Brasília, 7 de novembro de 2025.
Quem participou da 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), de 6 a 9 de outubro, em Vitória-Serra (ES), poderia aproveitar os momentos de folga para conhecer uma das mais tradicionais fabricantes de chocolate do país. Ali bem perto do Pavilhão da Carapina, a cidade de Vila Velha, oferecia aos semanistas, além das praias mais convidativas e da visita ao Convento da Penha, a oportunidade de saber um pouco mais sobre a história dos Chocolates Garoto. Aliás, um roteiro que também podia ser realizado nas várias fábricas da região de Gramado (RS), na 78ª edição do evento. Em Vila Velha, era possível conhecer o museu e ainda uma loja para levar alguns itens exclusivos. A visitação à fábrica em si estava (e continua temporariamente) interrompida. Mesmo assim, a dinâmica demonstra uma alternativa de turismo ainda pouco evidenciada no país, embora ela já faça parte da rotina de vários municípios e até de empresas em todo o país.

Claro que não é preciso esperar pelas Soeas para aproveitar o “turismo industrial”. Ao longo de todo o ano, a experiência proporciona desde outros olhares sobre a atuação profissional do próprio visitante, ao simples deleite com outras atividades que não façam, necessariamente, parte desse universo mais pessoal. São geralmente visitas guiadas que contam como são os processos industriais e logísticos envolvidos. Indústrias alimentícias podem ser mais propensas a receber estes turistas, mais do que uma indústria em torno de agentes como os envolvidos na rotina da engenharia química, por exemplo. Assim, o turismo industrial, hoje também presente com a denominação turismo industrial e de inovação, vem se tornando uma modalidade que permite inclusive essa aproximação maior com os respectivos mercados das empresas, ou seja, serve como um ótimo instrumento de marketing.
Padrão de qualidade, história e etapas
Mas, claro, a experiência também depende de quem a absorve. Assim, se o seu interesse for mais voltado para o “fazer” destas indústrias, você pode considerar o passeio até mesmo como uma experiência cultural. Conhecer a fabricação de medicamentos nas plantas fabris da União Química em Brasília (DF), Pouso Alegre (MG), São Paulo (Chácara Santo Antonio), Guarulhos e Taboão da Serra (SP) vem sendo mais experenciado pelos médicos, de várias especialidades, e não propriamente pelos profissionais das áreas tecnológicas, segundo a assessoria de comunicação da empresa.
“Com 10 plantas fabris e a responsabilidade de cuidar da saúde de milhões de pessoas, temos um enorme orgulho de abrir as portas de nossas instalações e mostrar a qualidade e tecnologia de nossos processos de produção”. Assim o diretor de marketing institucional, Fellipe Simoes Granzotto, destaca a importância do Programa “Por Dentro da União Química”, considerado por ele uma iniciativa estratégica, voltada ao fortalecimento do relacionamento com profissionais da área da saúde, de todos os lugares do país. “O programa tem como objetivo apresentar de forma transparente e imersiva todo o processo de produção, os rigorosos padrões de qualidade dos nossos produtos e o compromisso contínuo com o crescimento sustentável”, informa.

Ele acrescenta que, ao longo das visitas, os participantes têm acesso à história da União Química, à missão, valores e às práticas que posicionam a empresa como referência no setor farmacêutico. “A programação inclui um tour completo por nossas instalações, proporcionando uma experiência única que reforça a confiança na nossa marca e evidencia o profissionalismo e a excelência presentes em cada etapa do nosso trabalho”. Assim, o público pode conhecer todo o processo de produção de medicamentos; a área de qualidade e o setor de logística e distribuição. O cadastro para participar das visitas pode ser feito no site, onde também é possível fazer um tour virtual 360 graus.
Portas abertas para o conhecimento
Símbolo da poluição do ar no país nas décadas de 1970 e 1980, Cubatão (SP) atualizou seu status, em nome da sustentabilidade, transformando seu polo industrial. A ponto de se tornar um dos principais cenários do turismo industrial brasileiro. Ali, assim como nas unidades de Santo André (SP) e em Bahía Blanca (Argentina), a Unipar, empresa consolidada dos setores químico e petroquímico, desenvolve o programa Fábrica Aberta. “Após quase quatro décadas da implementação e mais de 130 mil visitantes, a iniciativa, que concilia desenvolvimento econômico, com responsabilidade socioambiental, mostra que a indústria pode ser um motor de inovação e transformação, conforme descreve também o site da prefeitura de Cubatão. Há ainda outra sede (recente) da empresa no país: em Camaçari (BA). A seguir, o engenheiro químico Damián Greco, diretor da fábrica de Cubatão, descreve um pouco mais do programa.
Confea - Qual é o perfil do público que visita o Fábrica Aberta? Trata-se de profissionais da área tecnológica, estudantes, turistas leigos ou outro grupo específico?
Eng. quim. Damián Greco, diretor de Fábrica da Unipar de Cubatão - O Fábrica Aberta recebe um público bastante diverso: comunidades locais, estudantes de diferentes níveis, a partir dos 15 anos, pesquisadores, professores, clientes, fornecedores, investidores e profissionais do setor. É uma experiência educativa e social, que mostra como nossos produtos estão presentes no dia a dia das pessoas e como operamos com responsabilidade ambiental e segurança. Hoje, colhemos os frutos dessa ação não apenas nos números expressivos de visitantes — mais de 134 mil desde a sua criação, sendo 122 mil só em Cubatão —, mas, principalmente, na relação de confiança que construímos com a população ao longo dos anos. Em Cubatão, atualmente, devido às obras de modernização da fábrica, o programa acontece de forma remota, com visitas digitais, e por meio do “Fábrica Aberta em Movimento”, que leva a experiência da fábrica diretamente para as escolas. Essa alternativa mantém o programa ativo durante as obras e amplia o acesso de alunos que, muitas vezes, não teriam a chance de visitar a unidade industrial. Até o momento, foram alcançadas 1.141 pessoas, especialmente estudantes dos ensinos médio, técnico e superior, por meio de 23 visitas em instituições de ensino de quatro cidades da região: Cubatão, Santos, São Vicente e Praia Grande.
Confea - Como a empresa tem trabalhado para superar o estigma histórico que cercava a indústria de Cubatão entre os anos 1970 e 1980, especialmente em relação aos impactos ambientais?

Eng. quim. Damián Greco, diretor de Fábrica da Unipar de Cubatão - A Unipar sempre trabalhou com foco na sustentabilidade, na segurança operacional e no respeito ao meio ambiente e às comunidades locais. Essa é uma realidade que faz parte da essência da companhia e orienta todas as nossas decisões. Ao longo de 56 anos de história, a Unipar consolidou uma cultura fundamentada na convicção de que a sustentabilidade é condição essencial para a continuidade do negócio. Em Cubatão, essa visão se traduz em investimentos constantes em tecnologia, eficiência energética e preservação ambiental. Um dos exemplos mais relevantes é o projeto de modernização tecnológica da unidade, que resultará na redução de mais de 70 mil toneladas de CO₂ por ano. Além disso, a Unipar, na região, mantém 650 mil metros quadrados de áreas verdes, incluindo uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de 7 mil metros quadrados, sob gestão da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, um marco importante do compromisso da empresa com a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável da região. Por meio dessas iniciativas e de uma atuação pautada por ética, transparência e responsabilidade social, a companhia vem contribuindo para transformar a imagem histórica da indústria de Cubatão, mostrando que é possível unir desenvolvimento industrial e preservação ambiental, construindo um futuro mais sustentável e confiável para todos.

E assim, podemos ampliar nossa percepção sobre os fazeres tecnológicos, configurando muitas possibilidades de entretenimento e de aprofundamento de conhecimentos, por que não dizer culturais, reiteramos, por meio do turismo industrial. De um simples lazer a uma visita informalmente mais técnica. Desde aquela cervejaria preferida, a uma fábrica de veículos para conhecer ou conhecer melhor (inclusive porque mais à vontade) a área tecnológica do país. Das vinícolas gaúchas à Zona Franca de Manaus. Assim, que tal sair um pouco da rotina e incluir uma visita a uma indústria nas suas próximas férias?
E para quem puder dar uma esticada na 81ª Soea, que será realizada em Aracaju, de 13 a 16 de outubro do ano que vem, apresentamos no texto em anexo algumas dicas que não se restringem ao escopo desta matéria. Afinal, em todos os cenários naturais e culturais do pequeno, mas inigualável Sergipe, já estaremos sempre envolvidos pela tecnologia, graças ao celular nosso de cada dia. Além de registrar a visita, ele pode nos dar alguns “spoilers” sobre essas futuras experiências.
- Visitações a indústrias entre as manifestações naturais e culturais sergipanas
Com a contribuição da assessoria de comunicação do Crea-SE, indicamos algumas das atrações turísticas sergipanas, que não se restringem às indústrias propriamente. Começamos pelo Moinho de Trigo, na histórica São Cristóvão (quarto município mais antigo do país (1590) e Patrimônio Mundial da Humanidade). A cerca de 30 quilômetros dali, pode-se chegar a Laranjeiras, fundado em 1605 e que concentra casarões coloniais e manifestações culturais, ou à Barra dos Coqueiros, onde fica a maior usina termoelétrica a gás natural da América Latina, a Porto Sergipe.

Parque Cidade, em Aracaju: lazer em contato com a natureza
Já na capital, na bela orla de Atalaia, fica o oceanário gerido pelo Projeto Tamar, espaço de educação ambiental, voltado à preservação das tartarugas e outros animais marinhos. No bairro Industrial, onde outrora havia indústrias têxteis que lhe deram fama, às margens do rio Sergipe, é possível conhecer estruturas onde funcionaram fábricas e ainda o Moinho de Trigo da Sarandi e o Parque José Rollemberg Leite (Parque da Cidade), que abriga um teleférico e um minizoológico, além de extensa área e Mata Atlântica preservada. No bairro Jardins, outro parque, o Augusto Franco (Sementeira), apresenta um urbanismo atrativo, reunindo lago e pista de caminhada entre aves e árvores.

Museu da Gente Sergipana: um dos mais modernos do país, apresenta as tradições do Estado que receberá a Soea em 2026 Além de belezas naturais como o litoral de Aracaju, Estância e Pirambu, Sergipe também oferece empresas, indústrias e fábricas dos distritos industriais de Aracaju, Estância Propriá, Nossa Senhora do Socorro e Itabaiana. Mais distante, no extremo noroeste do Estado, fronteira com Alagoas, fica o Cânion do Xingó, com paredões de rocha banhados pelo São Francisco. Coroando toda essa riqueza natural e cultural, o Centro Histórico de Aracaju reúne mercados centrais, grandes símbolos a cidade. Perto de lá, também é possível conhecer o Museu da Gente Sergipana, que guarda muito sobre a história e a cultura do estado.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
Com a colaboração das assessorias de comunicação do Crea-SE e das instituições consultadas.
