Theodoro Fernandes Sampaio

Perfil

 “Exemplo  de superação” para estudiosos como Ademir Pereira dos Santos, doutor em Arquitetura e Urbanismo, autor do livro “Theodoro Sampaio – Nos Sertões e nas Cidades” (2011),  Theodoro Fernandes Sampaio nasceu no Engenho Canabrava, pertencente ao visconde de Aramaré, hoje localizado no município baiano de Teodoro Sampaio (BA). Filho da escrava Domingas da Paixão do Carmo e do engenheiro Antonio da Costa Pinto, segundo alguns historiadores, ou do padre Manuel Fernandes Sampaio, segundo outros, o menino foi tirado da mãe aos quatro anos e levado para cidade de Santo Amaro (BA), para iniciar os estudos, concluídos no Rio de Janeiro. Alguns historiadores informam que Theodoro teria sido alforriado pelo pai, durante o batismo, outros que por ser filho de branco, nunca foi escravo.  Depois de formado, voltou à Bahia, comprou as cartas de alforria dos irmãos  Martinho, Ezequiel e Matias.

Para além da filiação e da cor da pele, Theodoro dedicou-se “com afinco a questões-chave da construção do Brasil como país mestiço, estudando a importância da língua e da cultura tupi”, por exemplo.

Dono de mente e memória prodigiosas, Theodoro Fernandes Sampaio, antes mesmo de entrar para a faculdade de Engenharia  Civil, já dava aulas de  Matemática, Filosofia, História, Geografia e Latim. Depois de formado, atuou  também como engenheiro sanitarista, arquiteto e urbanista, geógrafo, geólogo, topógrafo, historiador, literato e  antropólogo.

Com exceção da meteorologia agregada décadas depois, e da criação do Conselho dos Arquitetos e Urbanistas, Theodoro, dono de notórios saberes, poderia ter registro das profissões reunidas pelo Sistema Confea/Crea.

Dotado ainda de espírito empreendedor, constituiu empresas para executar as grandes obras que  projetou, como a rede de água e coleta de esgoto de Salvador (BA).  

Visionário, suas ideias fascinavam. Ele propunha ligar o Mato Grosso ao porto de Santos pelo rio Paranapanema. “Seu texto aliava erudição à objetividade que se espera de um engenheiro”, atesta o professor Ademir.

Durante 60 anos, entre 1877 a 1837, Theodoro trabalhou como engenheiro, escreveu artigos e livros relacionados à Engenharia, Geografia, Etnologia e História, especialmente dos estados de  São Paulo e Bahia.

Raro exemplo de ascendência escrava, presidiu aquele que é conhecido como o marco do movimento negro no Brasil, o 2º Congresso Afro-Brasileiro, realizado em 1937, no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Do encontro, a proposta de criação de uma entidade para reunir os terreiros baianos fez surgir a União das Seitas Afro-brasileiras da Bahia.

Da vasta bibliografia deixada, destacam-se as observações feitas sobre a contribuição das bandeiras paulistas na formação do território nacional, entre outros temas como os estudos sobre diversos rios, pinturas rupestres em sítios arqueológicos. Amigo de Euclides da Cunha, suas observações da Chapada Diamantina ajudaram o autor de  “Os Sertões”.  

Reconhecido em vida - como um dos grandes pensadores do seu tempo, e como político, foi eleito deputado federal -, e também pós-morte, Theodoro empresta seu nome para  uma das ruas mais famosas da capital de São Paulo, a Teodoro Sampaio, e também para duas cidades, uma paulista e outra baiana.

Casado por três vezes, teve onze filhos.

 

 

Atividades Exercidas

– Desenhista do Museu Nacional do Rio de Janeiro - 1871;

– Estudou e projetou melhoramentos para os portos de Santos (SP), e do Rio de Janeiro (RJ) -1879;  

– Realizou o prolongamento da linha férrea de Salvador ao rio São Francisco -1882;

– Realizou o levantamento para a Carta Geológica de São Paulo - 1886;

– Autor da Planta Cadastral da cidade de Salvador (BA) - 1905;

– Autor do plano de instalação, ampliação e modernização das redes de água e esgoto de Salvador (BA) - 1905;

– Projetou os prédios do Hospital Santa Isabel, em Salvador (BA) - 1905.

Cargos Ocupados

– Integrante da Comissão Hidráulica do Império, nomeada pelo imperador D. Pedro II para estudar os portos e a navegação no interior do país, sendo o único engenheiro brasileiro entre americanos - 1879;

– Engenheiro-chefe da Comissão de Desobstrução do rio São Francisco - 1883; 

– Engenheiro-chefe da Companhia Cantareira e Viação Fluminense (RJ), criada com a fusão da Companhia das Barcas Ferry com a Empresa de Obras Públicas do Brasil, que passou a explorar o abastecimento de água de Niterói, o serviço de bondes na mesma cidade (tração animal) e a navegação a vapor entre o Rio de Janeiro e a capital fluminense - 1890;

– Inspetor da empresa canadense The São Paulo Tramway Light and Power Company - 1892–1903;

– Diretor e Engenheiro-Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo - 1898 - 1903;

– Presidente do  Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (BA) - 1898 – 1922;

– Presidente do V Congresso Brasileiro de Geografia - 1912;

– Autor do Plano para a Cidade da Luz, atual bairro da Pituba, em Salvador (BA) - 1919;

– Deputado federal - 1927.

Feitos Relevantes

– Responsável pela publicação de artigo sobre seus estudos e projetos de melhoramentos para os portos de Santos (SP), e do Rio de Janeiro (RJ), publicado pela Revista de Engenharia - 1879;

– Idealizador da criação da Escola Politécnica de São Paulo (SP), ao lado do também engenheiro Francisco Sales de Oliveira - 1893;

– Foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (SP) - 1894;

– Fundador e membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (BA) - 1898; 

– Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - 1902;

– Autor do livro “O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina”, resultado de seus estudos nos sertões baianos durante os primeiros nove anos de sua vida profissional - 1905;

– Escreveu os seguintes livros: “O tupi na geografia nacional“; “Os kraôs do rio Preto no Estado da Bahia - Vocabulário e Carta Etnográfica”;“Atlas dos Estados Unidos do Brasil”; “Contribuição para a história da catequese e civilização dos Índios do Brasil” e “Dicionário histórico, geográfico e etnográfico do Brasil”, entre outros - 1901-1922;

– “O Estado da Bahia: agricultura, criação de gado, indústria e comércio” (1925), artigo publicado.