Maria Urbana Corrêa Nunes

Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Lavras, em 1976; Mestre em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras, em 1980; Doutora em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa, em 1991

Nascimento: Bom Sucesso (MG), 26 de agosto de 1950

Indicação: Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (Aease) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea-SE)

Maria Urbana começou a mexer com plantas aos sete anos. Hortaliças e flores pautavam suas visitas à fazenda da família, no interior de Minas Gerais. Na época de fazer vestibular, foi estimulada a escolher odontologia ou veterinária, mas ela já sabia bem qual seria seu destino: Engenharia Agronômica. Após se formar na Universidade Federal de Lavras e finalizar o mestrado, Maria Urbana assumiu sua primeira missão na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): implantar um polo hortigranjeiro em plena Floresta Amazônica.

A engenheira agrônoma especialista em fitopatologia se mudou para Rio Branco (AC), em 1980. A demanda do polo hortigranjeiro era do governador do estado, pois na região não havia produção de hortaliças. A importação era inviável por meio de estradas e o custo de se receber o carregamento por avião era impraticável. “Conseguimos produzir cebola e alho. Ninguém nunca tinha visto, em plena selva, plantação de cebola e alho, e nós conseguimos encher caminhões”, rememora, ao explicar que a produção de alho exige frio. “Desenvolvemos a tecnologia para que a produção fosse viável em locais de muito calor, que consistia em dar choque frio no alho antes da formação do bulbo”. 

Outra vitória de Maria Urbana no Acre foi o desenvolvimento do jurumate: a enxertia de tomate na jurubeba. “O tomate é uma planta muito complicada, porque é muito suscetível a doença, e a floresta é infestada de pragas. Além disso, não aplicamos veneno a ponto de deixar resíduo no fruto”. Maria Urbana passou semanas observando a floresta em busca de alguma planta parecida com o tomate que resistisse à Ralstonia solanacearum – bactéria que vive no solo tropical, entra pela raiz da planta e sobe pela seiva, matando a espécie em 24 horas – mais conhecida como murcha-bacteriana. “Descobri a jurubeba, que é da mesma família do tomate, e é resistente à murcha”. A pesquisadora levou quatro anos para descobrir o ponto exato que faria a enxertia de tomate na jurubeba funcionar. “Conseguimos fazer o controle natural dessa doença, sem agrotóxico. E o tomate tem o mesmo sabor e o mesmo tamanho. Cumpri minha missão”, compartilha Maria Urbana, que passou boa parte dos experimentos no Acre grávida. “Eu entrava no jipe da Embrapa, atravessava rio, acessava escadinhas improvisadas, meu marido ficava louco”, brinca.

Mãe de dois filhos – Daniele e Leandro – e casada com Ronaldo Antonio Santos Nunes – engenheiro agrônomo funcionário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 1992, Maria Urbana se mudou com a família para Aracaju (SE), onde, hoje, desenvolve um projeto de aproveitamento da casca de coco para geração de insumos agrícolas, também pela Embrapa. “É um projeto grande ao qual estou me dedicando. A casca de coco é um passivo ambiental que tem que ser resolvido. Isso está me fazendo estudar muito, correr atrás de parceiros, e está sendo muito valorizado”, comentou, antes de lamentar que a pandemia dificulta a execução do projeto em campo, embora o contato com os agricultores permaneça intenso, mesmo que de maneira remota. 

Além do trabalho no laboratório, Maria Urbana e o marido mantêm um sítio onde, de forma completamente orgânica, investem na produção de ovos, frangos e hortaliças para consumo próprio. No sítio, Maria Urbana também faz vasos ornamentais de pimenta, que vende em Aracaju, enquanto Ronaldo prefere lidar com orquídeas e gado. 

Em 1981, a engenheira agrônoma recebeu o prêmio “Funcionária do Ano da Área Técnica-Científica” da Embrapa-Acre. Em 2018, recebeu o Prêmio Engenheiro Agrônomo do ano, da Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (Aease), e a Honra ao Mérito do Crea-SE. “Nunca pensei em me aposentar. Até hoje não aceito bem essa ideia. Adoro o que faço”.

Trajetória profissional

Estagiária na Universidade Federal de Lavras (1974-1984); estagiária na Associação de Crédito e Assistência Rural Acar MG (1975); estagiária no Departamento de Química da Secretaria de Agricultura do Estado de Minas Gerais (1975); estagiária na Hokko do Brasil Indústria Química e Agropecuária Ltda. (1975-1976); pesquisadora na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (1977-atualmente).