A necessidade do aparelhamento competente do Estado

Recife, 21 de janeiro de 2011.

As cidades brasileiras estão abandonadas no que se referem as suas expansões. Estão extrapolando todos os controles urbanos institucionais.

De um lado o setor imobiliário satura os espaços com a verticalização, supervalorizando os preços dos imóveis, visando sempre à obtenção máxima de lucros, ampliando a especulação imobiliária, sem, contudo, permitir ao Estado a provisão lógica e consequente da infraestrutura de serviços públicos.

Do outro lado, a população pobre, na periferia, totalmente desassistida, ocupando irregularmente o resto das áreas urbanas disponíveis, incluindo aí, os locais de alto risco geológico, de inundação e de preservação ambiental.

Não há planejamento que resolva este caos urbano se o poder público não for devidamente aparelhado de forma institucional e competente, por agir com o rigor da lei e controlar estas forças indutoras da desordem urbana.

Há que se fazer valer o Estatuto das Cidades;

Há que se fazer valer os Direitos Constitucionais do Cidadão para viver no seu espaço urbano com dignidade, bem estar e segurança;

Há que se reconstruir um Estado forte, promotor da justiça e do bem estar social capaz de agir em benefício direto para a população, em todos os aspectos;

Não devemos abrir mão destas prerrogativas de cidadania. Não é o mercado, nem o ideário liberal - burguês que vai resolver este problema.

Penso que somente a sociedade civil organizada nos seus mais diversos seguimentos, juntos, de modo coletivo e determinado, poderá construir em conjunto com o Governo os modelos e as estruturas sociais para as nossas cidades, embasadas nos princípios da cooperação, coletivismo e solidariedade.

José Mário Cavalcanti
Presidente do Crea-PE