FSM - Seis eixos temáticos para definir um outro mundo possível

Caracas, 26 de janeiro de 2006

O VI Fórum Social Mundial que está sendo realizado na cidade de Caracas, Venezuela, está dividido em seis eixos temáticos: poder, política e lutas pela emancipação social; estratégia imperialista e resistência dos povos; recursos e direitos para a vida: alternativas ao modelo civilizatório depredador; diversidades, identidades e cosmovisões em movimento; trabalho, exploração e reprodução da vida; e comunicação, culturas e educação: dinâmicas e alternativas democratizadoras.

Novamente centenas de jovens se reúnem no acampamento da juventude, cidadãos de diversificadas raças e credos, organizações, movimentos e redes se encontram para reafirmar por meio de reflexões e debates que outro mundo é possível, imprescindível e necessário.

“O Fórum é um espaço plural e diversificado, não confessional, não governamental e não partidário”, definem seus organizadores, embora os governos e partidos queiram cada vez estar mais próximos e envolvidos nesse evento. Mas como a própria natureza do Fórum é não impedir a participação de ninguém, fica apenas a preocupação e o cuidado para que não haja apropriação. A preocupação tem sentido porque já nasceu em Caracas um Fórum Social Alternativo, iniciativa de quem garante que o FSM está se distanciando de suas características iniciais.

Na avaliação do eng. Paulo Bubach, chefe da delegação do Confea no evento, o FSM contribuiu e continua a contribuir para a resistência dos países em desenvolvimento com relação a ânsia de domínio das multinacionais.

Para a engª Anna Virgínia Machado todo movimento que persiste é forte. Ela aponta o aspecto democrático e plural do FSM como uma das suas mais importantes características. “As discussões são livres e atingem instituições, ONGs, movimentos estudantis, comunitários, de mulheres, de grupos de minoria, enfim, toda a sociedade interessada têm a liberdade de escrever oficinas de auto gestão. Isso estimula um processo de aprimoramento e de engajamento das pessoas, o que torna o Fórum forte”, caracterizou.

Na avaliação da engenheira um mundo melhor só será possível com o empoderamento das comunidades, que se dará com mais capacitação, abertura das visões, o que é componente do Fórum. “Ele deve continuar e outros devem surgir. Na oficina de ontem - referindo-se a de Segurança Alimentar organizada pelo Confea - apareceram pessoas de outros países, outras comunidades, profissionais de outras áreas que se interessaram pelo tema proposto pelo Conselho. Eles discutiram, deram suas contribuições, ouviram as nossas... Isso é o espírito do Fórum, aí está o seu valor e importância”, ressaltou.

Descentralização - O VI FSM, capítulo Américas, que está acontecendo em Caracas faz parte de um conjunto de Fóruns policêntricos que estão acontecendo em todo o mundo. O VI FSM, capítulo África, aconteceu de 19 a 23 de janeiro na em Bamako. O VI FSM, capítulo Ásia, será realizado em Karachi, no Paquistão, no próximo mês de março em data ainda a definir. Outro Fórum deve acontecer em Bancoc, na Tailândia, nos dias 21 e 22 de outubro. A decisão foi tomada em uma reunião do Conselho asiático em Hong Kong. Essa fórmula de descentralização do FSM objetiva dar mais tempo para a formulação e amadurecimento de propostas para a realização de um único FSM, que deve acontecer no próximo ano na África em país ainda a ser definido.

Bety Rita Ramos
Da equipe da ACOM