
Geóloga pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1984; Especialista em Aproveitamento em Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em 1989; Mestre em Estudo Sedimentológico e Geoambiental no Sistema Estuarino Lagunar Mundaú-AL pela UFPE, em 1998; Doutora em Evolução da Linha de Costa a Médio e Curto Prazo Associada ao Grau de Desenvolvimento Urbano e aos Aspectos Geoambientais da Planície Costeira de Maceió pela UFPE, em 2004
Nascimento: Aliança (PE), 22 de novembro de 1956
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL)
Quando não está trabalhando, Rochana gosta de encontrar amigos, ler e viajar: ler sobre Geologia e viajar para cavernas. Um de seus lugares mais especiais de trabalho são as dunas de Piaçabuçu: são 22 quilômetros de dunas na foz do Rio São Francisco do lado de Alagoas. Sua conexão com a natureza lhe é própria. Na escola, gostava muito de geografia e trabalhos de campo, mas não se identificava com a área de humanas. Queria estudar matemática e física. “Não tinha nenhum parente geólogo, não conhecia ninguém, mas lendo sobre a Petrobras, mineração e meio ambiente, me encantei”, conta Rochana, que estudava em Olinda (PE). “Minha mãe queria que eu fizesse medicina, mas eu disse ‘não’. Fiz teste vocacional e deram geologia, agronomia e história natural”.
Após formar-se geóloga, Rochana, agora casada com um também geólogo, mudou-se para Alagoas, com planos de perseguir a carreira acadêmica. No entanto, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) não tinha uma faculdade de Geologia, o que, em um primeiro momento, desanimou Rochana. Por outro lado, a geóloga enxergou na existência dos Laboratórios Integrados de Ciências dos Mares (Labmar-Ufal) a oportunidade de participar de um projeto financiado pela CIRM/Cnpq - Estudos Integrados da Bioecologia do Sistema Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba. A partir daí, construiu sua brilhante carreira no setor de geologia costeira.
Além de ser professora titular do Centro de Tecnologia da Ufal, foi superintendente de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Alagoas (Semarh-AL); foi consultora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas; foi conselheira da Área de Proteção Ambiental da Marituba do Peixe e da Reserva Extrativista Marinha da Lagoa de Jequiá; coordenou o Grupo de Geografia na elaboração da Enciclopédia dos Municípios Alagoanos (2005) e na publicação Maceió - 200 anos, da Organização Arno de Melo; além de ter sido, por duas gestões, conselheira do Crea-AL.
No entanto, dessa lista de atividades, Rochana não hesita em dizer que sua paixão acima de todas é o ensino. “Quando você vê seus alunos lhe dando o retorno do conhecimento que você passou, é muito gratificante.” Rochana conta que gosta do dinamismo da relação com os estudantes, e que com cada turma cria um grupo no aplicativo de conversas online, onde trocam informações sobre eventos geológicos e os últimos acontecimentos, como acidentes ambientais, em vulcões e tragédias naturais, por exemplo.
Rochana se orgulha bastante de sua tese defendida para obtenção do título de professora titular, que contém todos os estudos que realizou em Alagoas, incluindo mestrado, doutorado e orientações. “É um trabalho que envolve uma pesquisa de 30 anos e a participação dos alunos, é uma construção coletiva. Devo muito à universidade e aos estudantes.”
A geóloga explica que estudar Geologia com foco em recursos hídricos, erosão costeira, riscos geológicos é fundamental porque a zona costeira é onde estão as maiores ocupações do Brasil, onde está a maioria das capitais dos estados costeiros. Muitas universidades foram criadas nessas cidades e pessoas saíram do interior para habitar esses espaços. Além do mar, por lá também desemboca água dos rios. “Estudar a zona costeira envolve tudo isso.” E, agora, Geologia atinge o centro do debate, pois trata de erosão costeira, ocupação do espaço, drenagem urbana, mineração, recursos hídricos e energia. “Tudo o que devemos abordar quando pensamos em mudanças climáticas”, pontua.
Mãe de dois filhos, recém-formada em um estado sem faculdade em sua área, em um país com a economia instável dos anos 1980, enfrentando uma desigualdade de gênero que faz com que a mulher esteja a todo o tempo sob avaliação, o cenário se desenhou desafiador para Rochana. “Cheguei a estagiar sem bolsa. Mas jamais pensei em desistir.”
