ONGs não vêem avanços na Rio+10

Joanesburgo, África do Sul, quarta-feira, 4 de setembro de 2002. Dirigentes de Organizações Não Governamentais, ONGs, avaliam que Cúpula Mundial sobre meio ambiente realizada em Joanesburgo não registrou avanços na área. Eles acreditam que, alguns casos, apresentou até retrocessos, comparada à convenção realizada no Rio, há dez anos.O coordenador do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Desenvolvimento do Meio Ambiente, eng. civil Rubens Born, avalia que a Rio+10 não atendeu aos objetivos para as quais foi organizada, nem às expectativas da Organização das Nações Unidas, ONU. "Não gerou um plano de ações com metas, prazos, discriminação de recursos. Em poucos assuntos foram estabelecidas metas, e quando foram, não ficou claro quem vai fazer, quem vai pagar, como será feito", desabafou.Para ele a proposta brasileira sobre energia foi derrotada pelos países industrializados, os exportadores de petróleo, revelando um total descompromisso com o meio ambiente. "Eles só pensam nos seus lucros", acusou, criticando a aprovação da expressão genérica, sobre o mesmo tema, que fala da ampliação do desenvolvimento de tecnologia de combustíveis fósseis e energia renovável. "Ou seja, mais uma vez privilegiou-se aquilo que a Agenda 21, a Convenção do Clima, e o Protocolo de kiyoto aconselhavam: pisar no freio", criticou. Na avaliação de Born a Cúpula Mundial demonstrou a falta de vontade política e de sintonia dos governos em tomar decisões globais.Para a eng. agrônoma Muriel Saragossi, dirigente da ONG Grupo de Trabalho da Amazônia, GTA, os governos foram incapazes de decidir pela ação. "Andamos para traz. Nossos governos submeteram os acordos do Rio de Janeiro aos acordo comerciais. Eles demonstraram incapacidade de pensar mais coerentemente em termos de sustentabilidade. Trabalharam para resolver problemas imediatos econômicos, independente do custo que isso terá para nós brasileiros e para a humanidade", disse.Para Saragossi até as próprias ONGs não tiveram força para pressionar os governos. "Foi um retrocesso. Muitos governos estão considerando uma vitória não ter retrocedido de 1992. Isso, para mim, não é uma vitória, já que nestes dez anos, ou surgiram novos problemas na área ambiental, ou aumentaram os que já existiam.", concluiu. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS