Asher Kiperstok First

Engenheiro Civil pelo Instituto Tecnológico de Israel, em 1974; Mestre em Engenharia Química pela Universidade de Manchester, Inglaterra, em 1994; Doutor em Engenharia Química/Tecnologias Ambientais pela Universidade de Manchester, Inglaterra, em 1996

Nascimento: Lima, Peru, 13 de setembro de 1951
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA)


Correr o mundo. E torná-lo melhor. Essa parece a sina do descendente de poloneses Asher Kiperstok First, um engenheiro civil peruano radicado no Brasil desde a década de 1970. Recém-aposentado pela Universidade Federal da Bahia, ele nos atendeu no começo de um périplo que o levaria, de moto, a alguns países, a ponto de ser incerto seu comparecimento à homenagem maior do Sistema Confea/Crea e Mútua. 

Asher promove conceitos de gestão da demanda de água e de saneamento sustentável em indústrias do setor químico e petroquímico, assim como em universidades e prédios públicos.

“Não sei onde vou estar nessa época. Já viajei muito pelo Tocantins, Goiás, e desejo conhecer melhor o Sul. Mas posso ir para Bolívia, Chile. Não tem previsão. Desde 2014, queria viajar sem planejamento. A intenção é saber como lidar sem ter objetivos”, dizia ao início da jornada, que, em julho, chegaria a Arequipa, no Peru.

Engenheiro civil no título, engenheiro ambiental e sanitarista no coração. “A Engenharia Sanitária é minha cachaça dentro da formação”. Nessa área, promove conceitos de gestão da demanda de água e de saneamento sustentável em indústrias do setor químico e petroquímico, assim como em universidades e prédios públicos. Chegou a ser presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-BA) e integra o conselho diretor nacional da entidade.

Seus pais fugiram do Holocausto, mesma sorte que não tiveram alguns de seus tios-avós. Em Lima, iniciou os estudos de Arquitetura na Universidade Nacional de Engenharia e chegou a montar uma construtora. “Deixei porque sentia falta de mais instrumentos matemáticos”. Transferiu o curso para Haifa, em Israel, onde manteve os primeiros contatos com brasileiros que fugiam da ditadura militar. “Graças a esses amigos, conheci o Brasil por meio do livro ‘Quarup’, do Antônio Calado”. 

Nesse período, teve ainda uma rica vivência na Europa, que compartilharia com as filhas, décadas depois. Mas a decisão estava tomada. “No final da faculdade, em Paris, um amigo paulista estava voltando para o Brasil. Era 1975, no início da distensão. Tinha uma visão do que estava sendo o Brasil pela música de Chico Buarque, Vinicius, Caetano. Não foi uma decisão muito pensada, mas fui com algum conhecimento do que era o país”. 

“Temos altos custos de obras de saneamento e de obras públicas. Isso faz com que não se chegue a soluções. Temos tecnologias para isso, mas falta compromisso com a nação”.

Com sua “postura libertária”, tomou um navio em Barcelona até Santos. “Era sem engajamento político, mas não me enquadrei com aquele clima político pesado de São Paulo. Foi quando me chamaram para passar o Carnaval na Bahia. Fui e fiquei”. Casou com a baiana Mirian, com quem teve as filhas Loying e Lunara. Atualmente, é casado com a cearense Dora, com quem tem Alice. “Sou o baiano mais radical que ela conheceu”, diz.

Asher faz questão de posicionar-se criticamente em relação à sua área. “Temos altos custos de obras de saneamento e de obras públicas. Isso faz com que não se chegue a soluções. Temos tecnologias para isso, mas falta compromisso com a nação”. E assim manteve sua atuação profissional e acadêmica. “Nunca fiquei em um emprego que não me satisfizesse em termos pessoais e profissionais. Nunca imaginei ser professor. Quando entrei na Universidade, eu me toquei em fazer o mestrado.  Depois do primeiro ano da Engenharia Química, queria dar uma vivência para as filhas fora do país. Na Inglaterra, a Capes me deu uma bolsa para já entrar no doutorado”, diz o engenheiro, para quem educar não é dar respostas. “É forçar as pessoas a fazer perguntas”.


Trajetória profissional

Coordenador do estudo de infraestrutura em rede do Plano de Desenvolvimento Urbano de Salvador (1976-1977); Coordenador das ações de saneamento rural do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento – PIASS, na Bahia (1977-1983);  Assessor para assuntos de Saneamento da Fundação de Saúde da Bahia – Funseb (1977-1978); Consultor no  Ministério da Saúde (1980-1982), Ministério da Educação (1982) e Organização Pan-Americana da Saúde – Opas/OMS (1981-1983); Coordenador do grupo de Saneamento Básico do Projeto Nordeste da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene (1983);  Presidente da seção Bahia da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Abes (1983-1984); Participação no Projeto Pavuna de Planejamento Participativo e Desenvolvimento Local – Feema/Cooperação Alemã (1984); Coordenação do estudo de infraestrutura da Revisão do Plano Diretor do Polo Petroquímico de Camaçari – Copec/Urplan (1984-1986); Consultor do Grupo Executivo de Saúde e Saneamento da Prefeitura de Belém-PA (1984); Consultor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea-DF (1984); Assessor da Presidência da Fundação de Saúde de Camaçari (1986-1987); Coordenador de Saneamento da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia – Sedur (1987-1989); Coordenador da Comissão Técnica de Saneamento e Meio Ambiente da Prefeitura de Camaçari (1987-1988); Coordenador do Curso de Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo (1988); Na Universidade Federal da Bahia – UFBA foi professor dos cursos de Engenharia Civil e Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola Politécnica (1990-2018); Ocupou diversos cargos em nível de graduação e pós-graduação, publicou centenas de capítulos, artigos e trabalhos em anais de congressos na área de sustentabilidade, tendo participado de dezenas de bancas e orientações de especialização, mestrado e doutorado; Fundador e coordenador da Rede de Tecnologias Limpas da Bahia - Teclim (1997-1998); Publicou e organizou os livros: “Prevenção da Poluição” (2002); “Inovação e Meio Ambiente: elementos para o desenvolvimento sustentável na Bahia” (2003) e “Prata da Casa: construindo produção limpa na Bahia” (2008); Membro do Conselho Consultivo do Núcleo de Estudos Avançados do Meio Ambiente (2003-2019); Colaborador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – IF Baiano (2011-2019); Participação na estruturação da Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB, como Decano do Centro de Formação em Ciências Ambientais, em Porto Seguro-BA (2013-2016).