Aderaldo Leocádio da Silva

Engenheiro Agrônomo pela Escola de Agronomia do Nordeste (EAN), atual Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1950; Especialista em Botânica e Sistemática pela Universidade Nacional Autónoma do México (1970)

Nascimento: João Pessoa (PB), 27 de julho de 1924 
Falecimento: João Pessoa (PB), 08 de agosto de 1999 
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Paraíba (Crea-PB) 

Para o engenheiro agrônomo Aderaldo Leocádio da Silva, o exercício do acolhimento e da generosidade significava muito. No ensino, na convivência familiar, no dia a dia profissional essas eram características elogiadas por todos. 


Ao lado da dona de casa Olga do Nascimento Silva, constituiu uma família que se estendia além dos sete filhos biológicos, em sequência: Lúcia de Fátima (psicóloga); Francisco Eugênio (psicólogo e contabilista, funcionário do IBGE); Aderaldo Filho (administrador, funcionário do Incra, falecido por Covid-19 em março de 2021); os gêmeos Ernesto Antônio (bacharel em Direito e Educação Física, Oficial de Justiça) e Manoel Ernesto (geógrafo); Maria Ernestina (funcionária da Secretaria de Educação do Estado, também falecida) e Jacinta Maria (empresária). 


Agregador da família após a morte do patriarca, Aderaldo Filho prestaria seu depoimento sobre a homenagem do Sistema Confea/Crea. 


Jacinta Maria descreve que seu pai “era um homem maravilhoso, sereno até mesmo diante do câncer de próstata. Um bom pai, bom marido. Generoso, acolhia muitas pessoas, mesmo sem ser rico. Merece todas as homenagens pela pessoa e pelo legado profissional que deixou”. 


Aderaldo e o irmão, o coronel do Exército Armando Leocádio da Silva, foram criados por uma madrinha, Maria Emília. “Os dois conseguiram vencer. O que ele não teve, ele deu tudo à gente. Participava muito das nossas conversas. Acolheu todos como se fossem irmãos dele. Gostava de comer bem e de tomar um cafezinho com bolo depois do almoço”, acrescenta a filha caçula.


Francisco Eugênio complementa, dizendo que a homenagem do Sistema alegrou toda a família, como símbolo de uma trajetória vencedora. “Era um homem pobre, negro, que perdeu os pais cedo, criado por uma senhora que também não tinha muitas condições, e que chegou a um patamar onde poucos chegam. Além disso, um homem íntegro e que nos ensinava muito sobre a vida. Até hoje quando a gente diz que é filho do professor Aderaldo é um cartão de visitas.  Sabia tratar as pessoas, sem vaidade. Só era exigente na hora de lecionar. Mas atendia alunos até em casa”.


Após o casamento, participou de diversos cursos de aperfeiçoamento. “Iria concluir o mestrado em Botânica, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mas não pôde defender a dissertação”, diz Eugênio. Mesmo assim, contribuiu para a formação em diversas disciplinas e cursos, até chegar a diretor da EAN e a professor do Centro de Ciências Exatas e da Natureza, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, aposentando-se em 1986.  Cidadão de Areia em 1974, voltou a João Pessoa dois anos depois.


“Sempre nos deu muito orgulho. Gostava de ouvir música romântica e dançava muito bem. Era um ‘pé de valsa’. Gostava de caminhar. Era muito religioso. Às sextas-feiras, passava três horas rezando. Ele marcou muito a gente. Estudava muito, lia muito. Meu irmão Aderaldo tinha muito dele em relação ao amor aos livros”, complementa Jacinta, lembrando ainda o apoio dado aos afilhados e agregados da família.


Filha do irmão caçula de Dona Olga, a sobrinha Luciana Cordeiro do Nascimento foi uma das pessoas ajudadas pelo casal. Íntima da família desde sempre, Luciana assumiu o legado profissional do engenheiro agrônomo, tendo no tio o grande estímulo para uma trajetória acadêmica de sucesso, há 17 anos como professora da mesma universidade onde Aderaldo viveu seu apogeu acadêmico.  
“Outra irmã do meu pai, Nyedja do Nascimento Silva, a primeira engenheira agrônoma da Paraíba, apresentou Olga a Aderaldo”, comenta. Aderaldo e Nyedja estudaram algumas disciplinas juntos. “Mas eram de turmas diferentes. E depois se tornaram professores juntos”, conta Luciana.


“Eu o admirava desde a infância e fiz Agronomia por conta dele. Foi meu incentivador só porque eu admirava a Botânica. Sua morte foi uma das maiores perdas da minha vida. Sempre tive vontade de ser igual a ele. Não vou chegar a ser, mas pude ainda falar para ele, antes de ele falecer, que havia passado no doutorado que ele me incentivou a fazer. No departamento em Areia, denomina o laboratório de Botânica e a orquídea Zygostates aderaldoana”, comenta a afilhada, cuja colaboração foi indispensável para esta homenagem. 

Atividades profissionais


Engenheiro Agrônomo responsável pelo Posto de Agropecuária de São João do Cariri/PB (1951); Engenheiro Agrônomo junto ao Centro de Treinamento para Formação de Trabalhadores Rurais, em Barreiros-PE (1951); Professor da Escola Agrotécnica João Coimbra, em Barreiros-PE, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE (1951-1954); Professor Assistente e Professor Catedrático, Chefe de Departamento e Diretor a Escola de Agronomia do Nordeste – EAN (1954-1974); Professor do Departamento de Sistemática e Ecologia do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal da Paraíba – UFPB (1976-1986); Homenageado pelo Clube de Engenharia da Paraíba; Diploma de Honra ao Mérito, concedido pelo Movimento Brasileiro de Alfabetização – Fundação Mobral.