Ruy Hülse

A trajetória do engenheiro de minas Ruy Hülse se estende muito além da política e da atuação à frente do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc), sob sua presidência desde 1998. O ex-prefeito de Criciúma (SC) também dedica boa parte de sua vida às faculdades, cursos técnicos e iniciativas sociais da Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina (Satc). 

E claro, suas atenções foram compartilhadas ainda com a família, constituída junto à gaúcha Maria de Lourdes Candiota Hülse, falecida no ano passado: a advogada Lilian, o engenheiro civil Sérgio e o engenheiro sanitarista Heriberto Hülse Neto, falecido há dois anos, além de seis netos e um bisneto, João Pedro. E se voltam ainda para o time de futebol que leva o nome da cidade-natal, e cujo estádio homenageia seu pai, o ex-governador do Estado, Heriberto Hülse. “Vou aos jogos sempre que posso. Os outros, vejo pela televisão”, revela.

Além do amor ao Criciúma Esporte Clube, Ruy reconhece que herdou do pai o “vírus da política”. Ruy elegeu-se deputado estadual por três mandatos, de 1954 a 1965, quando, ainda pela União Democrática Nacional (UDN), elegeu-se prefeito de Criciúma. “O deputado é vetado de apresentar projetos de lei que oneram o tesouro. Mesmo assim, me bati pela criação do município de Ibituba, desmembrado de Laguna, e pela continuação do asfaltamento da BR-101, que havia parado em Torres”. 

Já na gestão municipal, Ruy Hülse destacou o ordenamento financeiro e funcional, a ampliação da rede de ensino e a criação da Fundação Educacional de Criciúma (Fucri), em 1968, atual Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc).

Já formado, dedicou-se à mineração no subsolo, “para conhecer a profissão na plenitude”.  A área fora escolhida por influência do pai, que atuava como guarda-livros da organização Lage.  “Na minha época, era totalmente braçal. Hoje, é toda mecanizada, com profissionais especializados que operam máquinas por comando remoto. Desde pequeno, havia esse vínculo com o setor carbonífero. Depois de dois anos, fui para a superfície, como gerente na Companhia Brasileira Carbonífera de Araranguá, fundada pelo engenheiro carioca Paulo de Frontin”. 

A atuação como engenheiro, interrompida pelos mandatos políticos, seria retomada como diretor industrial  e diretor comercial de indústrias cerâmicas da região. “Nessa área, pude lidar com os dois lados da relação com o mercado, como administrador e desenvolvendo produtos”.

Se a crise energética vivenciada pelo país vem ajudando a desmistificar a contribuição das termoelétricas, a visão do engenheiro de minas para o setor em que atua por grande parte da sua vida profissional só poderia apontar para outro enfoque: as termoelétricas têm as funções complementares às hidrelétricas e aos crescentes investimentos em energias eólicas e fotovoltaicas.

 “O carvão mineral é uma fonte de energia que pode ser armazenada, ao contrário da eólica e da fotovoltaica, que são intermitentes. Ela complementa as demais no sistema interligado nacional. Na matriz energética brasileira, o carvão, que é a fonte mais barata, participa com 1,6%, enquanto, nos Estados Unidos, são 38%. Há um estigma contra o carvão, enquanto as grandes emissões de CO2 vêm do desmatamento da Amazônia e da frota de veículos”, comenta.

Para Ruy Hülse, as usinas que compõem o sistema termoelétrico brasileiro, hoje, estão suprindo a demanda porque o país não está crescendo. “No entanto”, considera, “se começar a crescer 4% ao ano, vai precisar implantar mais usinas, não só hidrelétricas, como térmicas”.  O cenário para 2016 é de que o setor carbonífero continue recebendo compras adicionais significativas, segundo o “Dr. Ruy”, como é conhecido em Santa Catarina.

Paralelamente, o setor tem se preocupado em “recuperar, junto à União, o passivo ambiental gerado no passado, em consequência das demandas decorrentes da Segunda Guerra Mundial e da Crise do Petróleo, enfrentando um custo de 100 mil reais por hectare”, diz, informando que há ainda pelo menos cinco mil hectares a serem recuperados.

“A homenagem do Sistema Confea/Crea e Mútua é gratificante, o reconhecimento de um esforço voltado para a prosperidade, para o bem-estar social”, define.

Por Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea