
Engenheira Agrônoma, em 1976, Especialista em Produção de Sementes de Arroz, em 2001, e Mestre Profissional em Ciência e Tecnologia de Sementes, em 2006, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel - RS)
Nascimento: Veranópolis (RS), 24 de abril de 1954
Indicação: Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos Vale do Rio Tubarão (Area-TB) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea-SC)
Reconhecida por sua valiosa contribuição à ciência agronômica, Rosiclér Maria Vanti protagonizou a identificação inédita em campo de biótipo de capim arroz (Echinocholoa crus-galli) com resistência múltipla aos herbicidas auxínicos (quinclorac), inibidores da ALS (penoxsulam) e ACCase (cyhalofop-butyl). A descoberta, confirmada em 2015 por experimentos científicos conduzidos por pesquisadores especializados, foi um marco para a produção de arroz irrigado no Brasil. Esse achado permitiu agir com rapidez no controle da praga, evitando que se espalhasse pelas áreas de cultivo e gerasse prejuízos ambientais, sociais e econômicos.
Natural de Veranópolis (RS), Rosiclér é descendente de imigrantes italianos que chegaram à serra gaúcha no final do século XIX. Formou-se em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (RS), em 1976, e iniciou sua carreira em Santa Cruz do Sul (RS), onde implantou e dirigiu o primeiro Laboratório de Análise de Sementes da Proagro Pioneer S/A. O projeto, que marcaria o início de uma trajetória técnica sólida, envolvia a análise de sementes de milho, sorgo e forrageiras e é, até hoje, lembrado por ela com apreço.
Em 1985, mudou-se para Tubarão (SC), cidade onde criou raízes e se tornou agrônoma pioneira na orizicultura catarinense. Lá, fundou a empresa Rosiclér Maria Vanti de Bom FI, atual Agroás Agronomia Ltda., voltada à prestação de serviços agronômicos de excelência nas áreas de arroz irrigado, crédito rural, produção e certificação de sementes, armazenamento e uso de defensivos agrícolas, auditoria e capacitação. A empresa atua junto a produtores rurais, cooperativas, agroindústrias e instituições financeiras — com destaque para o Banco do Brasil desde 1985 e a Cooperativa Agropecuária de Tubarão há 27 anos.
Sua atuação alia rigor técnico e soluções práticas, sempre fundamentadas em conhecimento científico, inovação e ética. Com forte compromisso com a responsabilidade socioambiental, Rosiclér busca, em cada projeto, promover o fortalecimento da economia rural em harmonia com o meio ambiente.
A docência também marcou sua trajetória: por 16 anos (2003-2018) foi professora da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), lecionando disciplinas na área de Fitotecnia, notadamente Tecnologia e Produção de Sementes.
Outro ponto alto da carreira é a participação ativa nas esferas representativas da profissão, com destaque para a liderança da Coordenadoria Nacional de Comissões de Ética dos Creas, em 2014, e da Coordenadoria da Comissão de Ética Profissional do Crea-SC, em 2013 e 2014, tendo sido conselheira da Câmara da Agronomia por dois mandatos, entre 2010 e 2015. Foi ainda integrante do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Tubarão por mais de uma década, de 2011 a 2022, quando ocupou o cargo de secretária-executiva do órgão por duas gestões.
Por sua atuação exemplar, recebeu diversas homenagens que refletem seu compromisso com a excelência profissional. Em 2025, foi reconhecida pelo Crea-SC no Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, por sua contribuição à Agronomia e por fortalecer a representatividade feminina em espaços técnicos e de liderança. Em 2013, recebeu menção honrosa da Unisul pelos relevantes serviços prestados ao curso de Agronomia. Já em 2020, foi homenageada pelos funcionários da Cooperativa Agropecuária de Tubarão, com quem mantém parceria de longa data. Também marcou presença na memória acadêmica ao ser escolhida professora homenageada pela turma de formandos de Agronomia da Unisul do primeiro semestre de 2005.
Ao refletir sobre a premiação recebida do Sistema Confea/Crea e Mútua em 2025, Rosiclér agradece a homenagem, ressaltando a significativa importância simbólica e profissional da honraria: “Ser reconhecida pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia com uma das maiores distinções concedidas a profissionais da área tecnológica, pelo mérito do trabalho prestado à sociedade, à agropecuária e à nação, traz consigo o valor e a tranquilidade do dever cumprido com maestria”.
A agrônoma lembra que enfrentou discriminação de gênero — uma expressão que, até então, conhecia apenas no dicionário. Superou os desafios com coragem e espírito empreendedor. Hoje, enxerga com satisfação o crescimento da presença feminina nas áreas técnicas e acredita que cumpriu sua missão nesse avanço. “O conhecimento científico, necessário ao exercício da profissão, não discrimina, é para todos que dele se apropriam e com ele se dedicam independentemente de qualquer condição.”
Prestes a completar 50 anos de profissão, Rosiclér segue em plena atividade e demonstra entusiasmo com as inovações tecnológicas que atualmente integram a prática agronômica, como inteligência artificial, drones e GPS. Para ela, esses avanços tornam o trabalho mais dinâmico, preciso e desafiador. Entre os marcos dessas quase cinco décadas de atuação, destaca dois com orgulho: o primeiro lugar obtido na graduação e a recente Medalha do Mérito do Sistema Confea/Crea e Mútua — distinções que simbolizam uma vida profissional dedicada ao pioneirismo, à excelência técnica e ao fortalecimento da agricultura nacional.
