
Brasília, 10 de dezembro de 2025.

A presidente do Crea-AC, eng. civ. Carmem Nardino, considera que a região do Alto Purus exemplifica bem as desigualdades enfrentadas por municípios da Amazônia Legal, ante outras áreas do país. “E é possível utilizar a engenharia para modificar essa situação, a partir da construção de uma estrada, mesmo contemplando toda a legislação ambiental. Assim, com apoio da engenharia ambiental, da engenharia florestal e da engenharia civil, podemos trazer serviços básicos da saúde, alimentação, aonde falta o essencial”, diz, ao comentar sua participação na série “O Brasil que o Brasil não conhece”, promovida pelo Confea, em cidades com baixo Índice de Progresso Social (IPS). No Acre, em Santa Rosa do Purus, ela e o presidente do Confea, eng. Vinicius Marchese, se aproximaram de uma realidade que afeta moradores que compartilham dificuldades seculares, como a infraestrutura logística de acesso e, consequentemente, a promoção de iniciativas relacionadas à saúde, educação, saneamento básico etc.
A engenheira civil aponta que para que se possa diminuir essas desigualdades, “a engenharia precisa envolver projetos que possam fazer a ligação por terra. Isso é fundamental”. Para contemplar este e outros objetivos relacionados à necessidade da engenharia para promover iniciativas básicas de construção de infraestrutura (alvo do Índice Confea de Infraestrutura do Brasil – Infra-BR, iniciativa com a qual o Confea sistematizará os dados relacionados às atividades do Sistema no IPS para subsidiar políticas públicas para a área), ela projeta a necessidade de uma parceria que busque soluções integradas entre estados, municípios e governo federal.

Por uma questão de qualidade de vida
“Precisamos viabilizar esses recursos por meio de parcerias, por isso as soluções não são isoladas, são integradas. Precisamos levar serviços básicos com essa visão multiprofissional e de maneira compartilhada entre os entes”. Carmem considera que a série “O Brasil que o Brasil não Conhece” cumpre um papel importante “para mostrar como a engenharia pode impactar a qualidade de vida da população através de todas as suas áreas. Pela característica da nossa região, temos municípios isolados onde o acesso se dá apenas por avião ou por barco. Então, a logística para alimentos e insumos da construção civil é muito complexa. Essa dificuldade impõe situações que outras cidades que têm ligação por terra não enfrentam. Então, costuma faltar insumos, serviços. Esse isolamento tem colocado essas cidades abaixo dos índices ideais. E o que a engenharia pode fazer? Temos que mostrar que ela tem um papel fundamental para transformar esses municípios, trazendo qualidade de vida”.

Durante a gravação do episódio da série em Santa Rosa do Purus, o primeiro cenário é o da construção de um aeródromo, pelo Exército. “É uma obra que não tem uma complexidade técnica grande, mas tem uma complexidade de logística muito grande porque, pelas características geográficas, temos seis meses de chuva e seis sem chuva. A execução se dá no verão amazônico, quando não estamos no período de chuva. Mas a logística de transporte é no período de chuvas. Não se constrói obras de infraestrutura na época da chuva. E não se transporta na época da seca. A obra que tem uma ligação por terra com prazo de execução de 12 meses, seria 24 meses aqui”.
A presidente do Crea-AC comenta que, na faculdade, os estudantes não chegam a conhecer de perto essa realidade. “A gente não se aproxima, apenas quem vive nessas regiões adquire o conhecimento que dá a ele a condição de fazer lá o planejamento para amenizar essas desigualdades dos municípios do Brasil, principalmente, os da Amazônia Legal, porque eles vivem essa desigualdade também na questão logística, que impacta na qualidade de vida da população. O que só reforça a importância de que as políticas públicas que impactem o bem-estar da população sejam desenvolvidas de forma integrada”.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
