Crea-MG barra registros após flagrar fraudes em diplomas

Amparados por diplomas irregulares, falsos profissionais tentam se inserir no mercado de trabalho sem preocupação com o risco do serviço a ser prestado aos cidadãos.

Belo Horizonte, 7 de fevereiro de 2011

A má-fé e a ganância por rápida ascensão profissional têm feito candidatos a vagas de empregos nos níveis técnico e superior se tornarem criminosos. A prática é indiscriminada e não escolhe carreiras. Amparados por diplomas irregulares, falsos engenheiros, arquitetos, farmacêuticos e enfermeiros tentam invadir o mercado de trabalho sem qualquer preocupação com o risco do serviço que seria prestado aos cidadãos. O crime é registrado até entre futuros policiais - a corporação investiga cerca de 30 possíveis falsos diplomas apresentados em concursos da Polícia Militar.

A atuação cada vez mais frequente de estelionatários que vendem certificados falsificados coloca em alerta entidades de classe do Estado. Em menos de dois anos, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MG) identificou 161 diplomas falsos. Os casos foram encaminhados à Polícia Federal (PF), que confirmou o aumento do crime. Conforme a PF, as mais frequentes irregularidades são cometidas por pessoas que buscam ingressar na área de engenharia, no nível superior ou técnico. Elas representam 95% dos inquéritos, que dobraram entre 2009 e 2010. Segundo a assessoria da corporação, a alta da prática se deve ao boom imobiliário e demanda por profissionais do setor.
 
Só neste ano, em 144 cidades da região Central de Minas, já foram abertos 11 inquéritos. O Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG) confirmou 94 casos de diplomas falsos desde a criação da entidade. Desde 2006, o Conselho Regional de Administração de Minas Gerais (CRA-MG) identificou 25 fraudes - a maior parte com certificados de instituições de ensino fora de Minas. Quatro casos recentes também foram registrados no Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG).
 
Os conselhos reclamam da falta de colaboração das instituições de ensino para entregar, no fim de cada semestre, uma lista dos formandos. "Algumas escolas se recusam. Mas, agora, sem a listagem não fazemos os registros", informou o superintendente de atendimento e acervo do Crea-MG, Carlos Henrique Rossi.

As fraudes são normalmente flagradas no ato da solicitação dos registros, embora existam irregularidades descobertas após anos do exercício profissional.

Diante das irregularidades, o Crea-MG aumentou a fiscalização. "Antes, qualquer pessoa requeria o registro em nome de outra. Agora, só com procuração", explica. Segundo Rossi, por causa das várias falsificações, os funcionários do Crea-MG identificam facilmente os diplomas. "Parte das fraudes é grosseira e falha em detalhes".

Publicada no jornal O Tempo
Fonte:
www.crea-mg.org.br