Valério Ribon

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em 1972; Especialista em Planejamento e Gestão pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)


Nascimento: Colatina (ES),  05 de novembro de 1946 
Falecimento: Colatina (ES),  08 de maio de 2013 
Indicação: Sindicato dos Engenheiros no Estado do Espírito Santo (Senge-ES) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES)

Um dos fundadores do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Espírito Santo (Senge-ES) e, cerca de uma década depois, da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), o engenheiro agrônomo Valério Ribon manteve uma vida discreta, mesmo que dedicada intensamente à família, à Engenharia, ao país.


De natureza conciliadora, vivia em Vila Velha (ES), ao lado dos dois filhos, da esposa e dos amigos, costumando ir à pequena Fazenda Santana da família, na Colatina onde nascera e viria a sucumbir a uma série de adversidades que o acompanharam durante cerca de 15 anos.  


A cachacinha e a cervejinha entre amigos e familiares foram deixadas de lado, ao adoecer em 1998. Para enfrentar as manifestações de câncer nos anos seguintes, contaria com o amor dos filhos, a fé que o fazia ir à igreja semanalmente e o “axé” de dona Ana Alice Gouveia Gusmão Ribon, a professora de Português baiana com quem se casaria em 1975 e que conhecera na atuação extensionista em Montanha (ES).


“Era muito presente, amoroso, companheiro. Gostava de ir para roça e de ouvir músicas baiana e sertaneja nos churrascos de fim de semana”, diz Ítalo Gusmão Ribon. Ele e o irmão Fabrício Gusmão Ribon, ambos engenheiros agrônomos, ainda contam que Valério foi o único dos 10 irmãos a se formar. Infelizmente, dona Ana não pôde contribuir para estas reminiscências, por ter falecido em agosto de 2020, em decorrência da Covid-19.


Poucos anos antes do casamento, Valério formara-se no Rio de Janeiro, após o pré-vestibular em Viçosa (MG). “A inspiração para estudar Agronomia veio de um primo, o engenheiro agrônomo Miguel Ribon, professor da Universidade de Viçosa”, lembra o parceiro de jornadas, engenheiro eletricista Paulo Bubach, tesoureiro de Valério em sua gestão à frente do Senge-ES, em situação inversa no mandato seguinte.


A ligação com a Extensão Rural tornaria Valério Ribon conhecido em todo o Estado. “Botafoguense afável, sempre disposto a intermediar os debates, tinha atuação destacada junto aos pequenos agricultores. Ele vibrava com isso. Para ele, dar boas condições para a agricultura familiar era o mais importante’’, comenta ainda o ex-presidente do Crea-ES.


A trajetória foi acompanhada de perto por Bubach. “Era militante do Partido dos Trabalhadores, atuante na Associação de Moradores do Bairro de Itapoã, em Vila Velha. Era também muito religioso, junto à Paróquia de São Francisco. Morou lá até voltar a Colatina, no final da vida”, diz.


Essa preocupação também o marcou à frente da delegacia federal do ministério do Desenvolvimento Agrário. “Era a praia dele”, conta Bubach, ressaltando seu empenho no programa Territórios da Cidadania, em municípios carentes do Norte capixaba. “Vieram muitas políticas públicas transversais. Ele era um entusiasta desse projeto”.


O engajamento de Valério também é relatado pela engenheira de alimentos Margareth Batista Saraiva Coelho, que conviveu com ele no Senge entre 1983 e 1996. “Fomos da diretoria e também colegas na secretaria de Agricultura. Na Rural do Rio, ele era do movimento estudantil e acompanhou as lideranças, as manifestações contra a Ditadura Militar”.


Em sua prática, continua Margareth, Valério vivenciava a economia agrícola e a sociologia rural sem visar a um projeto político-eleitoral. “Era um humanista cristão, envolvido com práticas de transformação e a defesa dos princípios democráticos”, diz, lembrando ainda sua militância nas campanhas da Anistia, Diretas Já e da Constituinte. “Uma liderança em um momento de transição”, acrescenta a amiga.


“A homenagem é merecidíssima. Valério teve uma vida muito dedicada à Agronomia, ao sindicato, ao Crea, à sociedade. Sempre teve a profissão como um sacerdócio.  Uma pessoa de convívio fácil, ponderada, um profissional de alto padrão e cidadão sempre preocupado com as questões sociais”, descreve o amigo Paulo Bubach.


“Fico lisonjeado por esse reconhecimento, à dedicação que ele deu para o Sistema, desde a formação de entidades, ao desenvolvimento profissional”, comenta Ítalo. “A homenagem do Sistema dá um grande orgulho. Sempre é bom reviver a memória dele, uma pessoa sem desavenças, um intermediador”, acrescenta Fabrício.

Trajetória profissional

No Sindicato dos Engenheiros do Estado do Espírito Santo – Senge-ES, Diretor  (1983-1985); Presidente (1985-1987); Tesoureiro (1987-1989) e Diretor (1989-1996); Na Centrais de Abastecimento do Espírito Santo S.A. – Ceasa, Presidente (1992-1995) e Diretor Técnico e Financeiro (1995); Superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Espírito Santo (2004-2011); Membro do Conselho Fiscal da Sociedade Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos – Seea; Conselheiro do Crea-ES (2004);  Homenageado com a Medalha do Mérito (2011) e inscrição no Livro do Mérito do Crea-ES (2013).