Jorge Silva Bettencourt

Geólogo pela Universidade de São Paulo (USP), em 1961; Doutor em Geociências pela USP, em 1972; Pós-Doutor pela Université Pierre et Marie Curie, LISE / CNRS, França; pelo Bureau des Recherches Geologiques et Minières, BRGM, França, e pelo Institute National Polytechnique de Lorraine, INPL, França, em 1975; Livre-docente pela USP, em 1992.


Nascimento: Mindelo, Ilha de São Vicente, República de Cabo Verde, 3 de agosto de 1930
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP)

 

Perfil

Do arquipélago cantado por Cesária Évora, Bana e Mário Lúcio, de onde veio com 26 anos, o geólogo Jorge Silva Bettencourt trouxe sua cultura e uma experiência profissional que garantiu seu primeiro emprego no país, como ajudante de meteorologista no aeroporto de Congonhas. “Optei por refazer o terceiro científico, porque algumas disciplinas obviamente não constavam do currículo de Cabo Verde”. Filho de engenheiro de Minas, considera que “a gente herda alguma coisa”.

Do tradicional Colégio Roosevelt, chegou à segunda turma do curso de Geologia da USP. Teria referências como Moacir Coutinho (Petrologia), Reinhold Ellert (Geologia Econômica) e Geraldo Melcher (Pesquisa e Prospecção Mineral, seu orientador no doutorado), lembrados e participantes do grupo Figueira da Glete, que integra os amigos do Instituto de Geociências (IGc) da USP. “Fiquei mais de 50 anos sem voltar a Cabo Verde”, conta, ainda com sotaque, lembrando o “regozijo” de acompanhar a independência de seu país, em 1975. “Nada como uma comunidade passar a gerir seus próprios destinos”. Desde então, voltou poucas vezes, a última em 2011. “Gostaria de ir mais”.  De preferência, com os três filhos, a esposa, a finlandesa Evva Helena Faarnio Bettencourt, os três irmãos de Cabo Verde e os outros quatro que vivem em Portugal.

Por décadas, as pesquisas e atividades de campo conviveram com o universo acadêmico até em cursos de extensão na Inglaterra. Assim, ampliou sua vasta experiência em exploração mineral, como geólogo e consultor, até se tornar referência nos estudos de Geologia Econômica e Metalogenia, entre centenas de publicações, entre artigos, livros, capítulos e trabalhos em anais de congressos, resumos expandidos e produções técnicas. Produtividade que o tornou um “ausente contumaz” do convívio familiar, característica que atribuiu aos geólogos e engenheiros de minas em geral.

"A produção é necessária, se não você não sobe na carreira. Tanto quanto os serviços de extensão e administrativos, as aulas e as pesquisas”, comenta o Membro Titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo - Aciesp, desde 2012.

As andanças renderam prêmios e títulos, com destaque: 1000 World Leaders of Scientific Influence, do American Biographical Institute; Barlow Memorial Award, do Canadian Institute of Mining Metallurgy and Petroleum (CIM), e Medalha de Ouro José Bonifácio de Andrade e Silva, da Sociedade Brasileira de Geologia. Foi ainda homenageado por duas décadas nos cursos de Geologia da Unesp e da USP, após orientar, direta ou indiretamente, dezenas de trabalhos de graduação, mestrado e doutorado. Desde 2015, denomina um prêmio do IGc.

"Convivi e aprendi muito com dezenas de engenheiros. O mérito também deve ser atribuído a eles. É um reconhecimento também à Geologia."

Conquistou mais: conhecer o potencial econômico, energético e humano do país. “Guardo uma visão geral do Brasil. Da sua disparidade social e humana. Geólogo anda por todo canto. Tive e tenho essa felicidade”. “Regozijo”  também é seu sentimento em relação à homenagem do Sistema Confea/Crea. “É um regozijo ter isso de uma entidade que lida com engenheiros e geólogos. Convivi e aprendi muito com dezenas de engenheiros. O mérito também deve ser atribuído a eles. É um reconhecimento também à Geologia. Por isso, fiquei muito feliz”.


Trajetória Profissional
Geólogo da Companhia Siderúrgica Paulista – Cosipa (1961-1967); Professor colaborador (1966-1974; 1986-1992), professor titular (1993-2000), professor colaborador sênior (2000-2013) e professor emérito (2013-atual) da Universidade de São Paulo – USP ; Geólogo da Geologia e Técnica de Mineração Ltda – Geotemi (1967-1969); Geólogo da Projetos Técnicos e Engenharia – Protec (1969-1972); Pesquisador, atividades de extensão, professor de graduação e pós-graduação e membro de colegiados superiores e de comissões no Departamento de Geologia Econômica e Geofísica Aplicada do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista – Unesp Rio Claro (1973-1981; 1986-1995); Gerente de Exploração da Indústria Votorantim S.A. (1977-1980); Gerente de Exploração e Assessor da Diretoria das Empresas   Brumadinho (1980-1988);  Geólogo e pesquisador da Companhia de Mineração e Participações (1986-1991);  Consultor das companhias Alternativa S.A. (1987-1991); Indústrias Votorantim, Cimento Portland Itaú, Cimento Santa Rita e Companhia de Cimento Atol (1987-1992); Consultor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (1990-1991); Responsável pela montagem do Laboratório de Isótopos Estáveis no IG-USP (1995-2000); Pesquisador da Companhia Ebesa S.A. (1993-1994); Geólogo da Companhia de Mineração Novo Astro (1993-1994); Consultor científico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp (1995-atual); Consultor da Fábrica Nacional de Cimento Portland Perus Ltda. (1997-1998); Consultor da Camargo Correia S.A.(1997-1998); Consultor da Bunge Fertilizantes S.A.(1999-2010); Geólogo da Votorantim Novos Negócios S.A. (2007-2013); Geólogo da Vale Fosfatado S.A. e da Vale Fertilizantes S.A. (2010-2013).