Asley Stecca Steindorff

Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal de Goiás (UFG), em 2000; Mestre em Engenharia Elétrica e de Computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), em 2003; Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais (Fead), em 2014; MBA Executivo em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2014

Nascimento: Goiânia (GO), 19 de fevereiro de 1977
Falecimento: Goiânia (GO), 1º de julho de 2018
Indicação: Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas - Regional de Goiás (Abee-GO) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO)

Em uma manhã de julho de 2018, centenas de pessoas se despediram de Asley Stecca Steindorff no Cemitério Parque Memorial. Ele estava vestido com o uniforme escoteiro – lenço, camisa cáqui e distintivos que carregava desde menino. Aquela roupa não era apenas um traje; era a síntese de uma vida dedicada ao serviço, à liderança e à formação de outros.

Asley nasceu em Goiânia, em 19 de fevereiro de 1977, filho de Araldo Steindorff, engenheiro agrônomo, e Nélia Stecca, professora. A descendência gaúcha trouxe consigo valores de trabalho árduo e retidão, enquanto o ambiente familiar, cercado por livros e discussões sobre educação e agricultura, plantou as sementes de um futuro dedicado ao conhecimento e ao desenvolvimento do país.

Desde cedo, o escotismo foi sua segunda escola. Nos encontros do Grupo Escoteiro, aprendeu que liderar não é mandar, mas servir. Que trabalho em equipe é uma filosofia de vida. Que a disciplina não é punição, mas caminho para a liberdade. Esses princípios, absorvidos entre caminhadas e fogueiras, se tornariam as bases de sua conduta profissional e pessoal.

Nos anos 1990, quando a internet ainda engatinhava e o Brasil se abria para a modernidade tecnológica, Asley já enxergava o futuro. Formou-se em Eletrotécnica pela Escola Técnica Federal de Goiás em 1995 e ingressou na Universidade Federal de Goiás no mesmo ano. Concluiu o curso técnico enquanto cursava o primeiro ano da graduação.

Em 1998, a vida de Asley mudou para sempre. Um nódulo na axila revelou um linfoma de Hodgkin. Aos 21 anos, ele enfrentou a primeira de três batalhas contra o câncer. O tratamento foi longo e exaustivo, mas jamais interrompeu os estudos. Formou-se em Engenharia Elétrica em 2000 e concluiu o mestrado em 2003, com ênfase em "Método Alternativo de Controle Vetorial usando Processador Digital de Sinais". A doença voltou em 2003, dessa vez um linfoma não-Hodgkin, logo após sua posse como analista de obras e urbanismo na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Enfrentou o tratamento e venceu novamente.

Em 2004, Asley foi aprovado no concurso da Companhia Energética de Goiás (Celg) e no ano seguinte assumiu como engenheiro eletricista. Sua trajetória na empresa foi marcada por ascensão baseada em competência técnica e liderança. Em 2012, foi convidado para o cargo de Diretor Técnico e Comercial da Celg Geração e Transmissão S.A. (Celg GT) – posição conquistada sem apadrinhamento político, tendo como únicos fiadores seu conhecimento do setor elétrico e a admiração de seus pares. Um engenheiro concursado, de carreira, alçado a um dos cargos máximos da empresa.

Paralelamente à carreira no setor público, Asley dedicou doze anos de sua breve vida ao ensino. Lecionou na Pontifícia Universidade Católica de Goiás e nas Faculdades Objetivo, ministrando disciplinas como Sistemas Elétricos, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica, e Eletricidade Básica. Participou de bancas de trabalho de conclusão de curso e orientou estudantes em temas complexos, desde "Perspectivas para a Geração Termonuclear" até "Termografia Infravermelha em Subestações". Seus alunos lembravam de suas aulas como momentos de aprendizado não apenas técnico, mas ético. Ele trazia para a sala de aula a experiência do setor elétrico, mas também os valores do escotismo: preparar jovens para enfrentar desafios e servir à sociedade.

No final de 2017, após uma cirurgia oncológica para retirada de um tumor na língua, Asley retornou às aulas mesmo com dificuldades de fala. "Ele dizia que a melhor fisioterapia para recuperar a fala seria dar aulas, ensinar, estar no ambiente escolar com seus alunos", conta Bianca, sua esposa. Sua última batalha contra o câncer, em 2018, foi enfrentada com a mesma coragem de sempre. Até os últimos dias, manteve-se ativo profissionalmente, dando aulas e cumprindo suas responsabilidades como superintendente de Engenharia e Manutenção da Celg GT.

Asley Stecca Steindorff partiu em 1º de julho de 2018, aos 41 anos, deixando uma marca profunda na Engenharia Elétrica goiana e brasileira. Seu velório foi um testemunho do impacto de sua vida: colegas de trabalho, alunos, companheiros, escoteiros e autoridades do setor elétrico prestaram suas homenagens. O corredor de coroas de flores refletia a admiração de uma comunidade que reconhecia em Asley não apenas um profissional excepcional, mas um homem de caráter irretocável.