Abertura da Cúpula Mundial marca poucos avanços nos compromissos assumidos há dez anos

Johannesburg, segunda-feira, 26 de agosto de 2002. "Não temos que inventar uma Agenda, mas executar os compromissos assumidos em 1992". A afirmativa é do Presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, feita durante a solenidade oficial de abertura da Cúpula Mundial Rio +10, realizada nesta manhã (26/08/2002), no Sandton Convention Center, em Johannesburg.O presidente sul africano disse que a Agenda 21, assinada há dez anos, no Rio de Janeiro, é um plano de ação que, aplicado, trará resultados positivos para toda a humanidade. "Deve ser compromisso de todos os governos a sua prática", disse, ressaltando porém que a sociedade civil tem um papel fundamental na sua operacionalização. A Agenda 21 prevê a cooperação de todos os países na implantação do desenvolvimento sustentável. Mbeki deu boas vindas a todos, enfatizando que o povo sul africano está muito feliz em receber pessoas de toda parte do mundo preocupadas em melhorar a qualidade de vida do planeta. "Que este encontro seja um largo processo de intervenção mundial para implantação do desenvolvimento sustentável", desejou.O presidente da Organização da Nações Unidas (ONU) para a Rio+10, Nitin Desai, que abriu a solenidade, enfatizou a urgência na preservação dos ecossistemas. Ele lembrou um outro documento, também assinado na primeira Cúpula Mundial sobre desenvolvimento e meio ambiente, a convenção Sobre Biodiversidade. "Sabemos que ocorreram alguns êxitos nesses 10 anos, mas a situação da pobreza, condições de saúde e meio ambiente do planeta ainda estão muito ruins. As perspectivas de melhora na situação macro-econômica dos países pobres, celebradas em 1992, não aconteceram", criticou. Para Nitin Desai o insucesso desses objetivos resultou, entre outras coisas, da incompreensão dos governos do significado da conexão de todos os problemas que afetam o mundo, principalmente nos países pobres. "Melhorar a educação, por exemplo, tem conexão com a falta de abastecimento de água em muitos lugares. Muitas crianças, que poderiam estar na escola, levam horas buscando água para abastecer seus lares", explicou. Mas enfatizou que sem o compromissos dos governos, nada poderá ser feito.Ele disse ainda que um dos objetivos da Cúpula Rio+10 é avaliar porquê os resultados projetados em 1992 não aconteceram, e indicar providências urgentes para que sejam alcançados. Além disso, deverá indicar soluções para novos problemas surgidos na última década, muitos conseqüentes da segregação social.O último a discursar na cerimônia de abertura foi o Diretor Executivo do Programa de Meio Ambiente da ONU, Klaus Toepfler. Enfatizando que esse é um momento vital para o mundo, disse: "Há dez anos nos reunimos para iniciar esta viagem em busca do desenvolvimento sustentável. Quando isso aconteceu a África vivia o apartheid, hoje é livre e sedia este evento. Isso, para mim, significa um triunfo do espírito humano". Ele lembrou que o mundo está com os olhos voltados para Johannesburg. "E espera que acordos significativos sejam feitos aqui, acordos que busquem o desenvolvimento sustentável. Não podemos decepcioná-los, temos que ser êxitosos", afirmou.Para o Diretor Executivo da ONU a implantação desse modelo de desenvolvimento deve passar pela redefinição do papel da mulher na sociedade, pela ampliação da participação da sociedade civil nas decisões dos governos, pela maior participação do setor privado no crescimento econômico e social dos países e pelo uso da tecnologia para redução das desigualdades sociais.Confea - Para a chefe da delegação do Confea, Conselheira Federal, eng. civil Neuza Trauzzola, os discursos feitos na abertura da Cúpula Mundial Rio+10 confirmaram que existe a consciência de alguns avanços nos compromissos assumidos, mas que as ações não foram suficientes para atingir os objetivos esperados.Na avaliação de Trauzzola, a Segunda Convenção Mundial traz a expectativa de que conceitos e propostas voltados para o desenvolvimento sustentável ganhem força e tornem-se ações concretas. "Para que isto aconteça, como foi defendido de forma unânime," é necessária a participação da sociedade civil, e a vontade política dos governos", disse. A Conselheira participou durante a tarde de abertura do Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado no Ubuntus Village. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS