Ordem dos Engenheiros celebra 89 anos de valorização de Portugal

 

Bastonário Fernando Santos recebe registro simbólico no Crea-SP, enquanto presidente Vinicius Marchese recebe cédula na Ordem dos Engenheiros: reciprocidade já ajudou oito mil profissionais
Bastonário Fernando Santos recebe registro simbólico no Crea-SP, enquanto presidente Vinicius Marchese recebe cédula na Ordem dos Engenheiros: reciprocidade já ajudou oito mil profissionais

 

Brasília, 24 de novembro de 2025.

Ao comemorar 89 anos, nesta segunda-feira (24/11), a Ordem dos Engenheiros (OE), entidade representativa dos profissionais portugueses, celebra também o Dia Nacional do Engenheiro. A programação comemorativa ocorreu neste final de semana, na Alfândega de Porto. A sessão solene do evento, apresentada pela diretora de Relações Públicas da Ordem dos Engenheiros, Sofia Gonçalves, foi marcada por homenagens, assinatura de convênios, posse de conselheiros e pela troca simbólica de cédulas profissionais entre o presidente do Confea, eng. Vinicius Marchese, e o bastonário Fernando Santos, e seus consequentes registros profissionais recíprocos nas entidades.

Ao saudar o momento, a cerimonialista destacou o “trabalho profundo e consistente” desenvolvido entre a OE e o Sistema Confea/Crea em favor da aproximação e do reconhecimento mútuo que já resultaram em mais de oito mil reconhecimentos profissionais nos dois países. A troca das cédulas simbolizou a relação de confiança entre as duas entidades congêneres. Um protocolo de cooperação estabelecido entre elas tem sido desenvolvido nos últimos anos, efetivando trabalhos profundos e consistentes de aproximação e cooperação.
 

Presidente Vinicius Marchese lembrou o orgulho de receber o registro profissional, ao compartilhar a experiência com o bastonário português na cerimônia de 89 anos da Ordem dos Engenheiros
Presidente Vinicius Marchese lembrou o orgulho de receber o registro profissional, ao compartilhar a experiência com o bastonário português na cerimônia de 89 anos da Ordem dos Engenheiros


“Em reconhecimento a esse percurso compartilhado e do espírito de reciprocidade que une as duas instituições, elas aprovaram um intercâmbio simbólico por meio das participações dos presidentes Fernando Santos e Vinicius Marchese”, disse, convidando para a troca das cédulas profissionais. “Motivo de tanto orgulho quando a conquistamos, essas carteiras profissionais são apenas um passo simbólico reafirmando essa parceria para que a gente continue evoluindo cada vez mais esse instrumento tão importante para os países e para as nossas empresas”, declarou o presidente Marchese, dando as boas-vindas do Sistema ao bastonário. A comitiva do Sistema contou ainda com as participações dos conselheiros federais eng. eletric. Sergio Maurício, eng. prod. Daniel Robles, eng. mec. Aysson Rosas Filho e eng. civ.Ana Adalgisa, além da presidente do Crea-AL, eng. civ. Rosa Tenório.

 

Dimensões de atuação da Ordem dos Engenheiros
Dimensões de atuação da Ordem dos Engenheiros para o próximo triênio

 

Metas da Ordem dos Engenheiros de Portugal
Em vídeo, a OE ressaltou as principais linhas estratégicas para o segundo mandato do bastonário engenheiro Fernando Santos, com duração até 2028, destacando a atuação da categoria em favor do desenvolvimento do país. Com a visão “O Futuro é Agora”, a OE trabalha com três dimensões de atuação: Engenharia XXI; Valorizar os Engenheiros e Valorizar Portugal. Elas foram sintetizadas em nove eixos de atuação.

•    O primeiro eixo de ação, Engenheiros para a Sociedade, pretende tornar os engenheiros portugueses protagonistas na resolução de desafios sociais, econômicos e ambientais, reconhecê-los por meio de premiações, investimentos em comunicação e fortalecimento do papel institucional estratégico para o desenvolvimento do país; celebrando os 90 anos da OE em 2026 e declarando 2027 como o Ano Engenharia e Sociedade;

•    Contribuição efetiva para as políticas públicas; estabelecimento de parcerias institucionais em favor da sustentabilidade; criação de selos de excelência a boas práticas de engenharia; posicionamento da engenharia como pilar da defesa e da segurança e ainda compliance e responsabilidade social fazem parte do eixo Portugal Sustentável, que pretende tonar o país exemplo de sustentabilidade ambiental, econômica e social;

•    A igualdade de gênero e a diversidade formam o terceiro eixo, respaldadas pelo compromisso com a inclusão e a igualdade de oportunidades; ações anuais de dimensão nacional e ainda pela manutenção da certificação em Igualdade de Gênero (GEEIS);

•    Transição 5.0. Esse eixo buscará liderar a transição energética e digital com foco humano, incentivando a regulação da Inteligência Artificial, com cibersegurança e proteção de dados; a promoção de energias limpas e sustentáveis e a valorização da energia do mar e do ambiente;  

O vice-presidente do Colegio de Ingenieros del Perú, eng. Carlos Manuel Burgos Montenegro, e o bastonário Fernando Santos assinaram o primeiro protocolo de reciprocidade entre as duas entidades
O vice-presidente do Colegio de Ingenieros del Perú, eng. Carlos Manuel Burgos Montenegro, e o bastonário Fernando Santos assinaram o primeiro protocolo de reciprocidade entre as duas entidades



•    A redução de assimetrias regionais e a promoção da equidade são os focos do Eixo 5: Coesão Territorial e Social. A coesão territorial é valorizada mundialmente em 2025, tema debatido pela OE ao longo do ano em favor da busca de soluções de ordenamento e investimentos. A busca pela certificação em responsabilidade social também é uma das metas do eixo, assim como o reforço ao programa Rotas do Bastonário;

•    O sexto eixo foca na Atração e Vinculação de Talento. Assim, a OE se compromete a incentivar a atração, retenção e valorização de talentos nacionais, através da sensibilização das crianças e dos jovens sobre a importância da Engenharia para a sociedade e o planeta; incentivo à inscrição na ordem como Membro Estudante; gratuidade para a inscrição de jovens engenheiros na Ordem; criação do Fórum Vinculação de Talentos junto a parceiros estratégicos; incentivo à criação da carreira pública de engenheiros; 

•    O posicionamento dos engenheiros como líderes na resolução de problemas do país; a contribuição para a formação contínua, por meio da Plataforma Nacional de Formação; o fortalecimento da relação com as universidades e o incremento à atribuição do selo de qualidade EUR-ACE no ensino superior integram as linhas de ação do eixo Conhecimento e Capacitação;

•    Maximizar o reconhecimento da engenharia portuguesa no mundo é o principal objetivo do eixo Cooperação Internacional. Serão nomeados representantes da OE em territórios internacionais com protocolos de reciprocidade. A criação da rede Enginet, no continente europeu, buscará o reconhecimento e a certificação europeia para facilitar a mobilidade profissional. A realização do Lisbon Engineering Summit 2026 e fortalecimento do Balcão digital na União Europeia também são linhas de ação;

•    O nono eixo, Prestígio e Excelência da Profissão, defenderá a ética, a integridade, a competência e a qualificação na Engenharia por meio do combate à intervenção de outras profissões no exercício legal da profissão; da promoção do seguro de responsabilidade civil obrigatório; da revisão e implementação da graduação de atos de engenharia e da consolidação do plano estratégico da profissão de engenheiro e do reforço do sistema de valorização profissional do engenheiro (Valor E); da implementação do currículo vitae certificado até 2028.

Bastonário e lideranças da Ordem dos Engenheiros, reunidos em Porto
Bastonário e lideranças da Ordem dos Engenheiros, reunidos em Porto

Valorizar Portugal
Bastonário da Ordem de Engenheiros de Portugal, Fernando de Almeida Santos iniciou sua fala ao mencionar que valorizar os engenheiros é valorizar Portugal. “Se quisermos ser competitivos dentro da Europa, é importante que a Ordem dos Engenheiros continue a fazer a diplomacia económica de engenharia que muito tem apoiado o tecido empresarial português. Não andamos a passear, andamos a trabalhar em prol de Portugal, apoiando aquilo que o país mais necessita: talento. Portugal depende da nossa boa engenharia para ser um país ainda melhor”.

Santos fez pontuações sobre o excesso de protocolos no país luso, que muito se assemelham a queixas de brasileiros. “O excesso de poder intermédio das organizações leva a um resvalar de opções políticas, como subopções políticas encapotadas de técnicas que implicam uma exagerada caminhada temporal entre a decisão e o fazer, com prazos administrativos por vezes muito superiores aos prazos de execução, em claro prejuízo de Portugal, seja nos custos do não fazer, seja na falta de desenvolvimento atempado ou adequado, seja na inerente fuga de talento; tudo é prejuízo para a sociedade. Não sou um crítico interno, sou um otimista moderado. Mas temos um plano rodoviário nacional de 1980 que, por exemplo, ainda tem eixos estratégicos por concluir”. 

Entre os projetos mencionados, está a publicação de um livro sobre os 50 anos da engenharia na democracia. “Portugal era um país muito diferente há 50 anos, e muito dessa mudança se deve aos engenheiros”. Há 51 anos atrás, Portugal passava pela Revolução dos Cravos, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e que iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático e com a entrada em vigor da nova Constituição.

 

Presidente do Conselho Diretivo da Região Norte, eng. Bento Aires
Presidente do Conselho Diretivo da Região Norte, eng. Bento Aires

 

Os desafios da profissão foram destacados pelo Presidente do Conselho Diretivo da Região Norte, eng. Bento Aires, incluindo a segurança, o ambiente, a mobilidade, a habitação e a privacidade digital. “São necessidades básicas de cada um de nós. E nós engenheiros somos agentes de força. É conosco que esses desafios têm que ser resolvidos”. Em relação ao futuro, reconhecendo a relação da engenharia com a tecnologia, ele sugeriu que “somos agentes deste futuro com equidade, da paz social, da igualdade e da democracia”, citando o escritor moçambicano Mia Couto: “É para isso que servem os caminhos: para nos fazerem parentes do futuro”, concluindo que “sermos caminho, sermos futuro é a missão da engenharia e dos engenheiros”.
 

Sobre Porto

A Solenidade em celebração aos 89 anos da OEP e ao Dia Nacional do Engenheiro (em Portugal) foi realizada nos dias 22 e 23 de novembro na cidade de Porto. Portuária e mercantil desde a Idade Média e, posteriormente, também industrial, Porto é conhecida como cidade do trabalho. A Academia Politécnica de Porto foi fundada em 1837 e ajudou a desenvolver as ciências industriais do país. Situada na região noroeste de Portugal, Porto firmou, então, forte tradição no ensino e na aplicação dos diversos ramos da engenharia.

Beatriz Leal e Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea