
Vitória (ES), 8 de outubro de 2025.
Com o olhar para o futuro, a nova geração da engenharia, agronomia e geociências debateu temas como divulgação de serviços técnicos em redes sociais e aplicação de BIM e Laser Scanner nas atividades profissionais, na tarde desta quarta-feira (8), durante a 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), em Vitória (ES).
O Fórum Jovem recebeu a consultora e professora da disciplina de Marketing e Empreendedorismo no Curso de Georreferenciamento de Imóveis Rurais e Urbanos do IQuali, Alice Vargas, para conversar sobre como os profissionais podem usar as redes sociais para se posicionar, divulgar e vender serviços técnicos. Para a autora do livro “Marketing de Serviço para Geotecnologias”, é fundamental que os profissionais percebam que seu serviço tem valor e que podem se diferenciar dos concorrentes com simples ações, como entender o cliente, estruturar a comunicação e criar uma presença digital consistente. “Vivemos na Era da Atenção, onde quem detém atenção, detém a decisão do cliente”, frisou a especialista que atua há mais de 20 anos na área.
De acordo com Alice, o bom resultado depende da construção de cinco pilares. O primeiro é a conexão: conhecer o público, participar de conversas e gerar lembrança são passos fundamentais para se aproximar das pessoas. O segundo é a coerência, que permite transmitir com clareza os valores e propósitos para o cliente. Em seguida vem a confiança, ponto de partida para se tornar referência na área, segundo a especialista: “Confiança e reputação são a base da autoridade e credibilidade”. O quarto pilar é o alcance, que garante visibilidade e gera oportunidades de negócio. Por fim, o relacionamento consolida o vínculo com o público seja por meio da criação de grupos exclusivos, publicações de agradecimentos ou convites para os seguidores compartilharem conteúdos.

Falar em público é uma oportunidade
Na mesma linha de inspirar transformações no mercado de trabalho, a engenheira civil e especialista em Neuromarketing e Neurociência Josiane Rocha compartilhou dicas para vencer a timidez e se comunicar com confiança. “Se você é muito bom no que faz, você precisa falar; caso contrário, somente você vai saber disso. As pessoas bem-sucedidas têm a melhor comunicação para se vender. Então, você precisa trocar o comando do seu cérebro, entendendo que falar em público não é ameaça, mas uma oportunidade”, orientou a especialista que já atuou em grandes empresas como Nubank e Falconi.
Mas antes de alcançar o sucesso profissional, Josiane enfrentou desafios marcantes. “Foi o Crea-JR me fez falar com pessoas e palestrar”, disse, ao relembrar que já chegou a desmaiar durante uma apresentação. Hoje, com desenvoltura no palco, ela transforma sua trajetória em exemplo e transmite suas melhores técnicas ao público. “Falar de forma difícil ou com muitas gírias, ser técnico demais ou prolixo não ajuda. A comunicação precisa ser o seu superpoder para romper o silêncio. Se você quer ser visto, você tem que ser ouvido”, pontuou.

Fórum Jovem: integração e contato com a prática
Para a coordenadora Nacional do Crea-JR, Thays Casais, o Fórum Jovem é uma oportunidade para que estudantes e recém-formados se aproximem da realidade do mercado. “Essa troca permite entender não apenas a teoria, mas também as ferramentas e as estratégias que podem ser utilizadas na prática, ampliando a visão sobre as possibilidades da engenharia e fortalecendo também a integração com os desafios atuais da profissão”, destacou.

Segundo Thays, acompanhar as transformações tecnológicas exige dos jovens engenheiros mais do que conhecimento técnico. “Os jovens profissionais precisam desenvolver habilidades de adaptação e aprendizado contínuo, pois a tecnologia evolui muito rápido. Competências digitais, pensamento crítico, atenção às inovações e capacidade de trabalhar em equipe são essenciais. Outro ponto fundamental é a comunicação: saber traduzir o conhecimento para diferentes públicos, seja em falas, relatórios, apresentações ou redes sociais, agrega muito valor para o profissional”, sugeriu a coordenadora.

Conhecimento técnico
A rodada de palestras seguiu com cases de sucesso sobre o tema “BIM e Laser Scanner transformando as engenharias”, apresentado pelos especialistas eng. civ. Paulo Roberto de Farias, da CTS BIM, e o eng. agrim. Matheus Barbosa, da Topofly Engenharia. A seguir, confira entrevista que os dois concederam ao site do Confea:
>> Laser Scanner
Confea: Explique, em linhas gerais, o tema central da sua palestra na Soea sobre “Laser Scanner transformando as Engenharias”?
Matheus Barbosa: O Laser Scanner vem se consolidando como uma ferramenta essencial para levantamentos de estruturas, áreas e infraestruturas, permitindo coletar informações com altíssima precisão, rapidez e riqueza de detalhes, gerando modelos 3D que abrem novas possibilidades tanto em projetos quanto em gestão de obras. Essa tecnologia em si, vem causando grande impacto no mercado, trazendo esse novo jeito de transformar o mundo físico para o virtual nas áreas como topografia, cartografia, construção civil, mineração e energia.
Confea: De que forma o uso do Laser Scanner tem revolucionado os processos de topografia, cartografia e mapeamento aéreo no Brasil? Quais são as principais vantagens do Laser Scanner em comparação com métodos tradicionais de levantamento, especialmente em grandes obras de infraestrutura?
Matheus Barbosa: O uso do Laser Scanner mudou radicalmente a forma de coletar dados topográficos. Antes, com métodos tradicionais como estação total ou GPS RTK, os levantamentos eram mais demorados, pontuais e exigiam maiores equipes e mais tempo em campo. Hoje, conseguimos capturar milhões de pontos por segundo, criando uma nuvem densa que descreve fielmente o terreno ou a estrutura. São inúmeras vantagens, como: redução de tempo em campo, redução de custos e aumento de lucratividade, dados em alta precisão, maior segurança, pois evita exposição do profissional em locais de risco e uma grande riqueza de detalhes.
Confea: De que maneira o avanço da inteligência artificial pode se conectar ao uso do Laser Scanner, transformando dados coletados em informações estratégicas para tomada de decisão?
Matheus Barbosa: A inteligência artificial é o próximo passo para potencializar o Laser Scanner. Hoje, já conseguimos coletar dados com uma riqueza de detalhes enorme, mas o desafio é transformar essa nuvem de pontos coletada através do Laser Scanner a realizar uma classificação automática da nuvem de pontos e identificar anomalias em tempo real. São uns dos pontos que a IA irá ajudar com essa integração.

>> Building Information Modeling
Confea: Quais são os principais impactos do BIM na rotina dos profissionais de engenharia, desde o planejamento até a execução das obras?
Paulo Roberto de Farias: O BIM se aplica em todas as etapas do ciclo de vida de uma construção, desde a fase de planejamento até projeto, construção e operação. O BIM junto ao Laser Scanner pode ser aplicado na modelagem de condições existentes e na coordenação espacial 3D, também conhecida como compatibilização de projetos. O BIM e o Laser Scanner juntos garantem um alto nível de precisão e confiabilidade das informações gerenciadas e entregues durante esse processo de ciclo de vida da construção. Então, o principal ganho do BIM é precisão e produtividade durante todo esse processo.

Confea: Que habilidades e competências os engenheiros precisam desenvolver para se destacar em um mercado cada vez mais orientado pelo BIM?
Paulo Roberto de Farias: Para se destacar em um mercado cada vez mais orientado pelo BIM, os engenheiros precisam desenvolver uma combinação de habilidades técnicas e habilidades comportamentais. Falando mais sobre o lado técnico, é essencial dominar software de modelagem, software de compatibilização, software de planejamento. Mas tão importante quanto isso são as habilidades de gestão, comunicação e colaboração, já que o BIM exige trabalho em equipe, visão integrada do projeto, uma certa capacidade de interpretar e compartilhar dados. Além disso, é fundamental ter uma mentalidade de aprendizado contínuo, já que a tecnologia e os padrões evoluem constantemente e ainda mais agora que a gente está vivendo a quarta revolução industrial, que é a indústria 4.0.
Reportagem: Julianna Curado (Confea)
Equipe de Comunicação da 80ª Soea
Fotos: Sto Rei e Impacto/Confea