Fábio Hissa Vieira Hazin

Fabio Hazin

Naturalidade: Recife (PE), 04/06/1964
Falecimento: 08/06/2021, Recife-PE

Universidade Federal Rural de Pernambuco (1987), Mestrado (1991) e Doutorado (1994) em Ciências Marinhas e Tecnologia com especialização em Oceanografia Pesqueira pela Tokyo University of Marine Science and Technology. Pós-Doutorado em Avaliação de Estoques de Recursos Pesqueiros Pelágicos Migratórios pelo Southeast Fisheries Science Center/NMFS/NOAA em Miami, EUA (2002). Especialização em Direito Internacional do Mar, pela Rhodes Academy, em Rhodes, Grécia (2010)

Com o tema “Contribuição da Pesca Artesanal e de Pequena Escala para o Desenvolvimento Sustentável”, o Dia Mundial dos Oceanos foi reverenciado, em 8 de junho de 2005, pelo engenheiro de pesca Fábio Hissa Vieira Hazin na sede da Organização das Nações Unidas – ONU, em Nova Iorque. Então com uma trajetória ligada ao mar já consolidada internacionalmente, Fábio Hazin falaria outras vezes ao organismo.

Celebrada desde a ECO-92, no Rio de Janeiro, e oficializada em 2008 pelas Nações Unidas, a data seria a mesma da sua despedida, quatro dias após completar 57 anos. O pesquisador e professor pernambucano, que chegou a assumir interinamente o ministério da Pesca e Aquicultura e atuou como Secretário Nacional de Pesca, em 2015, foi vítima da pandemia da Covid-19, em 2021.

Em seus estudos no Japão, nos anos 1990, Fábio Hazin iniciara seus estudos em meditação. “Ele se aprofundou no zen-budismo na Índia, no Japão e em outros países e, nos últimos anos, transferiu esses conhecimentos em oficinas que ofereceu gratuitamente para mais de 400 pessoas, em Maragogi, Alagoas, por meio da ONG Maragosangha”, descreve o filho, o advogado Daniel Hazin.

“Ainda na pandemia, ele sintetizou essa jornada espiritual e científica no livro ‘A arte de aprender a ser’, disponível capítulo a capítulo, em podcasts comentados por ele”, acrescenta. Em 2002, Fábio havia lançado o livro de poesia “Carta aos Homens”.

Referência em Oceanografia Pesqueira e Engenharia de Pesca, com ênfase em grandes peixes pelágicos (atuns, agulhões, tubarões), o professor atuava principalmente em biologia reprodutiva, distribuição, comportamento, migração; gestão pesqueira e Direito Internacional do Mar, tendo exercido diversos cargos relevantes no Brasil e no mundo.

Os primeiros contatos com o mar se deram na Norte Pesca, empresa do pai, o engenheiro civil de ascendência palestina Fuad Hissa Hazin. “Éramos muito ligados ao mar em Maragogi. Uma vez, Fábio se feriu no dedo com o arpão.  Na infância, o Bito Bom de Bola presidiu o Clube dos Tubarões Brancos. E ele virou protetor deles. Assim que se formou, conseguiu a bolsa no Japão e voltou dando assessoria na área técnica da empresa”, comenta a arquiteta Márcia Hazin.

Responsável por homenagear o irmão na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde citou trechos do livro lançado em 2020, Márcia ressalta a diferença de 11 meses entre eles, irmãos também da cirurgiã-cardíaca Sheila Hazin. “Crescemos muito próximos, mas a viagem ao Japão mudou a relação dele com os outros seres vivos, voltando-se para a proteção da vida marinha”, diz. “Desde cedo, Fabinho já sabia que o propósito dessa vida é servir”, narrou na homenagem.

O prazer em pescar também foi compartilhado com Daniel e a estudante de medicina Gabriela Hazin, frutos do casamento com a arquiteta Maria Amélia. Atualmente, Fábio era casado com a médica Juliana Alencar, tendo como enteado Davi. “Ele gostava muito de pescar para autoconsumo quando estávamos juntos”, lembra Daniel, emocionado, citando também sua habilidade no futebol, sua espiritualidade e a paixão pelo Clube Náutico Capibaribe.

Parceiro na ida ao Estádio dos Aflitos para acompanhar o time, o engenheiro de pesca Paulo Oliveira, orientado por Fábio na iniciação científica, graduação, mestrado e no doutorado, conta que “desde a graduação, adjetivávamos a aula dele como aula-show, trazendo questões práticas, falando a influência do clima nos estudos de oceanografia abiótica”.

Paulo e Fábio se tornaram grandes amigos. “E a partir de 2008, passamos a ter uma relação de colegas. Mas a admiração só fez aumentar. Todas as homenagens ao professor Fábio são bem-vindas. Ele muito fez para a área de recursos pesqueiros, no Brasil e no mundo. Foi uma grande perda para a ciência e principalmente para nós que convivíamos mais de perto”.

A bióloga marinha Danielle Viana teve Fábio como seu orientador e supervisor na especialização, mestrado e doutorado. Lembrando o processo gradativo que resultou nas oficinas e nos dois livros que abordaram “questões universais”, ela enaltece o homenageado. “Conheço muitos gênios, mas o segundo lugar está muito atrás dele. Foi um privilégio”, diz.

“Tenho muita gratidão pelo reconhecimento ao trabalho do meu pai para a sociedade”, reforça Daniel.

Trajetória profissional
Na Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, Professor do curso de Engenharia de Pesca e do programa de pós-graduação em Recursos Pesqueiros e Aquicultura (1992-2021) e Diretor do diretor do Departamento de Pesca e Aquicultura (2004-2012); Na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE,  Professor do programa de pós-graduação em Oceanografia (1992-2021); Coordenador do programa REVIZEE – Programa para Avaliação dos Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva Brasileira/Região Nordeste (1995-2005); Assessoria técnica na empresa Norte Pesca (1995); Representante científico do Brasil junto à Comissão Internacional para Conservação do Atum Atlântico – ICCAT (1998-2015)  e presidente da Comissão (2007-2011); Coordenador-geral científico do Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo (1998-2021); Presidente do Subcomitê Científico do Comitê Consultivo Permanente de Gestão de Atuns e Afins (1998-2015); Presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões- CEMIT (2004-2012);  Presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Pesca – Abep (2007-2011);  Presidente de negociações para a adoção de tratados internacionais junto à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO (2008-2009); Presidente de grupo de trabalho da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Ameaçadas de Extinção – CITES (2010-2013); Vice-presidente (2012-2014) e presidente do Comitê de Pesca da FAO – COFI (2014-2016); Secretário Nacional de Pesca e Ministro interino do Ministério de Estado da Pesca e Aquicultura (2015).