Crea-PB foca no atendimento virtual, equidade e participação social

Presidente do Crea-PB Antonio Carlos de Aragão
Coordenador do Colégio de Presidentes do Sistema Confea/Crea em 2020 e 2019, o presidente reeleito do Crea-PB, Antonio Carlos de Aragão apresenta sua visão do Sistema para o próximo triênio

Brasília, 19 de novembro de 2020.

O segundo mandato do presidente do Crea-PB, eng. civ. Antonio Carlos de Aragão, pretende incrementar as linhas de atuação e inovar em aspectos relacionados à gestão e à participação social do Regional. A experiência em cargos na Associação Brasileira de Engenheiros Civis – Abenc-PB, na Mútua e no Regional ganha agora o desafio de aproveitar a experiência vivenciada com a pandemia para otimizar os serviços prestados pelo Regional. “Não pode haver empecilho ou obstáculo para que o profissional ou o cidadão acesse o serviço do Crea e, que ele tenha a opção presencial ou virtual com a mesma agilidade, o mesmo comprometimento dos colaboradores em resolver todas as demandas que esses profissionais e a sociedade de uma maneira geral  solicitam ao Crea-PB”, diz.

A atuação do Regional em prol da equidade de gênero, desde a gestão da ex-presidente Giucélia Figueiredo, também é destacada pelo engenheiro civil que coordena o Colégio de Presidentes do Sistema Confea/Crea ao longo deste ano, repetindo sua experiência em 2019. “Nós temos a presença feminina em vários cargos chave do Crea e vamos buscar avançar e ter uma maior representação feminina no plenário e também quanto às inspetorias”, descreve.

Para o próximo mandato, Antonio Carlos de Aragão pretende ainda que o Crea contribua “efetivamente com o debate dos grandes temas da sociedade, e contribuir não só expressando opinião, mas trabalhando junto com os órgãos representativos da sociedade para que efetivamente nós possamos nos legitimarmos e levarmos ao conhecimento dessa sociedade, através de uma resposta efetiva, a importância da existência do nosso sistema profissional”.

Confira a íntegra da entrevista a seguir.


Site do Confea: Pode nos falar um pouco sobre sua trajetória até chegar na presidência do Crea?
 

Antonio Carlos de Aragão - Sou Engenheiro civil, formado pela Universidade Federal da Paraíba, e empresário. Ao longo da minha trajetória, ocupei vários cargos nas entidades representativas da Engenharia. Fui superintendente e vice-presidente do Crea-PB, Diretor do Clube de Engenharia da Paraíba, Presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis/PB – Abenc-PB e Diretor da Associação Brasileira de Engenheiros Civis – Abenc. Coordenei a Comissão de Ética e de Renovação do Terço do Crea-PB, assumi a Coordenadoria Nacional das Câmaras Especializadas de Engenharia Civil do Confea, fui Diretor Regional da Mútua-PB e coordenei o Colégio de Presidentes do Sistema.

Site do Confea: Quais iniciativas foram tomadas que terão continuidade no segundo mandato, principalmente dentro da temática equidade de gênero?

Antonio Carlos de Aragão - É algo que já existe efetivamente no Crea-PB. Começou a ficar mais forte na eleição da primeira mulher presidente, Giucélia Figueiredo. E nós temos a presença feminina em vários cargos chave do Crea, como Chefia de Gabinete, Controladoria, Ouvidoria, Assessoria Jurídica e Comunicação, por exemplo. Então, o gabinete é composto 100% por mulheres. Temos a controladora que é mulher. Nós temos a chefe do setor de divida ativa que é mulher. Não porque são mulheres simplesmente, mas porque são de fato competentes. O que nós vamos buscar avançar é ter uma maior representação feminina no plenário e também quanto aos inspetores. Nós vamos realizar, no começo de 2021, uma consulta para indicação dos inspetores titulares e auxiliares nas sete inspetorias do Crea-PB. Vamos incentivar a participação feminina nesse processo e também nas eleições e indicações que ocorrerão pelas entidades e pelas instituições de ensino para composição do plenário de 2021.

Site do Confea: O senhor acredita que esse crescimento da representação feminina no Sistema já é fruto do Programa Mulher?

Antonio Carlos de Aragão - No Crea da Paraíba, especificamente, não. O Crea da Paraíba tem esse olhar já desde 2012, com a eleição da primeira mulher presidente, Giucélia Figueiredo; mas em nível nacional, eu acredito que os resultados estão aparecendo. Devido à pandemia e ao afastamento de 7 meses para concorrer à eleição, eu não tenho notícias do que efetivamente aconteceu, mas nós temos aí várias mulheres que foram eleitas e reeleitas nos Creas, assim como várias diretoras da Mútua em nível de Brasil. Isso pode ser que seja uma consequência do Programa Mulher, mas eu não teria como avaliar.

Site Confea: Qual a importância de trabalhar essa equidade de gênero, principalmente no Sistema Confea/Crea?

Antonio Carlos de Aragão - É importante, assim como trabalhar todas as minorias. O Crea da Paraíba é um Crea plural, que respeita e incentiva a participação feminina, que defende a equidade de gênero. Da mesma forma, não existe nenhum tipo de discriminação quanto à raça, orientação sexual ou qualquer tipo de atitude institucional que segregue ou discrimine qualquer tipo de pessoa. O olhar que o Crea-PB tem é amplo e acolhedor, para todas as pessoas que efetivamente possam dar sua contribuição. É necessário - e o Crea-PB faz sua parte- que existam o respeito e a inclusão desses indivíduos e dessas mulheres, dos diversos gêneros. Eu, pessoalmente, sou contrário a que você privilegie ou desfavoreça alguém simplesmente por ser homem, ou ser mulher, branco, preto, amarelo, asiático ou o que quer que seja; a competência e o desejo de contribuir têm que estar atrelado a isso.

Site do Confea:  Neste triênio à frente do Crea, quais os principais desafios já mapeados que demandam esforço e atuação? Eles constam da agenda de prioridades, como serão tratados e quais resultados positivos irão gerar?

Antonio Carlos de Aragão - Quando nós apresentamos o nosso programa de propostas para levar aos profissionais e concorrer à reeleição, existia uma realidade; veio a pandemia e mostrou uma realidade diferente. Hoje, nós temos que trabalhar ainda mais a questão do atendimento não presencial, então, não pode haver empecilho ou obstáculo para que o profissional ou o cidadão acesse o serviço do Crea e, que ele tenha a opção presencial ou virtual com a mesma agilidade, o mesmo comprometimento dos colaboradores em resolver todas as demandas que esses profissionais e a sociedade de uma maneira geral  solicitam ao Crea-PB. Este é o primeiro ponto. Nós tivemos também uma realidade diferente trazida pela pandemia, que é a questão da sustentabilidade. É uma preocupação muito grande que nós temos de otimizar o funcionamento do Crea-PB, no sentido de cortar custos e utilizar os recursos, que são públicos, com mais eficiência, para que nós continuemos a oferecer os serviços que o Crea-PB presta de maneira séria, de maneira organizada e que atenda aos interesses da sociedade e dos profissionais. Isso está intimamente ligado ao fato de que nós precisamos nos inserir nos grandes temas que estão em discussão na sociedade. O Crea-PB não pode se isolar e ser simplesmente um cartório, onde você paga anuidade, faz Anotação de Responsabilidade Técnica, pede certidão etc. Que a gente possa contribuir efetivamente com o debate dos grandes temas da sociedade, e contribuir não só expressando opinião, mas trabalhando junto com os órgãos representativos da sociedade para que efetivamente nós possamos nos legitimarmos e levarmos ao conhecimento dessa sociedade, através de uma resposta efetiva, a importância da existência do nosso sistema profissional.

Site do Confea:  O senhor acredita que o Sistema Confea/Crea e Mútua demande alguma readequação de seus procedimentos? Por quê? Se sim, qual tipo de reestruturação é necessária e como a sua gestão irá atuar neste sentido?

Antonio Carlos de Aragão - É preciso olharmos e analisarmos todos os procedimentos que o Crea hoje tem internamente para que eles sejam tratados de forma mais eficiente. Nós temos o procedimento para registro de empresas, por exemplo. Então, o que pode ser feito para melhorá-lo? O que pode ser feito de forma automática pelo nosso sistema corporativo? O que nós podemos fazer para que as decisões dos órgãos colegiados possam ser mais rápidas?  Paralelamente a isso, através do Colégio de Presidentes e dos demais órgãos colegiados, como o Colégio das Entidades Nacionais e as coordenadorias de Câmaras Especializadas, fazer as propostas ao Confea, que são necessárias para que o Sistema como um todo seja eficiente. Hoje, nós, Creas, sofremos muito por conta de uma legislação que precisa ser revista, com muitas resoluções ultrapassadas. É preciso que o plenário do Conselho Federal – inclusive, todo o corpo funcional -  comece a se debruçar sobre esses assuntos para tornar o Confea também mais eficiente. Como Sistema, nós não podemos ter um Crea eficiente e um Confea ineficiente, ou vice-versa. É uma necessidade urgente do Confea rever os seus procedimentos também, assim como nós, Creas, estamos fazendo, para que possamos dar respostas rápidas e precisas a todas as demandas que chegam. Para isso, acredito no compromisso do presidente Joel, que foi reeleito para o período de três anos, mas ciente de que não depende só dele, mas também dos Conselheiros Federais e principalmente do corpo funcional do Confea.

Site do Confea:  O senhor acredita que a integração dos Creas dentro da região geográfica e de forma nacional é importante? Se sim, quais caminhos possíveis, dos pontos de vista institucional e político? Quais vantagens esse movimento pode gerar para o Sistema e para os profissionais do setor?

Antonio Carlos de Aragão - Bom, o Brasil é um país muito grande, com diferenças regionais muito presentes e intensas. Então, uma coisa que é importante para um Crea da região Norte, pode não ser importante para um Crea da região Sul porque as realidades são diferentes. Neste sentido, é de fundamental importância a existência dos fóruns regionais para que possam debater os seus problemas, levar esses problemas ao Confea, para que o Confea consiga mitigar ou diminuir esses problemas, e também levar aos demais Creas, porque algum problema que, porventura, nós tenhamos hoje, pode acontecer numa outra região. Por esta razão, o Colégio de Presidentes já solicitou do Confea, e não foi aprovado, mas nós vamos reapresentar uma proposta, para oficializar uma coisa que já existe hoje, que são as reuniões regionais. Os presidentes de Creas se reúnem por região para debater os seus problemas específicos e são apresentadas propostas nas reuniões nacionais do Colégio de Presidentes, de maneira informal. É necessário que o Confea institucionalize os fóruns regionais, portanto.

Site do Confea:  Muito se fala na responsabilidade e habilidades dos profissionais registrados no Sistema Confea/Crea como contribuições diretas para o desenvolvimento do Brasil e para a implantação de políticas públicas que levem à retomada do crescimento nacional. Qual sua opinião sobre essa viabilidade?


Antonio Carlos de Aragão - Isso é de fundamental importância, porque em todos os setores da sociedade brasileira, hoje, as profissões que são abrangidas pelo sistema Confea/Crea lidam e influenciam diretamente na vida das pessoas. Elas podem influenciar bem ou mal, então, nós temos aí uma operação Lava Jato que, se você olhar profundamente, é decorrente de coisas que aconteceram com profissionais e com empresas, com obras e serviços que afetam o nosso Sistema e isso teve um impacto muito grande na sociedade. Esse é só um exemplo do que pode acontecer. Pode acontecer de haver desvios de condutas de profissionais que levem às coisas que aconteceram na operação Lava Jato, que basicamente começou com desvios de recursos de dinheiro público para interesses que não eram da sociedade, através de obras e serviços da engenharia. Essa é a parte negativa. A parte positiva, aí nós temos a internet 5G, que está para ser implantada. Isso é Engenharia. Nós temos a questão do meio ambiente, que é Engenharia. A questão da mineração é também Engenharia. Nós tivemos o apagão no Amapá e isso é Engenharia. Existem alguns tipos de profissões que permeiam e passam por todos os setores da sociedade; e a Engenharia é uma delas. Temos primeiro a língua, que permite a comunicação, sem a qual, de modo geral, não haveria desenvolvimento; e a outra que eu poderia dizer é a Engenharia, que está presente em tudo que possamos imaginar na nossa vida. Quando eu falo Engenharia, falo da Agronomia e de todas as demais profissões que estão no Sistema Confea/Crea, então, a gente tem a consciência da importância do nosso Sistema, mas é preciso levar à sociedade isso, já que muitas vezes não existe essa percepção.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea com colaboração de Grazielle Uchôa (Crea-PB)