Valter José Peters

Perfil

 Na década de 1950, Walter Peters – com “W” - trabalhava na roça e conseguiu um financiamento do Banco do Brasil para custear sua plantação de arroz. Foi assim que conheceu Loreno Covolo, à época engenheiro agrônomo do Banco do Brasil, que ia a pequenos municípios como Formigueiro, no Rio Grande do Sul, para avaliar os projetos em que o Banco investia. O engenheiro criou um vínculo de amizade com a família Peters: almoçava, visitava e um dia perguntou para um dos filhos do casal – o Valter com “V” – o que ele queria ser quando crescesse: “eu quero ser engenheiro agrônomo!”, disse a criança de nove anos, que desde os quatro já sabia capinar e limpar pé de mandioca com enxada. Loreno respondeu: “então você vai trabalhar comigo”. Foi com o agrônomo do Banco que Valter Peters viu pela primeira vez um teodolito – instrumento que agrimensores utilizam para medir terrenos. “Ele abriu o tripé bem baixinho para eu conseguir olhar a lupa, e eu achei o máximo – desde aquele episódio nunca mais pensei em fazer outra coisa na vida”. Cerca de dez anos depois, Loreno Covolo* foi professor de Valter na Universidade Federal de Santa Maria.

Pouco antes de completar dez anos de formado, Valter iniciou seus trabalhos na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Era o início dos anos 1980, e a Embrapa o enviou a Mato Grosso para trabalhar com pesquisa em sementes, em um projeto que seria financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os recursos do BID não saíram e Valter teve que se valer de criatividade e jogo de cintura para não deixar o projeto cair. Aproximou-se dos produtores da região e deu início a contratos de cooperação – os produtores forneciam a estrutura – os locais de plantação - e os pesquisadores contribuíam com tecnologia e conhecimento. Esse foi o primeiro caso na região do que hoje se chama parceria público-privada.

“Eu trazia as sementes geneticamente melhoradas, multiplicava-as e depois orientávamos os produtores a plantá-las e a regular os equipamentos da forma apropriada. Sem intenção, acabamos promovendo uma incubadora. Capacitamos técnicos que hoje são os principais gestores de grandes empresas, como a Maggi”, orgulha-se. Esse trabalho rendeu cerca de 20 mil toneladas de sementes de arroz e soja, que eram repassadas aos produtores locais.

Atualmente, Valter trabalha com sementes de caupi, o feijão verde da culinária nordestina. No Nordeste, a cultura é utilizada para consumo próprio. Foi no Maranhão que os pesquisadores da Embrapa descobriram a semente e resolveram levá-la para Mato Grosso, onde há, hoje, 200 mil hectares de caupi plantado. Deu certo: Mato Grosso exporta o feijão verde para China, Índia, Paquistão, Canadá e Austrália. “Só em 2015, exportamos mais de 100 mil toneladas”. 

Valter demonstra orgulho de sua profissão e de sua escolha por se especializar em sementes. “Uma semente é um dos maiores pacotes tecnológicos que existem”, diz com um sotaque gaúcho forte, mesmo depois de 35 anos em Mato Grosso.  Ao lado da esposa, Maria de Lourdes, Valter Peters “cultivou” dois filhos: o Waltinho – com “W” – e o Vitor, este com “V” mesmo.

 

*O Prof. Covolo também foi homenageado com a Láurea ao Mérito do Sistema Confea/Crea, em 2012.

 

Atividades Exercidas

Funcionário da Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná – 1974-1975;

Funcionário do Instituto Agronômico do Paraná, entre 1975-1981.


Cargos Ocupados

Gerente do Serviço de Produção de Sementes Básicas da Embrapa em Rondonópolis, MT - desde 1981 (cargo atual);

Presidente da Comissão Estadual de Sementes e Mudas de Mato Grosso (CESM-MT) - 1988-1994; 1998-2002;

Presidente da Associação dos Agrônomos da Grande Rondonópolis (Aeagro) – 1991-1992;

Conselheiro regional do Crea-MT – 2007-2009.


Feitos Relevantes

Ajudou a criar a Associação dos Agrônomos da Grande Rondonópolis (Aeagro) – 1985;

Participou da criação da Fundação Mato Grosso - 1990.