Morre a primeira engenheira eletricista do Brasil

Brasília, 26 de junho de 2017

O Confea lamenta a morte da carioca Maria Luiza Soares Fontes, profissional de enorme relevância para o Sistema Confea/Crea e Mútua, para os engenheiros eletricistas e mecânicos e para as mulheres brasileiras: ela foi a primeira mulher a se formar, em 1950, em engenharia elétrica/mecânica, no Instituto de Engenharia de Itajubá, em Minas Gerais - recebendo o diploma das mãos do ex-presidente Juscelino Kubitschek, à época governador do estado.

Aos 92 anos, Maria Luiza faleceu na última quarta-feira (21/6). “Sempre quis ser independente e achei que conseguiria com a engenharia, apesar de ter ficado apreensiva pelo fato de saber que eu seria a única mulher na turma", contou Maria Luiza, quando, em 2010, concedeu entrevista ao site do Confea, publicada no Dia Internacional da Mulher daquele ano. Na ocasião, a engenheira disse que contou com incentivo do pai para "segurar o tranco".

"Maria Luiza há sete anos, quando concedeu entrevista ao Confea"

Após formada, retornou ao Rio de Janeiro, onde trabalhou no setor de padronização do Plano Postal, que pertencia aos Correios e Telégrafos. "Fazia especificações para montagem de subestações, de qualidade de fios de cobre com alma de aço para linhas aéreas, de cabos subterrâneos, de qualquer material necessário a ser comprado para uso dos Correios", escreveu o presidente do Crea-RJ, Reynaldo Barros, em nota de pesar.

No início da década de 60, a engenheira ganhou uma bolsa de estudos do governo francês para fazer um curso de mecanização postal com duração de dez meses em Paris. Ela visitou, ainda, diversas outras cidades da França e da Alemanha para conhecer os centros de triagens dos serviços postais dos correios. À época, esse serviço ainda era feito manualmente no Brasil. Ela chegou a ser convidada para trabalhar fora do país, "mas a maternidade me impediu. Não fiquei triste com isso, apenas pensei nas minhas filhas naquele momento”, recordou-se naquela entrevista concedida ao Confea.

"Maria Luiza com os amigos engenheiros"

Na nota publicada pelo presidente do Crea-RJ, ele recorda: "Maria Luiza gostava de contar que nas aulas que eram ministradas no campo, ela viajava sempre na caçamba do caminhão. Segundo ela,  era uma aluna como os outros, e seus colegas não a deixavam ir na cabine. Ela concordava por achar que os direitos eram iguais. Ainda segundo a engenheira, ficar repetindo ou apontando a competitividade como a capacitação, como o desempenho entre a mulher e o homem é simplesmente manter uma postura de querer determinar quem é inferior".

Equipe de Comunicação do Confea
Com informações do presidente do Crea-RJ