Almir Campos de Almeida Braga

Engenheiro Civil e Mecânico pela Escola de Engenharia do Recife, em 1952.

Nascimento: 12 de janeiro de 1930
Falecimento: 2 de dezembro de 2002
Naturalidade: Recife (PE)
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE)

 

Perfil:

A história do engenheiro civil e mecânico Almir Campos de Almeida Braga foi marcada por pausas impostas pela ditadura. Teve interrompida a carreira de professor universitário no Recife (PE), sendo obrigado a buscar exílio no Uruguai.

O nome do engenheiro figura na lista de docentes que, nas décadas de 1960 e 1970, foram submetidos a inquéritos policiais, demitidos e expatriados, situação que causou prejuízos não somente à vida dos professores, mas também impactou na formação intelectual da população e na pesquisa científica brasileira. 
Almir Braga lecionava Análise Matemática na Escola de Economia da Universidade do Recife. “Ele sabia muita matemática. Era bom e muito estudioso”, relembra Almir Filho que, ainda muito pequeno, suportou com a família os hiatos na trajetória do pai e foi além: decidiu seguir os passos na Engenharia Civil. “31 de março de 1964 foi o dia em que ele foi cassado porque era ligado ao então presidente João Goulart.”

À época, Braga acumulava a presidência do Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco, a função de conselheiro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, a carreira de professor e a direção da Superintendência da Rede Ferroviária do Nordeste, onde se realizava profissionalmente levando infraestrutura para a população.

“Com visão social e nacionalista, dizia que a Engenharia estava para servir a sociedade e que a solução estava nos trilhos”, conta o filho.

Para fugir da repressão da época, deixou a terra natal e seguiu com a esposa Celme de Almeida Braga para o Rio de Janeiro, onde passou dois anos na clandestinidade. Sobrevivia dando aula particular de matemática e física. Os dois filhos foram deixados no Recife. “Ficamos com nossa avó paterna. Só a minha irmã estudava. Eu não podia ir à escola porque tinha o mesmo nome que meu pai”, comenta Braga Filho rememorando os tempos de perseguição. Mas ficar no Rio de Janeiro foi seguro somente até 1966. Em novembro daquele ano, o engenheiro partiu para Montevidéu, no Uruguai. Logo depois, a família foi ao encontro dele. “Lá tivemos acolhimento.” Novamente Braga dava aulas particulares para garantir o sustento da família.

Passados cinco  e ao receber a notícia da doença terminal do pai, o engenheiro decidiu retornar ao Brasil, mesmo sendo aconselhado pelos amigos a se manter no exílio. “Era o ano mais pesado da ditadura, mas ele – que era filho único – dizia que não iria deixar de ver o pai. Voltou direto para o Recife. No dia seguinte, a polícia estava batendo na porta de casa. Prestou depoimento por uma semana. Por sorte, foi deixado em paz depois disso. Foi quando começou a viver.”

Braga tinha expectativa de voltar para a sala de aula. Procurou a universidade, mas sob alegação de que havia abandonado o emprego em 1964, exigiram que fizesse prova para ser readmitido. Sem concordar com a condição, pois defendia que fazia parte do quadro de funcionários, ele requereu aposentadoria. Como alternativa profissional, em 1972 firmou sociedade com a mãe e fundaram a Empreiteira Nacional de Obras no Recife. Esse foi o ganha-pão da família até 1987, quando voltou para o segmento ferroviário, sua grande paixão vocacional. E assim reconstruía a vida, que começou a voltar para os trilhos com a promulgação da Lei da Anistia em 1979.

A afinidade partidária com o governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, rendeu a ele a presidência do metrô do Rio de Janeiro, para onde se mudou no fim dos anos 1980, permanecendo quase 15 anos por lá. Na semana em que celebrava cinco décadas  de formado, uma nova interrupção na trajetória. A caminho do Recife para confraternização dos colegas da turma de 1952, Almir Braga não resistiu a uma doença que o assolava há tempos. A pausa – dessa vez imposta pela vida – foi um chamado ao descanso. 


Trajetória Profissional
Diretor de Águas e Esgoto da antiga empresa de saneamento de Pernambuco (1952-1958); Professor da cadeira de Análise Matemática da Escola de Economia do Recife (1958-1964); Presidente do Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco (1958-1964); Conselheiro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco -  Crea-PE (1958-1964); Diretor-superintendente da Rede Ferroviária do Nordeste – REFFSA  (1958-dez/1960 e set/1961-1964); Cassado pelo golpe militar e exilado político em Montevidéu, Uruguai (1964-1971); Sócio-diretor da sociedade Empreiteira Nacional de Obras em Recife (1972-1987); Diretor de Pessoal da Rede Ferroviária Federal, no Rio de Janeiro (1987-1990); Diretor de Pessoal do Metropolitano do Rio de Janeiro (1991-1993); Presidente do Metropolitano do Rio de Janeiro (1993-1994); Vice-presidente do Metropolitano do Rio de Janeiro (1999-2002).