia. Ele lembrou que nos anos 60 e 70 houve muito incentivo aos Institutos de Pesquisa Tecnológica. “Porém, de lá pra cá houve um esvaziamento e desestruturação deste setor, que é vital para o desenvolvimento do país”, disse.

Para exemplificar essa afirmação Marcos Túlio lembrou do risco que corre de ser deixada de lado a proposta de modelo de TV digital brasileira, resultante de todo um trabalho desenvolvido pelo consócio de centros de pesquisas brasileiros, frente à tendência do governo de optar pelo padrão japonês.

Marcos Túlio defendeu uma linha de ação para os profissionais do Sistema Confea/Crea que vá muito além do discurso e que tenha o poder de alavancar a área tecnológica para uma contribuição efetiva ao desenvolvimento. “O Brasil precisa de um novo rumo e isso é urgente, é para o presente”, disse.

Palestras – Política Trabalhista Sindical e Organização Profissional foram os temas das palestras que deram seqüência ao evento após abertura. A primeira foi desenvolvida pelo consultor sindical João Guilherme Vargas Neto que falou sobre a nacionalização dos recursos naturais da Bolívia, a greve de fome do pré-candidato à presidência da República, pelo PMDB, Anthony Garotinho, sobre as próximas eleições, o superávit brasileiro, fez uma reflexão sobre o 1º de maio, discorreu sobre as regras de reconhecimento das representatividades sindicais e reafirmou sobre a necessidade de reafirmação da posição das profissões regulamentadas.

Com relação à medida tomada pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, de nacionalização do gás boliviano, João Vargas Neto criticou a histeria e a desinformação da mídia, ressaltou que a Bolívia tem direito a tentar proteger suas reservas e que o Brasil tem direito a que os acordos feitos sejam cumpridos. Para ele, a situação é delicada e merece muita cautela, sem julgamentos precipitados. “No meu entendimento nós brasileiros temos que ter bom senso. Não podemos ir atrás de complicar uma situação que já é complicada. É um grande momento para o Brasil passar a idéia de que não tem a mínima vocação para imperialista, que não fazemos o jogo norte americano”, disse.

Sobre a greve de Anthony Garotinho, o consultor disse que a “tragédia” não é a greve em si, mas o que a motiva, referindo-se a solicitação, pelo grevista, de que as eleições brasileiras tenham supervisão internacional. “Temos now how em eleições, invejado até pelos norte-americanos, quem viria nos supervisionar e para quê?”, questionou.

Entre outras contribuições para o Seminário, o consultor deixou uma conclamação para que a categoria de engenheiros reafirme sua condição de profissão regulamentada em Lei e sua condição de profissão inseparável do processo produtivo e do desenvolvimento do país.

Organização Profissional – o assessor da presidência do Confea, eng. eletricista Luis Corrêa Soares, disse que o Sistema Confea/Crea hoje está voltado para a defesa dos interesses sociais e humanos relacionados aos empreendimentos profissionais, focado nos compromissos ético, social e político.

Corrêa Soares fez uma retrospectiva das realizações das Semanas Oficiais da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (SOEAAs) e dos Congressos Nacionais de Profissionais (CNPs).

Definiu estes eventos como os espaços maior de debate sobre as questões nacionais afetas à área tecnológica. E ressaltou que a 63ª SOEEA, que acontecerá este ano, no mês de agosto, na cidade de Maceió, trará muitas novidades e avanços, reforçando essa característica de espaço de debate e de proposições, como também dando maior visibilidade ao Sistema Profissional.

Bety Rita Ramos
Da equipe da ACOM