Comitiva do Confea troca experiências com Conselho Sulafricano de Engenheiros

Joanesburgo, África do Sul, quarta-feira, 4 de setembro de 2002. Muitas semelhanças e algumas diferenças. A frase pode resumir o resultado da troca de experiências entre o Confea e o Conselho de Engenheiros da África do Sul, ECSA. O encontro aconteceu na sede da ECSA, na manhã de 4 de setembro, em Joanesburgo.A comitiva do Confea foi recebida pelo diretor de relações internacionais, eng. Alec Hay, e por um grupo de gerentes de várias áreas do ECSA. A Chefe da delegação do Confea, eng. civil Neuza Trauzzola, e o representante do CDEN, eng. eletricista Paulo Bubach, apresentaram o Confea, discorrendo sobre a estrutura organizacional do Sistema, fiscalização, relação com a área de ensino, governo e sociedade entre outros temas, e responderam a inúmeros questionamentos dos engenheiros sul africanos.O interesse dos profissionais brasileiros foi recíproco quando Alec Hay explicou o funcionamento do ECSA. A conversa durou horas e as similaridades e diferenças entre as duas instituições foram aparecendo. Os profissionais sul africanos ficaram surpresos com o tamanho e a multiprofissionalidade do Sistema Confea/Crea."O ECSA é um sistema organizacional que reúne todas as modalidades de engenharia, muito parecido com o brasileiro. Tem entidades associativas voluntárias, que são parecidas com as nossas entidades nacionais", disse Bubach. O Conselho sul africano foi criado em 1968 por uma lei governamental que considerava o registro como um ato voluntário do profissional. Mas em 2000 foi reformado por um novo ato do governo que estabeleceu a sua obrigatoriedade. "Acredito que essa lei seja equivalente a nossa 5.194", comentou Bubach. O ECSA tem cerca de 85 mil profissionais. Outras semelhanças entre os dois sistemas é a característica de registrarem tanto profissionais com diploma de curso superior como os de nível médio. O sistema sul africano concede ainda registro para pessoas com que não têm a formação do nível médio, mas têm experiência profissional na área, o que no Brasil chamamos de práticos.Entre as diferenças da duas entidades estão o fato do ECSA não ser multiprofissonal, e de não realizar eleições diretas como no Sistema Confea-Crea. Na África do Sul, tanto o presidente como os conselheiros federais são indicados pelo governo. Outra diferença é que o registro no ECSA não é automático a partir da comprovação do diploma. Lá, é exigida comprovação de experiência na área - uma espécie de estágio supervisionado - somada à formação acadêmica. O candidato a profissional passa ainda por uma entrevista feita por conselheiros federais. "É um sistema um pouco mais exigente que o nosso", avalia Bubach.O representante do CDEN destacou o razoável envolvimento internacional do Conselho sul africano. "Eles têm vários acordos internacionais, como o de Washington, integrado pelos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Irlanda entre outros, e o ECSA foi aceito em 1999. Ficou claro que há uma exigência para essa adesão, que passa pela capacidade do Conselho de possuir um sistema de registro mais rigoroso. Acredito que nós no Brasil temos que avançar nesse campo e implementarmos logo nosso modelo de habilitação profissional", disse Bubach.Ele considerou os profissionais sul africanos muito gentis, receptivos e interessados em conhecer a realidade brasileira no segmento tecnológico. "Acredito que há uma porta aberta na África do Sul para que nós possamos estabelecer essas relações", disse. O diretor de relações internacionais do ECSA informou que haverá uma reunião em junho de 2003 na Coréia, onde estarão reunidos os membros de vários acordos internacionais na área da engenharia, tecnólogos e técnicos de nível médio. Ele já se dispôs a convidar uma comitiva do Confea para participar como ouvinte nessa reunião.A integração internacional do ECSA chamou a atenção também da enga.Neuza Trauzzola. "Eles entendem que as entidades profissionais devem, e já estão se organizando, em blocos de países da mesma forma que o mercado comercial. Isso provoca uma facilidade para os profissionais atuarem nos países", avaliou. Ela citou como exemplo o bloco dos profissionais dos países asiáticos e do Nafta, APEC, da União Européia, entre outros. "Acredito que este seja um ponto de debate entre o Confea junto às entidades nacionais para definir as diretrizes de uma política internacional", sugeriu. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS