E aí, vamos reprogramar nosso futuro?

Vitoria (ES), 08 de outubro de 2025.

Durante a 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea),  no  painel “Mulher, Tecnologia e Inteligência Artificial: O Futuro é Nosso”, as pessoas tiveram uma aula de como a Inteligência Artificial (IA) já faz parte do nosso cotidiano e e como é essencial aprender fazer as perguntas certas para obter as respostas mais adequadas.O painel foi moderado pela presidente do Crea-AC, engenheira civil Carmem Bastos Nardino, que destacou a importância da presença feminina no desenvolvimento tecnológico.

A abertura do painel ficou por conta da gerente de Soluções, Maria Augusta Vieira Laia, que lidera o time de Governança de Modelos e de IA Generativa do Banco do Brasil. A palestrante discorreu sobre os impactos da Inteligência Artificial (IA) na vida pessoal e profissional, destacando oportunidades, desafios e dicas para usar essa tecnologia de forma ética e eficiente.
 

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Com o tema “Generativa e Governança: os desafios e as oportunidades da liderança feminina na transformação tecnológica”, Maria Augusta destacou o papel das mulheres na liderança de projetos de IA e a importância da diversidade na governança ética para a criação de soluções inovadoras. Ela ressaltou que 77% das pessoas já utilizam IA diariamente sem perceber, seja em aplicativos, recomendações de conteúdo ou serviços online. Em escolas que adotaram IA educacional, o engajamento e a retenção de conteúdo aumentaram em até 42%, evidenciando o potencial da tecnologia na transformação da educação.

Ela destacou que 25% das tarefas repetitivas podem ser automatizadas, o que permite liberar tempo para atividades mais estratégicas. Entre os exemplos de aplicação na indústria e na construção civil, destacou a otimização dos canteiros de obras, com um planejamento mais eficiente e redução de desperdícios; o monitoramento preventivo de estruturas, que antecipa problemas antes que se tornem críticos; o controle de qualidade por meio da visão computacional, permitindo identificar falhas rapidamente e manter a excelência; e a otimização do uso de energia, promovendo maior eficiência e redução de custos.

Como usar a IA de forma prática
Maria Augusta trouxe dicas para integrar a IA de maneira responsável e eficiente no dia a dia, para automatizar tarefas repetitivas e identificar atividades que podem ser feitas por IA, mas sempre mantendo a supervisão humana. “O desafio é aprimorar habilidades de questionamento. A eficácia da IA depende de saber fazer as perguntas certas. Antes, era usada apenas para gerar ideias; agora, pode ser aplicada na resolução de problemas complexos”, defendeu.

No entanto, ela fez uma advertência  importante: “Algumas pessoas recorrem à IA para aconselhamento emocional, mas ela não foi criada para substituir profissionais de saúde mental e o uso inadequado pode trazer consequências sérias”, alertou. Outro ponto abordado foi a proteção de dados pessoais. “Informações sensíveis automatizadas podem cair em mãos erradas, por isso é essencial atenção à segurança e privacidade.”, advertiu.

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Maria Augusta Vieira Laia



Ética e governança escalando tecnologia e pessoas
Para ela, o avanço da IA deve estar aliado à ética e à responsabilidade para não perder o controle humano e autonomia. Sempre tendo cuidado com o vazamento de dados e o mau uso de informações pessoais, além de trabalhar para evitar o viés algorítmico e discriminação, destacando a importância de diversidade na equipe de desenvolvimento, com diferentes perfis.

A palestrante reforçou que automatizar parte do trabalho não substitui o protagonismo humano. “É preciso escalar soluções de IA com responsabilidade, com bases sólidas de governança integrada e adaptativa. Temos que transformar a cultura de liderança para que a tecnologia seja usada de forma estratégica, investindo em capacitação contínua, permitindo que profissionais tirem o máximo proveito da IA”, apontou, destacando que inclusão social e diversidade são essenciais para desenvolver algoritmos mais justos e representativos.

Encerrou com uma provocação inspiradora: “Não tenham medo. Podemos usar a IA para nos ajudar. Ninguém está pronto, mas nós podemos transformar o mercado. A IA é uma ferramenta de democratização do conhecimento e está ao alcance de todos. Só precisamos estar atentos para reduzir a lacuna de gênero no setor de tecnologia por meio da educação.”

IA na telemedicina
A segunda palestrante foi a médica de família Carolina Fernandes, cofundadora da startup Lauduz, vencedora do Prêmio Mulher de Negócios, diretora médica e de operações na Lauduz, telemedicina avançada, que focou sua palestra em analisar soluções para os problemas através da tecnologia.

Fernandes falou dos desafios da saúde no Brasil. “Apesar do número de médicos ter crescido, ainda é um desafio levá-los para o interior do país. Foi daí que a nossa empresa começou com a missão de levar saúde de qualidade com tecnologia de forma humanizada lá para a ponta.” Com o desenvolvimento do projeto pioneiro de telemedicina, que começou durante a pandemia, melhorou a demografia médica e a promoção de acesso, com redução de custos e otimização de tempo. “Criamos uma plataforma que conectou médicos voluntários e pacientes por videochamada e disponibilizamos em um projeto social no Rio Grande do Sul, resultando em mais de 5 mil consultas com auxílio da ferramenta.”
 

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Carolina Fernandes

A startup Lauduz também criou o Telekit, um consultório médico portátil. A primeira e única maleta de telemedicina avançada do Brasil que oferece atendimento médico completo com exame físico feito a distância. “Temos médicos que moram na Europa, no Norte, Nordeste atendendo em 14 estados, com 2 mil consultas por mês em mais de 20 especialidades. “Temos médicos que moram na Europa, no Norte, Nordeste atendendo em 14 estados, com 2 mil consultas por mês em mais de 20 especialidades.”

Neste ano, os profissionais começaram a utilizar a IA como uma ferramenta para facilitar o trabalho do médico para que ele tenha menos sobrecargas e funções burocráticas, para que ele possa dar mais atenção ao paciente e ampliar o acesso. “Com os resultados dos exames, a IA consegue orientar os pacientes, dar a prescrição e fazer sugestão de atestados. Tudo é validado pelo médico, que depois tudo é feito pela IA.” Para ela, a tecnologia está sendo usada a nosso favor. “Inovação não nasce do nada, ela floresce em ecossistemas”, finalizou.
 
A palestra “Mulher, Tecnologia e Inteligência Artificial: O Futuro é Nosso”, pode ser assistida na íntegra no Youtube do Confea
 

Reportagem: Jô Santucci (Crea-RS)
Edição: Fernanda Pimentel (Confea)
Equipe de Comunicação da 80ª Soea
Fotos: Sto Rei e Impacto/Confea