Brasília, 10 de outubro de 2014.
“As últimas diretrizes curriculares do Mec são de 2006. Precisamos de novas diretrizes curriculares, envolvendo a extensão rural, modificando, assim, todo o projeto pedagógico. Então, esperamos tirar uma opinião dessas três entidades, que deverá ser levada à reunião com o Conselho Nacional de Educação, em dezembro”, sugere Salati, integrante da Comissão de Educação e Atribuição Profissional (Ceap), do Confea. Ele também estipula que outro momento importante para a área será a discussão em torno do Receituário Agronômico, promovida pela Confaeab, nos dias 14 e 15 próximos, em Belo Horizonte. “Não podemos confundir receituário com receita. O receituário é muito mais abrangente, envolve toda uma região e compromete aplicadores (mão de obra) e o destino final (consumo)”, destaca.
Produtividade
Para o engenheiro agrônomo José Geraldo Baracuhy, um dos responsáveis pelo sucesso da primeira edição do Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (Contecc), realizado pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), durante a 71ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia, em Teresina, no mês agosto deste ano, o avanço da Agronomia mundial, em particular a do Brasil, passa pela inovação no campo da variedade, da produtividade e da eficiência. O resultado desse permanente processo de evolução desta ciência é que “a Agronomia provou que a tese de Malthus estava errada”.
A afirmação destaca a posição do economista e demógrafo britânico Thomas Malthus, cuja teoria populacional, sugeria, em fins do século XVIII, que a produtividade de alimentos cresce em progressão aritmética, enquanto a densidade populacional avançaria em progressão geométrica. “Temos crescido muito, transformando terras antes improdutivas como o cerrado em uma das regiões mais produtivas do mundo, e conseguimos, ao longo desses últimos 25, 30 anos, não só aumentar safras, que hoje beiram 200 milhões de toneladas, enquanto, por volta de 1975, elas estavam em torno de 30, 40 milhões de toneladas. E com um reflexo social muito importante, o alimento ficou muito mais barato, incluindo os principais alimentos”.
PIB e responsabilidade social
Diretor institucional do Conselho Diretor do Confea, membro da Comissão de Educação e Atribuição Profissional (Ceap) e conselheiro representante das instituições de ensino superior do grupo Agronomia, no Confea, José Geraldo Baracuhy ratifica a importância do agronegócio para o crescimento do PIB brasileiro. “A economia do país depende muito da Agronomia, uma atividade que está antes da porteira, para o insumo chegar à produção, atrás da porteira e depois que sai da propriedade, quando se define se o produto vai ser processado ou in natura. Então, essa cadeia fundamental para o desenvolvimento do país envolve uma gama de serviços cuidados pelo engenheiro agrônomo”.

Outro ponto destacado por José Geraldo Baracuhy é que a competitividade do mercado levou a uma maior concorrência para os egressos no curso. “As tecnologias hoje são importantes para a metodologia de ensino, como o uso do GPS e as tecnologias de controle, conhecimentos ligados a tendências internacionais, que temos que repassar para os alunos para que haja uma aplicabilidade dos conhecimentos futuros”. Assim, o conselheiro define a adequação às habilidades curriculares.
“O avanço cotidiano da tecnologia renova o projeto curricular. Vamos discutir em Areia, no final do mês, a experiência de várias universidades da modalidade da Agronomia. Portanto, envolvendo não apenas os engenheiros agrônomos, será um momento mais sistêmico, discutindo as nossas competências, uma vez que não temos muitos conflitos”, diz, considerando ainda que a Agronomia tem uma participação efetiva no plenário do Confea. “Temos prestado relevantes serviços ao Sistema, em matérias relativas a todas as modalidades”.
Sustentabilidade
A responsabilidade social do engenheiro agrônomo é lembrada também pelo conselheiro suplente do Rio Grande Norte, eng. agr. Emmanoel Mateus Alves Costa. “A profissão de engenheiro agrônomo tem um caráter forte, tanto na questão econômica, como no social, porque ela trata da geração de alimentos”, diz, lembrando que a profissão foi a primeira a ser regulamentada no país.
Emmanoel também traça um paralelo com a temática da sustentabilidade. “Este é o grande desafio atual, encontrar mecanismos sustentáveis para dar alimento a seis ou oito bilhões de pessoas nas próximas décadas”. Para ele, o engenheiro agrônomo está ocupando seu devido espaço em relação às políticas públicas do país, ao tratar de perto de temas como alimentos, recursos naturais, vegetações ciliares e florestas.
“Estas foram, durante muito tempo, destruídas para abrir fronteiras agrícolas, e hoje não, o que remete a políticas públicas mais voltadas à questão da preservação. Assim, algumas ações estão fortemente demandadas, como o Cadastro Ambiental Rural, identificando toda a estrutura agrícola e natural, áreas de preservação permanente, reservas naturais, orientando para que a fronteira agrícola respeite a questão ambiental”.
Segundo ele, o Sistema tem participado, por meio da CCEAGRO, diretamente deste debate. “Em setembro, estivemos reunidos em Natal e discutimos o porquê de não estar sendo exigida a presença do engenheiro agrônomo, inclusive com a emissão da ART, no Cadastro Ambiental Rural. Em cima do cadastro, vai ser elaborado o plano de reflorestamento da área degradada. E dessa forma, ele será fora da realidade”.
Outro conselheiro federal bastante envolvido com a discussão ambientalista é o representante do Crea-RJ, Ibá dos Santos Silva. Com vasta atuação na área, atuando de perto em unidades de conservação, como as Áreas de Preservação Ambiental (Apas) e outras e ocupando cargos como o de diretor do Departamento de recursos Naturais da Secretaria de Agricultura do Rio de Janeiro (que daria origem ao Instituto Estadual de Florestas e ao atual Instituto Estadual do Ambiente - Inea), o engenheiro agrônomo também participou de vários eventos relacionados ao meio ambiente, desde a ECO-92, até a recente Rio + 20, em 2012, já representando o Confea e ajudando a promover um acordo de cooperação técnica entre o Confea e o ministério do Meio Ambiente que ainda tem gerado frutos, ao ampliar o debate em torno de temas como recuperação de encostas, resíduos sólidos e aproveitamento de resíduos orgânicos para a produção de adubos.
“Ao longo desse tempo, fui percebendo mais claramente que não havia só o sistema clássico de produção, mas também o sistema de produtividade orgânica, as agroflorestas, mais identificado com a questão ambiental, que pouco a pouco começou a se falar. Foi possível mostrar ao produtor rural que aquilo era não só economicamente viável, mas também preservava a natureza, como uma reserva para ele, com reflexos inclusive culturais, como a valorização da culinária regional”, descreve o conselheiro, que ao passo em que ampliava sua visão do desenvolvimento sustentável, também mantinha atuação classista, nos anos 70, no fórum que daria origem à Associação de Engenheiros Agrônomos do Rio de Janeiro, passando depois a atuar junto ao Crea-RJ e ao Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
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