Geologia e poesia marcaram a vida e a obra de Edilton Carneiro Feitosa

Brasília, 28 de agosto de 2025.

Geólogo Edilton Carneiro Feitosa

O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) presta homenagem ao geólogo Edilton Carneiro Feitosa, reconhecido como um dos pioneiros da Geologia no Brasil. Sua trajetória profissional, marcada por inovação, ensino e dedicação à pesquisa em recursos hídricos subterrâneos, deixou contribuições fundamentais para o desenvolvimento das Geociências no país.

Edilton iniciou sua carreira ao deixar a Escola de Cadetes do Ar da Força Aérea Brasileira (FAB), em busca de novos desafios. À época, o Brasil vivia o impulso da Campanha de Formação de Geólogos (CAGE), lançada em 1957 pelo então presidente Juscelino Kubitschek para fomentar a formação de profissionais voltados à prospecção e exploração mineral. Nesse cenário, seu nome se destacou entre os protagonistas de um movimento que consolidou a Geologia como base estratégica para o crescimento nacional.

Uma publicação da Petrobras em comemoração aos 50 anos do curso de Geologia em Pernambuco relembra a importância dos professores na década de 1970. Entre eles, Edilton é lembrado não apenas pelo conhecimento técnico, mas pela capacidade de liderança, conciliação e formação de equipes. Ele foi o responsável pela implantação do primeiro curso de Mestrado em Hidrogeologia do Brasil, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que rapidamente se tornou referência para estudantes do Norte e Nordeste.
Como hidrogeólogo, atuou na definição de mananciais para captação de água subterrânea em diversos estados do Nordeste, com foco no abastecimento público, irrigação e uso industrial. Também coordenou pesquisas de grande relevância em aquíferos nacionais, como o Cabeças (PI), o Sistema Aquífero Amazonas — que inclui o Alter do Chão, considerado o maior do mundo — e os aquíferos cársticos da Bacia do São Francisco.

Edilton se destacou pelo pioneirismo no uso do método de eletrorresistividade, que aplicou em áreas como hidrogeologia, geotecnia, saneamento, prospecção mineral e até arqueologia. Foi também o criador do Índice Elétrico de Carstificação (IEC), ferramenta inédita para identificar áreas favoráveis à captação de água subterrânea em rochas calcárias.



Sua trajetória uniu ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e aplicação prática. “Ele era um otimista e entusiasta da profissão, sempre encantado com os trabalhos de campo. Os colegas o chamavam de ‘Jaga’, numa referência carinhosa ao jagunço, pela sua ligação com o sertão e com a natureza. Era discreto, não buscava reconhecimento, mas tinha profundo comprometimento com tudo o que fazia”, relembra sua viúva, Helena Porto, que também foi sua aluna.

Além da ciência, Edilton cultivava a poesia — uma faceta mais íntima e pouco conhecida. Muitos de seus versos tratavam da hidrogeologia, revelando a sensibilidade artística por trás do cientista. Para celebrar essa dimensão de sua vida, o Confea presta reverência não apenas ao pesquisador que consolidou a hidrogeologia no Brasil, mas também ao poeta, que será homenageado com as Honrarias do Sistema durante a 80ª Semana Oficial de Engenharia e Agronomia (Soea).

Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação do Confea