Acessibilidade é um dos principais desafios dos municípios brasileiros

Palmas (TO), 17 de setembro de 2019.

O painel Acessibilidade foi moderado pelo eng. agr. Edson Perez Guerra, coordenador da Comissão de Acessibilidade do Crea-PR e apresentado por três profissionais com vasta experiência no tema. A eng. civ. Lenita Secco Brandão, diretora financeira e conselheira do Crea-SP, apresentou o tema “Legislação e Inclusão Social”.

Logo no início, ela mostrou aos presentes um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que aponta que mais de 36 milhões dos brasileiros, ou seja cerca de 20% da população, possuem algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida.

Eng. civ. Lenita Secco destaca que acessibilidade deve ser para todos

Na ocasião, a eng. civ. reiterou que a preocupação com a acessibilidade deve ser cada dia maior, já que o número de idosos está aumentando. “Em 1980, o Brasil tinha 20% de idosos e 80% de jovens. Hoje, a população idosa chega a aproximadamente 50% da população e em 2050 teremos 25% de jovens e 75% de idosos. Se nós não nos preocuparmos com a acessibilidade, pensando de forma coletiva e altruísta, iremos nos preocupar de maneira egoísta, já que estamos envelhecendo. Nossa Norma Brasileira [NBR 9050] é bem abrangente e contempla tudo o que é necessário, mas a sua aplicabilidade ainda é limitada”, salientou.

 

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Lenita também mostrou aos profissionais os sete princípios do desenho universal, sendo eles o igualitário – uso equiparável, o adaptável – flexibilidade no uso; o óbvio – uso simples e intuitivo; o conhecido – informação de fácil percepção; o seguro – tolerante ao erro; o sem esforço – baixo esforço físico; o abrangente – dimensão e espaço para aproximação e uso. Ela ainda explicou que existem três cores diferentes de bengalas para pessoas com deficiência visual: a branca para pessoas com deficiência visual, a branca e vermelha para deficientes visuais e auditivos e a verde para quem tem baixa visão.

Ao final da sua apresentação, Lenita convidou dois participantes para enfrentar dois tipos de deficiência. Salmen Gidrão teve os olhos vendados e com o auxílio de uma bengala caminhou por 12 metros. No término da caminhada, ele descreveu a experiência. “Tenho parentes com deficiência visual na família e sei o quanto é complicado caminhar nestas condições”, frisou.

Já a eng. civ. Nelma Moraes se deslocou em uma cadeira de rodas. “Primeira vez que sentei em uma cadeira de rodas. Essa situação é muito difícil, pois envolve muito jeito e força física”, ressaltou.

Nelma Moraes vive experiência de deslocar em uma cadeira de rodas

Na sequência, foi a vez de a eng. civ. Karen Daniela Miranda, vice-presidente do Crea-BA, abordar “Edificações Acessíveis”. Ela destacou que é dever do engenheiro projetar edificações e criar condições que propiciem a inclusão social de pessoas com necessidades especiais ou mobilidade reduzida. “Nosso país tem um grande desafio que é eliminar as barreiras arquitetônicas como pisos irregulares, ausência de rampas, portas estreitas, maçanetas inadequadas, elevadores e plataformas irregulares. Adaptações simples – como piso tátil, botões com leitura em braile e aviso sonoro nos elevadores, corrimãos – podem tornar o trânsito pelos ambientes mais acessíveis”, observou.

Vice-presidente do Crea-BA explica que cidades brasileiras tem desafio de eliminar barreiras arquitetônicas

Por fim, a coordenadora da Câmara de Engenharia Civil do Crea-PR, Célia Rosa, apresentou “Calçadas – Um caminho a ser percorrido”. Na oportunidade, Célia esclareceu que a construção de calçadas e sua manutenção são de responsabilidade do poder público, ao contrário do que muitos pensam que são de proprietários dos imóveis. Ela exemplificou citando um município do Paraná. “Em Pinhais estão sendo construídas calçadas em todos os bairros, utilizando concreto poroso com custo baixo e mais resistente às enchentes”, ressaltou.

Eng. civ. Célia Rosa explica que construção e manutenção de calçadas são de responsabilidade do poder público

Célia ainda acrescentou que é necessário entender que as calçadas devem oferecer conforto e segurança para todos que nelas transitam, já que boa parte de acidentes ocorrem lá. “Em algumas cidades do Paraná mais de 40% de traumas ortopédicos ocorrem nas calçadas, o que é muito preocupante”, finalizou.

Reportagem: Almir Moura (Crea-MG)
Edição: Julianna Curado (Confea)
Revisão: Lidiane Barbosa (Confea)
Equipe de Comunicação da 76ª Soea
Fotos: Damasceno Fotografia e Marck Castro/Confea