Mariangela Hungria da Cunha

Agrônoma pela Universidade de São Paulo (USP) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em 1979; Mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela USP – Esalq, em 1981; Doutora em Agronomia - Ciência do Solo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em 1985; Pós-doutora em Microbiologia do Solo pela Cornell University, em 1989; Pós-doutora  em Sinalização Molecular Plantas-Microrganismos, pela University of California-Davis, em 1991; Pós-doutora em Genética de Microrganismos pela Universidade de Sevilla, em 1998.

Nascimento: São Paulo - SP, 6 de fevereiro de 1958
Indicação:  Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR)


Perfil
Desde pequena, a afinidade com a terra, a curiosidade e a dedicação já sinalizavam que Mariangela Hungria da Cunha seguiria os caminhos da pesquisa. Essa certeza se confirmou quando a avó, que também era professora de Ciências e uma grande incentivadora em experimentos no quintal, a presenteou com o livro ‘Caçadores de Micróbios’, com as histórias dos grandes microbiologistas. Naquele momento, ela teve certeza sobre qual profissão seguiria. Assim a Agronomia foi agraciada com uma profissional que teria projeção internacional e marcaria história na ciência brasileira. 

A agrônoma relembra com humor a reação das pessoas quando ouviam que a primeira aluna da classe não optaria pela Medicina e, sim, pela Agronomia como profissão. E assim ela foi trilhando sua carreira fazendo a graduação e o mestrado, na Esalq/USP de Piracicaba, doutorado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e o pós-doutorado nos Estados Unidos, entre tantas outras vivências fora do Brasil.

Desde 1982, Mariangela desenvolve pesquisas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e é professora dos Programas de Pós-Graduação em Microbiologia e Biotecnologia da Universidade Estadual de Londrina e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, onde já orientou mais de 70 mestrandos e doutorandos e mais de 130 orientações de outra natureza. Além disso, a pesquisadora tem mais de 700 trabalhos publicados (livros, capítulos de livros, publicações técnicas) e já lançou mais de 20 tipos de tecnologia para as culturas do feijoeiro, da soja, do milho, do trigo e de pastagens de braquiárias.

A cientista elegeu como linha de pesquisa a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), em que bactérias presentes na natureza são selecionadas para fornecer o nitrogênio necessário para diversas culturas. Esta tecnologia dispensa a utilização de fertilizantes nitrogenados, produtos que além de aumentar os custos de produção, podem ser prejudiciais ao meio ambiente. Só na soja isso representa economia de R$ 13 bilhões por ano.

“Sou muito orgulhosa por estudar algo que contribui para a produção nacional, mas ao mesmo tempo é muito sustentável”, celebra a pesquisadora.

Mãe de duas mulheres, Ana Carolina e Marcela, ela relembra que em sua época de universidade havia poucas estudantes na área da Engenharia e comemora ao ver a participação feminina em ascendência na profissão. Mariangela foi a primeira mulher presidente da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) entre os anos de 2001 e 2003.   

A pesquisadora se diz realizada por ter escolhido a Agronomia e o Paraná pela paixão e vontade de trabalhar na área: “Hoje o Paraná é líder nessa área de pesquisa e temos aqui a maior massa crítica na biotecnologia para a agricultura".

"Vamos continuar trabalhando por um Brasil mais ecológico, mais sustentável e melhor na agricultura”.

Em 2018, a biografia dessa agrônoma contará com mais um reconhecimento por meio da Medalha do Mérito, em que o Sistema Confea/Crea e Mutua homenageia os profissionais que contribuíram para o desenvolvimento do país e da profissão.
 

Trajetória Profissional
Pesquisadora da Embrapa (1982  até a data atual); Pesquisadora do CNPq  (1992, nível 1A desde 1998  até a data atual); Representante da área ambiental e do solo da Sociedade Brasileira de Microbiologia por 20 anos (1994-2014); Consultora da Fundação Bill & Melinda Gates para projetos de fixação biológica do nitrogênio na África (projetos N2Africa e Human Capacity Building), bem como de projetos com a Argentina, México e Peru e tem projetos em colaboração com a Espanha, Austrália e França (2000 até o presente momento); Presidente da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (2001- 2003); Representante brasileira na rede de biofertilizantes Ibero-Americana Biofag e Agromicróbios (2003 até o presente momento); Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (desde 2008); Recebeu o título de Comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República pela contribuição na área de Ciências Agrárias (2008); Foi agraciada com troféu Mulheres de Ciência do Paraná Glaci Zancan (2010); Vice-presidente e presidente da Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola - Relare (2010-2016); Recebeu o Prêmio Claudia Categoria Ciências (2015).