Brasília, 26 de agosto de 2025.
Uma verdadeira devoção ao Sistema Confea/Crea e Mútua marcou a trajetória da engenheira eletricista Marita Arêas de Souza Tavares. Ao falecer, em setembro do ano passado, sua trajetória era reconhecida além dos estados de Minas Gerais e de São Paulo, onde atuou mais diretamente. De Cachoeira de Minas, mostrou sua identificação com a área de Exatas ainda jovem, ao escolher o Curso Científico. Já vivendo na vizinha Itajubá desde os 10 anos, tornou-se a quarta engenheira eletricista formada pelo Instituto Eletrotécnico de Itajubá, atual Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Sua trajetória recebe agora a Láurea ao Mérito do Sistema Confea/Crea e Mútua, durante a 80ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (Soea), de 6 a 9 de outubro, em Vitória-ES.
Aos 85 anos, Marita Arêas ainda se mostrava disposta a contribuir com a formação dos profissionais do Sistema, fazendo a revisão final da obra que homenageia os diplomados naquela instituição desde 1917. Ela chegou a presidir a Associação dos Diplomados da Unifei, em 2005-2006. E por ela se tornou doutora Honoris Causa, em 2019. Sua “rebeldia” marcava sua personalidade, fazendo com que se tornasse a única mulher na turma de 57 engenheiros eletricistas formados em 1962. Havia sido também a única no curso preparatório para o vestibular.
Um dos outros 56 alunos acabou acompanhando Marita por toda a sua vida, Luiz Fernando Tavares. A engenheira civil Fernanda Tavares Ribeiro de Oliveira e a médica Flávia de Souza Tavares Barbosa são as filhas do casal, que começou a vida profissional na Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), em Cubatão-SP. Ela como chefe da Divisão de Projetos, de 1963 a 1968. Enquanto o marido seguiu na Companhia por mais 10 na anos, Marita precisou afastar-se para cuidar de uma das filhas e trabalhar em Santos, onde moravam. “Eu me orgulho de que ela tenha conseguido mostrar sua competência ao insistir para trabalhar no porto e se tornar fiscal da Delegacia da Receita Federal”, diz Fernanda.
Marita e Luiz Fernando trabalharam em Brasília, antes de se fixarem por mais tempo em Belo Horizonte. De 1977 a 1982, ela coordenava contratos da Eletronorte e de concessionárias de energia do Distrito Federal e de Goiás. Na capital mineira, foi por 10 anos superintendente da EPC – Engenharia, Projeto e Consultoria. “Depois de se aposentar, ela se dedicou às entidades de classe, ao Crea, à Sociedade Mineira dos Engenheiros (SME), conciliando sempre com a família. Ela sempre nos deu muito apoio, sempre foi muito presente. Além de boa profissional, muito querida, foi boa mãe, esposa, avó”, acrescenta a filha engenheira.
Defensora das normas e da ética profissionais, Marita dedicava-se à defesa da categoria tecnológica, à formação contínua, à valorização profissional. Coordenou o Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação, que incentivava os trabalhos técnico-científicos dos estudantes de Engenharia. Foi conselheira do Crea-MG por quatro mandatos, ocupando a coordenadoria da Câmara de Engenharia Elétrica, a chefia de gabinete, a presidência da comissão de Licitações e chegando a vice-presidência do Conselho. Também foi vice-presidente do Fórum de Mulheres do Mercosul no Brasil e, em 2008, coordenou o GT Mulher do Crea-MG. Foi ainda fundadora e presidente da Associação Brasileira de Engenharia Elétrica de Minas (ABEE-MG).
“Para ela, a mulher devia inserir-se no mercado de trabalho. Ela sofreu preconceitos, mas sempre se encarou como vencedora. Não tinha dom para ser professora, mas ela elevava a engenharia. Onde ela pudesse levar um incentivo para os estudantes e engenheiros, ela citava a importância dos avanços tecnológicos”, descreve Fernanda Tavares.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
