
Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1981; Especialista em Engenharia de Transportes, em 1982, e em Fotogrametria, em 1987, também pela UFPE
Nascimento: Limoeiro (PE), 17 de novembro de 1957
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE)
A promoção da formação continuada dos engenheiros pernambucanos, durante seu mandato à frente do Crea-PE, entre 2006 e 2008, é enaltecida pelo engenheiro civil Roberto Lemos Muniz como sua maior realização profissional. “O IQ (Instituto de Qualificação) permitiu que a gente trouxesse o primeiro curso de pós-graduação em Engenharia de Petróleo e Gás, o que possibilitou que engenheiros pernambucanos trabalhassem no Porto de Suape e em outros projetos da Petrobras”, diz.
O objetivo foi mitigar a demanda em torno dessa “preocupação permanente do profissional” em um programa de cursos de graduação e pós-graduação desenvolvido por meio de um convênio entre o Sinaenco-PE (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva de Pernambuco) e a BFZ, uma universidade alemã. “A qualificação continuada em Engenharia também é uma responsabilidade do Sistema, pelo menos em cursos de curta e média duração. Temos condições de trazer as tecnologias mundiais mais atuais para os profissionais”, defende.
Com esse pensamento proativo, Roberto Muniz também valoriza sua atuação mais recente, proporcionada pelo atual presidente, engenheiro civil Adriano Lucena. Este o convidou a integrar o Comitê Tecnológico Permanente do Crea, que Muniz coordenou entre 2021 e 2024, e a representar o regional no Conselho de Desenvolvimento Urbano da Cidade do Recife. “São atividades que me orgulham muito, por trazerem a Engenharia pernambucana para o protagonismo e visarem obras estruturadoras para o estado, a exemplo daquelas da Agência Recife para Inovação e Estratégia (Aries). Quando a gente faz o que gosta, as horas passam e nem sentimos. Gosto de Engenharia, de debate, isso me dá prazer, satisfação. Gosto de entrega. Que as coisas aconteçam. E isso tem dado resultados práticos.”
Atividades que são uma espécie de moto-contínuo, integrando as experiências da formação em engenharia de custos exercitada inicialmente junto à iniciativa privada com as de uma visão humanista do papel público da Engenharia. Se desde 1994 essa verve se mantém à frente da Geosistemas Engenharia e Planejamento Ltda., há 10 anos entre as 50 maiores de engenharia consultiva do país, segundo a revista O Empreiteiro, o espírito público está sempre entre suas prioridades. Como comprova sua dedicação constante ao Sistema Confea/Crea, há 25 anos.
À frente de diversos projetos, ao longo de 44 anos de atuação, Roberto contemplou todas as etapas de obras, em áreas como infraestrutura urbana; saneamento ambiental; estudos e projetos ambientais; infraestrutura rodoviária; planejamento urbano; legislação urbanística; estudos de uso e ocupação do solo; estudos socioeconômicos; gerenciamento e supervisão de empreendimentos; projetos arquitetônicos; engenharia cartográfica e engenharia de transportes.
Expertise que Roberto Muniz atribui à atuação na engenharia consultiva, que ele passou a agregar após constituir sua primeira empresa, a Macro Engenharia e Planejamento Ltda., apenas sete anos após se formar, seis deles atuando no mercado de consultoria como engenheiro civil da Geonord Engenharia e Geologia Ltda. “A engenharia consultiva possibilita uma gestão empresarial a essas instituições em que atuei paralelamente, principalmente no desenvolvimento de projetos, supervisão de obras rodoviárias e ambientais, grandes obras públicas.”
Ele enfatiza sua alegria de, “além de abrir o Crea para a Engenharia, fortalecendo a Engenharia pernambucana, colocar o Crea como protagonista na participação da Engenharia pernambucana no desenvolvimento do estado”, por meio do Instituto de Qualificação, ter podido contribuir “para a montagem de um programa estratégico”, pela primeira vez, no Colégio de Presidentes, como seu coordenador.
“A engenharia consultiva tem facilidade para identificar necessidades e pude motivar para essa qualificação, para fortalecer as engenharias em parceria com as instituições de ensino. Porque a gente sente na pele esse problema. E porque o Sistema deve estar na pauta do desenvolvimento nacional, dando sua contribuição. Ocupar o espaço institucional em cada estado, participando dos debates nas questões do desenvolvimento institucional.”
Roberto considera que o Sistema se mantém mais estruturado e que soube preservar as amizades desenvolvidas naquele período, inclusive entre presidentes do Confea e da Mútua. “Uma relação que perdura até hoje. Fico feliz em ter dado de 30 a 40% da minha dedicação ao sistema profissional para fortalecer a Engenharia nacional”, diz.
Essa perspectiva de incrementar a participação da Engenharia na sociedade proporcionou o crescimento da engenharia consultiva, pelo menos em Pernambuco, com a criação de um programa de qualidade nas obras públicas, liderado pelo governo do Estado. “Reuniu todas as entidades para a melhoria da qualidade nas obras públicas. A Engenharia pernambucana passou a ocupar um espaço maior, quando o governador nos consultava. Meu colega atual (o presidente do Crea, Adriano Lucena) está fazendo um trabalho bem semelhante no cenário institucional de Pernambuco.”
Participação institucional mantida tanto no Crea como no Sinaenco e que o levou a atuar no Conselho Estadual de Meio Ambiente (atualmente Conselho de Desenvolvimento Urbano), a pedido do Crea. “Ali são analisados os grandes empreendimentos da cidade, empreendimentos imobiliários acima de 20 mil metros quadrados, o uso e a ocupação do solo. A cidade tem tido um planejamento melhor. O Conselho é bem estruturado, há um equilíbrio entre o desenvolvimento do mercado imobiliário e a preservação da cidade.”
O homenageado também comenta sua atenção ao planejamento estratégico desenvolvido pela Agência Recife de Inovação e Estratégia. Entre outras iniciativas, a organização da sociedade civil já coloca em perspectiva os 500 anos da primeira capital brasileira, em 2037. “Debatemos projetos estruturadores para criar uma cidade melhor para se viver. Dialogamos muito”, aponta.
Uma das perspectivas é a da sustentabilidade, considerando a realização de eventos como o ciclo de palestras “Cidades em Transição”, desde 2022, voltado para a discussão de políticas públicas e mudanças climáticas. “Recife é a 16ª cidade mais vulnerável do mundo a sofrer problemas em função das mudanças climáticas. Naquele ciclo de palestras, tivemos grandes discussões sobre os impactos das mudanças climáticas nas cidades litorâneas. Quando junta qualquer aumento do nível do mar e o aumento das chuvas torrenciais, há problemas seríssimos para a cidade”, diz.
Muniz acrescenta que a Prefeitura de Recife vem trocando experiências com a Holanda e desenvolvendo investimentos na bacia do rio Tejipió para solucionar problemas nas áreas alagadas e nos morros. “Precisamos ainda de ações de educação ambiental e climática e também montar um programa de justiça climática e ambiental, fortalecendo a população mais pobre, que são as pessoas que menos contribuem para a mudança climática e são as mais afetadas, com brigadas nos bairros e outras iniciativas dos gestores públicos.”
A pauta ambiental também marcou sua atuação no Crea e no Sinaenco. Enquanto vice-presidente do Crea-PE, na gestão do engenheiro civil Telga Araújo (1924-2021), foram criados o Prêmio Crea de Meio Ambiente e o Prêmio Crea de Fotografia (para profissionais do Sistema e fotógrafos profissionais).
Diante de todas essas contribuições, Roberto Muniz considera que a homenagem com a Medalha do Mérito, “a maior comenda que o profissional pode receber”, representa “um forte reconhecimento” por todo o seu trabalho. “Fiquei feliz e orgulhoso em receber essa comenda. Vou com muita satisfação a Vitória.”
