Goiânia (GO), 5 de outubro de 2022.

Práticas revolucionárias em tecnologia deram o tom da programação da tarde desta quarta-feira (5/10) na Ilha Inovação da 77ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea). Com plateias lotadas, seis Creas utilizaram do espaço para exibir seus cases de sucesso que fazem bom uso da tecnologia em prol dos profissionais e da sociedade.

Crea-RN e a carteira digital
Abrindo a tarde, subiu ao palco Claudionaldo, da Câmara do Controle Interno de Gestão (CIG) do Crea-RN, e o coordenador responsável pelo processo de implementação do projeto no Conselho. “Tudo começou com o edital Inovar do Confea em que fomos incumbidos pela presidente para participar”, narrou Claudionaldo. “O esboço inicial foi escrito num guardanapo e o produto se chamaria iRegistro. Animado, disse para a equipe ‘será este; vamos fazer este projeto.’”

A tecnologia é uma solução em nuvem que possibilita a transformação digital da carteira física emitida pelos Creas num documento digital acessado por aplicativo de celular, completamente integrado online com o emissor. “Trabalhar com inovação no serviço público é difícil porque há um engessamento de normativos que não podemos violar. Até nisso precisamos inovar, e isso é o que mantém a carteira plástica física ainda vigente.”

Lançado em março deste ano, o recurso foi apresentado pela primeira vez durante a 2ª Reunião Ordinária do Fórum de Presidentes do Nordeste, que aconteceu em Natal (RN), e hoje já conta com mais de 15 mil usuários ativos.

O superintendente de Estratégia de Negócios e Inovação do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Alexandre Seabra, que esteve engajado tecnicamente junto ao Crea-RN no projeto, também subiu ao palco para passar um pouco da sua perspectiva do case. “O que aconteceu no Crea-RN foi uma revolução que foi iniciada e que não pode ser mais parada. Agora queremos trazer ainda outros benefícios para os profissionais com a certificação digital, reconhecimento facial e o ProID. Assim, derrubamos as barreiras e fazemos o Crea-RN sair na frente”, afirmou.
Além do Rio Grande do Norte, os Conselhos do Maranhão, Sergipe, Rio Grande do Sul e do Tocantins também se interessaram e já implantaram a tecnologia em seus regionais.

Fechando a apresentação, a presidente do Crea-RN, eng. civ. Ana Adalgisa, verbalizou a mentalidade que vem sendo cultivada em sua gestão. “A inovação está dentro de nós, e temos que buscá-la. Temos que tomar atitudes para buscar algo novo que traga utilidade. Onde tem Crea-RN não tem apenas inovação, mas tem tudo, e é isso que vamos mostrar aos nossos profissionais”, finalizou.

Crea-SP e o CreaLab
Na sequência, a Ilha Inovação recebeu Flávia Varga, superintendente de Tecnologia e Inovação (Suptec) do Crea-SP para falar um pouco do ambiente de inovação do Conselho paulista.

De acordo com o site oficial, o CreaLab é uma plataforma criada para alavancar a transformação digital, conectando pessoas, organizações e startups com a missão de resolver desafios estratégicos de forma ágil e inovadora. “Entendemos as dores dos setores, buscamos as startups adequadas e trazemos elas para fazerem apresentações curtas sobre suas áreas de conhecimento. O objetivo não é contratar, mas sim oxigenar a mentalidade do nosso ambiente interno com esses novos processos. Chamamos esta prática de Pitch Day”, explicou.

Acumulando três edições, o Pitch Day teve seu último encontro realizado em agosto deste ano com a proposta de cumprir um dos cinco desafios propostos pelo CreaLab do Crea-SP. “Criamos um ambiente para o recebimento de propostas com o objetivo de construir um grande banco de dados de ideias que solucione nossos desafios: ampliar a inteligência da fiscalização; otimizar a eficiência operacional; tornar a comunicação do Crea-SP ainda mais amigável; acelerar o avanço da Engenharia 4.0; e buscar soluções para cidades inteligentes”, continuou.

Além do CreaLab, o Crea-SP ainda acumula outras boas iniciativas tecnológicas de sucesso para seus profissionais como o CreaInova São Paulo, o app Fiscaliza e o Radar de Startups. “É preciso só um primeiro passo para alcançar práticas inovadoras. Sabemos que existem ainda muitas outras etapas para percorrer, mas sempre precisamos dar este primeiro passo”, finalizou Flávia.

Crea-GO e a gestão de resíduos da construção civil
O próximo a compor a programação da tarde foi o assessor institucional do Crea-GO, eng. sanit. e amb. Áquila Levindo, com sua palestra “Análise Sistemática da Gestão do RCC na Fiscalização da Construção Civil”.

Áquila utilizou o espaço para falar um pouco sobre os procedimentos adotados pela fiscalização do Crea-GO para o cumprimento de uma determinação do Confea que chegou quase que alinhada com a Portaria 280, que instituiu o Sistema Nacional de Informações sobre Resíduos. “Em 2020, o Confea requisitou novas metodologias de fiscalização às câmaras especializadas e aproveitamos para criar procedimentos voltados à mitigação, gerenciamento e reaproveitamento de resíduos de construção civil no setor”, disse.

De acordo com ele, isso exigiu uma mudança na mentalidade dos 37 fiscais que compõem o Conselho goiano, o que trouxe a necessidade de um treinamento adequado sobre este assunto que nortearia o novo procedimento. “Reunimos nossas equipes e propusemos uma mudança de postura, com uma nova visão de que resíduo não é apenas a caçamba repleta de entulho. Estudamos a NBR 10.004 e hoje os fiscais conhecem as determinadas classes que compõe a classificação de resíduos”, explicou.

Áquila também deixou claro que essas novas práticas de fiscalização foram inteiramente baseadas no exercício legal da profissão, uma vez que as normas abriram portas substanciais para a categoria. “Estávamos atentos e reparamos que ganhamos um novo nicho de trabalho. Dessa forma, nossa análise sistêmica enxergou que nós, como autarquia pública federal, também teríamos que fiscalizar o exercício da profissão dentro da gestão de RCC”, enfatizou.

Crea-SP e empresas de Agrimensura
“Mapeamento dos Profissionais da Câmara de Agrimensura no Estado de São Paulo” foi o tema da palestra conduzida pelo coordenador do Grupo Técnico de Trabalho (GTT) do Crea-SP, eng. cartog. João Fernando Custódio, que elaborou, com suporte de meios tecnológicos, uma visualização da distribuição geográfica da modalidade Agrimensura no estado. “Buscamos fazer o adequado uso da tecnologia para localizar empresas não habilitadas e oferecer este aditivo operacional para uma fiscalização mais concentrada e inteligente”, iniciou.

O método utilizado, segundo ele, foi com a ajuda de um software cartográfico que usufruiu de um cruzamento de dados para localizar empreendimentos que constituíam de código de Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), mas que não obtinham registro no Crea-SP. “Foi uma nova proposta técnica que fizemos para o Conselho ampliar sua metodologia de análise para tomadas de decisão referentes à fiscalização. Deu muito certo. Agora, propomos que se estenda para as outras Câmaras Especializadas e estaremos à disposição pra ajudar no que for preciso”, concluiu.

 
Crea-MT e sua atuação
Com uma rápida apresentação, o presidente do Crea-MT, eng. civ. Juares Samaniego, também compôs a programação da Ilha Inovação com a palestra “Atuação do Crea-MT nas Engenharias”.

Samaniego discorreu brevemente sobre o ecossistema, economia e faixa territorial do estado mato-grossense. Ele também numerou a distribuição das inspetorias e apresentou os planos para a inauguração da nova sede que deve começar sua construção nos próximos meses.

De acordo com a palestra, hoje o Crea-MT conta com mais de 24 mil profissionais ativos e apresenta uma razão de 150 habitantes para cada profissional habilitado.

Crea-MG e dívida ativa
Representando o último Crea da noite, subiu ao palco o procurador adjunto de Dívida Ativa do Crea-MG, Gustavo Barroca, com a proposta de mostrar em números os avanços na arrecadação do Conselho após a reformulação de seu setor.

Iniciada em 2018, a mudança de chave traçou diagnósticos para remediar um problema antigo que o Crea-MG tinha com o recebimento justo de dívidas. “Percebemos que antes não tínhamos preparo adequado para tratar esses processos. A mentalidade era de que a Dívida Ativa era apenas uma cobrança desenfreada. Mudamos essa percepção, criamos um novo fluxo de trabalho e hoje buscamos o ativo de forma mais responsável e eficiente”, disse.

Gustavo afirma que esse novo fluxo foi paramentado na Lei nº 9.492/1997, que autoriza protestos lavrados e registrados por falta de pagamento, dando a legalidade necessária para o Conselho usufruir deste tipo de recurso. “A forma de protesto é a forma mais segura que tem porque quem está protestado não consegue tirar uma conta de telefone. Inclusive, o recebimento dos valores é feito de uma forma muito segura, diretamente em cartório e repassado pelo tabelião em até 24h úteis”, explicou. De acordo com ele, cerca de R$ 25 milhões já foram recebidos desta forma. “Neste mês de outubro já superamos todo o ano de 2021 em arrecadação de Dívida Ativa”, finalizou.

Cartilha do Ibape
Fechando o dia de programação da Ilha Inovação da 77ª Soea, o perito de Engenharia e presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape), Amarilio Mattos, compareceu ao palco para o lançamento da mais nova cartilha da entidade.

De acordo com ele, o manual de “Avaliação de Ativos Biológicos a Valor Justo” orienta, para fins de atendimento às normas contábeis, sobre atendimento a norma CPC 29 que é relativa ao tratamento e às divulgações dos ativos biológicos e produtos agrícolas.

A nova cartilha é uma produção do Ibape-SP com várias colaborações pelo país, e conta com o apoio do Sistema Confea/Crea e Mútua.

Último dia
Novas atrações estão previstas para a última tarde da Ilha Inovação da 77ª Soea nesta quinta-feira (6/10), começando às 14h com o Crea-DF e o tema “Inovações Tecnológicas e o Impacto no Ensino e nas Atribuições Profissionais”.
 

Reportagem: Felipe Moreno (Crea-AL)
Edição: Julianna Curado (Confea)  Revisão: Lidiane Barbosa (Confea)
Equipe de Comunicação da 77ª Soea
Fotos: Felipe Moreno (Crea-AL)