Frete ferroviário brasileiro é o terceiro mais barato do mundo

Vitória, 9 de outubro de 2025

Apesar do senso comum achar que as ferrovias no Brasil são antigas e obsoletas, na realidade, elas estão eficientes e equivalentes às melhores do mundo. "São importantes para a competitividade dos produtos brasileiros. Isso fica evidente quando compara com caminhão".

O dado foi apresentado pelo diretor de Dados e Autorregulação da Associação Nacional dos Transportes Rodoviários, Paulo Roberto de Oliveira Junior, no painel "Brasil sobre trilhos: caminhos para a modernização ferroviária", da programação da 80ª Soea.

Segundo palestrante do painel, o presidente da Estrada de Ferro Paraná Oeste S/A, André Gonçalves, mostrou como funciona a concessão da Malha Sul, de 7,2 mil quilômetros, que conecta os polos agrícolas do Centro-Oeste aos portos do Sul e Sudeste do Brasil, e vence em março de 2027.

Presidente da Estrada de Ferro Paraná Oeste S/A, André Gonçalves

"No ano passado, o governador sancionou a autorização para a desestatização da Malha Sul, desde que passe por um estudo estratégico de cenários. Se a Malha Sul for renovada, o que deve ser feito? E se uma nova licitação for feita, como deve ser?". Gonçalves mencionou que há uma consultoria contratada fazendo esse estudo, ao mesmo tempo em que um Grupo de Trabalho, no âmbito do Ministério dos Transporte, estuda as alternativas.

O responsável pela implantação dos trens de subúrbio do Rio de Janeiro, Haroldo Ennes, trouxe um contraponto: "por mais que estejamos na vanguarda da tecnologia ferroviária, ainda precisamos melhorar em segurança. Temos diversos acidentes de descarrilhamento por conta de gargalos operacionais. Nossa estrutura precisa de melhoria, não podemos fugir de requisitos de operação. Mas não podemos colocar a culpa na engenharia. A engenharia não pode ser a ponta da execução do projeto, ela tem que estar na normatização".

Haroldo defende que o engenheiro esteja presente no processo desde o início do processo. "Segurança jurídica não é algo limitado a advogados. A engenharia tem que ser chamada na regulação". Ele celebrou que "ferrovias" foi tema durante a 80ª Soea. "O Confea está sabendo enxergar. Ele viu este momento pungente que estamos vivendo e trouxe o debate".

Na sequência, a fala da secretária de Transporte e Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Priscila Sakalem, veio ao encontro da manifestação de Haroldo. "Vivemos em um Estado Democrático de Direito. Precisamos fazer lei e para isso temos vários agentes. Tem o parlamentar, que teve votos; temos o poder executivo, que também teve votos; e tem a sociedade civil: os Creas, os engenheiros, as entidades - que podem participar da construção dessas normas. Direito e engenharia podem caminhar juntos".

Secretária de Transporte e Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Priscila Sakalem

 

Por fim, o presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Rio de Janeiro, Adolpho Konder, trouxe o dado de que os trilhos são o meio de transporte mais eficientes em termos de emissões de gás carbônico por passageiro. "Fazer com que o cidadão opte pelo trem, pelo VLT, é um desafio tarifário".

Presidente do Crea-RJ, Miguel Fernandez moderou o debate e consolidou algumas conclusões. "A engenharia tem que estar em toda cadeia do empreendimento, desde a normatização. Não dá para ser apenas advogado, porque o cenário real é muito complexo".

A 80ª Soea termina nesta quinta-feira. A solenidade de encerramento inicia às 17h.
 

Beatriz Leal (Confea)
Equipe de Comunicação da 80ª Soea
Fotos: Sto Rei e Impacto/Confea