Gestão da infraestrutura brasileira conta com nova base de dados

SELO

Brasília, 3 de dezembro de 2025.

Presente em 170 países e principal referência para a criação do Infra-BR, o Índice de Progresso Social Brasil (IPS Brasil) tem uma história de 11 anos de utilização no país. Lançado nas edições “IPS Amazônia” em 2014, 2018, 2021 e 2023, e nas edições “IPS Brasil” em 2024 e 2025, sua aplicação contribui para a identificação e o aproveitamento de dados relacionados às desigualdades sociais e ambientais brasileiras, auferindo a qualidade de vida nos municípios. 

A partir deste final de ano, o IPS Brasil passará a subsidiar – ao lado da metodologia aplicada pela American Society of Civil Engineering (Asce) – o Índice Confea de Infraestrutura do Brasil (Infra-BR), uma base de dados para investimentos na área, disponibilizada para gestores de todo o país. Para apresentar o Infra-BR, as redes sociais do Confea estão publicando, todas as segundas-feiras, episódios documentais de uma campanha denominada “O Brasil que o Brasil não Conhece”. O presidente do Confea, eng. telecom. Vinicius Marchese, percorre cinco municípios com alguns dos piores IPSs.

Para a coordenadora geral do UPS Brasil, Melissa Wilm, o Confea poderá avaliar os indicadores críticos relacionados à infraestrutura brasileira
Para a coordenadora geral do UPS Brasil, Melissa Wilm, com o Infra-BR, o Confea poderá avaliar os indicadores críticos relacionados à infraestrutura brasileira

 

“O IPS Brasil é formado por 57 indicadores públicos e recentes de órgãos oficiais e de organismos científicos do terceiro setor, e sua metodologia não utiliza dados econômicos como renda, investimentos ou arrecadação para medir desenvolvimento social. O Índice de Progresso Social preocupa-se, portanto, com referenciais sociais e ambientais para a construção de parâmetros de intervenção nas políticas públicas e investimentos sociais privados”, descreve a coordenadora geral do IPS Brasil, a física Melissa Wilm.

Foi em 2014, por meio do IPS Amazônia, que o Instituto apresentou suas primeiras pesquisas do IPS no país. Contava com a expertise do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), criado em 1990 para se dedicar à conservação e ao desenvolvimento sustentável da região. “Seus estudos contribuíram ainda com diversas iniciativas ambientais como o Programa Nacional de Florestas (PNF), o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), o Programa Territórios Sustentáveis e o Sistema de Cadastro e Regularização Fundiária (Sicarf)”, informa Melissa. O IPS Amazônia foi atualizado até 2023. No ano seguinte, foi lançado o IPS Brasil, abrangendo todos os 5.568 municípios brasileiros, além do Distrito Federal e de Fernando de Noronha. “Desde 2024, o IPS Brasil passa a ser atualizado anualmente, permitindo análises de evolução espacial e temporal dos municípios brasileiros”, acrescenta. 

Metodologia
A metodologia utiliza três dimensões: Necessidades Humanas Básicas (I), Fundamentos do Bem-Estar (II) e Oportunidades (III). Nelas, são pesquisados 12 componentes: nutrição e cuidados médicos básicos; água e saneamento; moradia; segurança pessoal (I); acesso ao conhecimento básico; acesso à informação e comunicação; saúde e bem-estar; qualidade do meio ambiente (II); direitos individuais; liberdades individuais e de escolha; inclusão social e acesso à educação superior (III). 

O número de indicadores usados nesses componentes e dimensões varia entre três e seis, incluindo: cobertura vacinal; abastecimento de água via rede de distribuição; domicílios com coleta de resíduos adequada; assassinatos de mulheres (I); Ideb (ensino fundamental); densidade de internet banda larga fixa; consumo de alimentos ultraprocessados e áreas verdes urbanas (II) e acesso a programas de direitos humanos; acesso à cultura, lazer e esporte; famílias em situação de rua e empregados com ensino superior (III). Os indicadores são escolhidos seguindo critérios da metodologia global do IPS – como ser recente, ter periodicidade de atualização, ser público e ter dados para +95% das unidades de análise. A metodologia do índice permite que indicadores possam ser substituídos, em decorrência da mudança de sua relevância, e atualizados retroativamente. 
 

Problemas como saneamento básico, eletrificação, condições habitacionais e outros fornecem diretrizes para a atuação das áreas tecnológicas
Mapeamento de problemas como saneamento básico, eletrificação e condições habitacionais fornece diretrizes para a atuação das áreas tecnológicas


Todas as informações do IPS Brasil estão publicadas abertamente, inclusive com ferramentas de comparação entre municípios e entre estados. No site do IPS Brasil, esse conjunto de informações pode ser visualizado por recortes, seja territorial (município, cluster de municípios ou estados), ou temático (por componente, dimensão ou indicador).  Dessa forma, aspectos que podem estar mais relacionados diretamente às atividades do Sistema Confea/Crea podem ser diretamente acessados – por exemplo, o resultado dos componentes de Água e Saneamento e Moradia, que integram o eixo Necessidades Humanas Básicas.

“Essa base de dados serve de instrumento norteador para gestores públicos, sociedade civil e o terceiro setor identificarem os pontos fortes e fracos de municípios e, assim, direcionarem esforços para os municípios/temas que são mais necessários. Assim, o conjunto de informações apresentado pelo IPS Brasil de forma multidimensional pode auxiliar o Sistema Confea/Crea a avaliar os indicadores relacionados com infraestrutura que são mais críticos”, descreve.
 
Segundo a coordenadora do Índice de Progresso Social Brasil, os 57 indicadores são agregados com notas de 0 a 100 em um índice geral. Nessa escala, de acordo com os dados do IPS Brasil 2025, o Brasil atingiu uma média de 61,96 pontos. “Por mais surpreendente que possa parecer, é exatamente nas Necessidades Básicas que o país tem sua melhor pontuação média (74,79). Inclusive, o componente moradia tem a pontuação média mais alta: 87.74”, diz. Em relação a Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades, os resultados são, respectivamente: 65,02 e 46,07. Nesta pior dimensão, o componente mais preocupante se refere ao acesso a Direitos Individuais (32,41).

Os municípios são classificados em nove grupos, distribuídos no mapa descendentemente em escalas nas gradações de azul, amarelo e vermelho – quanto mais intenso for o tom de azul, melhores são os resultados; os tons de amarelo e laranja indicam desempenhos intermediários; e os tons de vermelho, quanto mais fortes, revelam os menores índices.

 

Mapa IPS 2025



Os resultados são apresentados por meio de “scorecards” dos municípios com suas pontuações e classificações no país (x/5570) em conjunto com o desempenho relativo entre o município e outros que tenham a mesma faixa de PIB per capita, para efeito de comparação econômica – essa comparação relativa se apresenta por meio de um “farol” (verde, amarelo e vermelho, indicando respectivamente resultados relativamente fortes, neutros e fracos). A mesma lógica é usada para comparar os resultados gerais para dimensões, componentes e indicadores com pontuação (0-100), classificação (x/5570) e farol de desempenho, tripé que deve ser analisado em conjunto.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea