Mulheres na frente e a IA de copilota

Brasília, 30 de outubro de 2025

Teve início na noite desta quarta-feira (29/10), em Belo Horizonte, a Trilha Nacional de Capacitação do Programa Mulher, que percorrerá todas as regiões do país. “Cada vez mais a gente precisa trilhar um caminho de reconhecimento, de oportunidades iguais e de equidade. Mas a capacitação, eu gosto de destacar porque quando você consegue atingir níveis melhores de condições de não só de trabalho, mas de currículo profissional, é quando você consegue realmente trilhar caminhos melhores e ser reconhecido do ponto de vista também da remuneração”, ponderou o presidente do Confea, Vinicius Marchese.

“O Programa Mulher tem essa missão de termos profissionais sempre engajadas nas suas profissões, disputando o mercado de trabalho e também participando de soluções para o nosso Sistema Profissional”, pontuou a coordenadora nacional do Programa, conselheira federal Ana Adalgisa. A Trilha é uma iniciativa inédita do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e, nessa primeira noite, levou o tema da inteligência artificial, com exemplos práticos, para as participantes do evento.

O prompt é o início de um diálogo

Após mencionar alguns exemplos de efeitos colaterais da IA, como golpes com deep fakes, relatórios com dados incorretos, e o gasto excessivo de recursos hídricos, a especialista em tecnologia e inovação, Mylena Marquezini, alertou: “a gente precisa estar no controle e usá-la como uma copilota”. De acordo com um estudo norte-americano apresentado pela palestrante pessoas que utilizam IA em suas rotinas, costumam economizar um quarto do seu dia, ou seja, uma semana por mês.

“Não significa que nós mulheres vamos trabalhar menos. Significa que a gente consegue direcionar o nosso trabalho, a nossa mão-de-obra para coisas mais estratégicas, mais específicas, e deixar talvez o operacional de lado”. De acordo com outro estudo, da Universidade de Harvard, os profissionais que usam IA não só entregam maior produtividade, mas a qualidade é 40% superior. “A gente começa a entender que usar inteligência artificial não é só sobre fazer mais rápido, mas é com mais qualidade. A gente começa a ser profissional de alta performance”.

especialista em tecnologia e inovação, Mylena Marquezini

Diante do boom de ferramentas de IA disponíveis, Mylena sugere que usuário, no momento de selecionar qual vai utilizar, aprender, treinar etc, focar nas suas dores: onde está seu desperdício de tempo e quais são suas tarefas repetitivas; e a partir daí escolher as ferramentas a explorar. De bizu, ela compartilhou o “modo agente” disponível no ChatGPT, em que ela deu o exemplo de quando reformou seu jardim, e listou os itens de que precisava, colocou seu orçamento disponível, e solicitou à IA que fizesse a busca entre as lojas. “O tempo que eu ia demorar, talvez duas horas, ela me deu em 15 minutos, enquanto eu estava fazendo outras tarefas”. A própria apresentação exibida na Trilha foi inteiramente elaborada pela IA.

Durante sua fala, Mylena ainda fez um histórico da IA desde seu criador Alan Turing (1912-1954), passando por como funcionam os algoritmos, até chegar na generativa. Antes de encerrar, deu mais algumas dicas de ouro. “O prompt é um diálogo, como em um relacionamento. Quanto mais informações você der, melhor será a execução da tarefa”. Mylena também sugere que ao final de cada prompt, sempre se insira a pergunta “o que mais você precisa saber para seguir com essa tarefa?”. “Assim, ele passa a entender que ele pode raciocinar e te perguntar antes de executar”.


Inteligência emocional e humor

A mentora especialista em neuromarketing e neurociência Josiane Rocha abordou inteligência emocional sob a perspectiva da gestão do tempo. Conforme ela explicou, a diferença entre estar ocupada e ser produtiva é o propósito. “Vocês são produtivas quando têm direcionamento. Nem sempre, movimento é progresso”, explicou Josiane. “A gente tem mania de ser muito centralizadora. A gente acha que só a gente faz as coisas bem. Mas tem muita coisa que a gente pode delegar e a gente acaba se sobrecarregando porque a gente não delega”.

“Onde você coloca o seu tempo é onde tá o seu foco. Então o jeito que você usa o seu tempo está moldando quem você está se tornando. Coloque-se em situações que você possa fazer coisas diferentes e isso vai te aproximar do seu propósito, você vai colocar intencionalidade. O tempo é a coisa mais preciosa que você tem”, encerrou Josiane.

Mariana com Y, humorologista

A primeira palestra do dia abordou humor, e a importância do bom humor para o clima dos ambientes. “Não é sobre a nossa capacidade de controlar sentimento, mas sim perceber o que a gente está sentindo e direcionar uma atitude. A gente precisa estar de olho no humor, porque senão a gente deixa a vida escapar. Perceba o que você está sentindo e direcione o comportamento, porque pensamento a gente não controla, comportamento sim”, iniciou Mariana com Y, humorologista.

“A gente não consegue controlar os sentimentos porque sentir é sempre inédito. Então a gente vai sentir raiva, inveja, egoísmo. O que não pode é morar nesses sentimentos. Se você está morando muitos dias na raiva, na tristeza, tem que procurar ajuda. Não é fraqueza pedir ajuda profissional”, adicionou. Mariana defende que bom humor não anula competência e que sorrisos conectam e potencializa sensação de bem-estar.

Equipe de Comunicação do Confea