Mulheres criam tecnologia de assistência técnica rural

Brasília, 5 de novembro de 2025

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Na noite desta terça-feira (4/11), mulheres engenheiras de diversas modalidades se reuniram no Espaço Confea X de Florianópolis (SC), localizado dentro da Associação Catarinense de Tecnologia (CAT). Era a Trilha Nacional de Capacitação do Programa Mulher do Sistema Confea/Crea e Mútua da Região Sul, com debates sobre mulheres e mercado de trabalho.

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Caroline Pimenta, COO da Maneje Bem

Na ocasião, as participantes assistiram à palestra da doutora em Agronomia Caroline Pimenta, COO da Maneje Bem, empresa que cria ferramentas que auxiliam técnicos e agrônomos no campo, principalmente na assistência rural. “A minha tecnologia aumenta em média cinco vezes a capacidade de trabalho do técnico. Um técnico que hoje atende 20 a 30 produtores por mês vai conseguir atender em torno de cem produtores ou mais por mês. Então eu consigo aumentar a renda dele. Os produtores que ele atende conseguem aumentar em 21% a sua produtividade em um ano”. As ferramentas variam desde atendimento online a captura de dados. Com parceria da doutora em biotecnologia Juliane Blainski, a Maneje Bem foi fundada em 2018.

 

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Marina Laus. sócia-fundadora da Hidraconecta



Saneamento com informação

Prover a infraestrutura e comunicar sobre os corretos uso e manutenção. Esse é o trabalho da Hidraconecta empresa fundada pela engenheira sanitarista Marina Laus, última palestrante da noite. “A maior parte dos municípios não tem acesso à rede de esgoto e à água potável e a população não tem conhecimento sobre a importância que essa estrutura tem para ela, os impactos na saúde. Além de desenvolver esses serviços, nossa empresa busca entregar uma comunicação assertiva”.


Empreendedorismo com vulnerabilidade

Após ler um texto de um programa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae sobre empreendedorismo - não basta querer chegar no topo da montanha, deve-se estudar as trilhas, conhecer as ferramentas, calcular os riscos, preparar-se fisicamente, etc -, a primeira palestrante da noite, a consultora de marketing Elisa Cancelier, pediu para que as participantes anotassem três qualidades sobre si. “Homem está acostumado a saber suas qualidades, a gente não. A gente não foi criada desse jeito”, ponderou. “Então, para nós realmente às vezes é um desafio um pouco maior, mas vamos matar no peito e vamos embora, porque é assim mesmo. Depois o sucesso vai ser maravilhoso”.

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Consultora de marketing Elisa Cancelier

Cancelier pontuou que muitas vezes mulheres têm dificuldade de reconhecer aquilo que já construíram. “Engenheiras, vocês têm negócio? Sim, senhoras. Quando a gente começa a olhar para o nosso CNPJ realmente como um negócio, a gente começa a profissionalizar de fato e não olhar como, ‘ah, é só meu escritório, ah, mas eu só faço às vezes um projeto ou outro’ ou ‘ah, eu trabalho sozinha, não tenho funcionário, ah, misturo a conta pessoal’. Calma. Uma coisa de cada vez. É CNPJ. É a sua marca. É negócio. Ponto”.

A palestrante indicou leituras e documentários da pesquisadora americana Brené Brown, que aborda temas como vulnerabilidade, vergonha, coragem e empatia como componentes de força em vez de fragilidades. “Sempre digo para o meu pai: você nunca vai saber o que é ser mulher. A primeira coisa em que pensamos quando acordamos é no que vamos vestir quando sairmos de casa”, brincou melancólica. “Quando nos chamam de sensíveis, raramente é de uma maneira positiva. A gente é sensível positivamente. Sensibilidade é coragem”. Para Elisa, não é possível que um homem saiba o que é ser uma mulher, mas eles podem livrar espaços de evidência, de protagonismo, e plataformas.

A Trilha Nacional de Capacitação do Programa Mulher do Sistema Confea/Crea e Mútua da Região Sul contou ainda com falas da CEO da empresa especializada em acústica e vibração Laepi, Nina Rosa, e da engenheira Núbia da Luz, diretora administrativa da Mútua-SC.

Beatriz Leal
Equipe de Comunicação do Confea