Jorge Alberto Villwock

Geólogo, em 1964, Mestre e Doutor em Geociências, em 1973 e 1977 respectivamente, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Nascimento: Rio Grande (RS), 5 de janeiro de 1943
Falecimento: Porto Alegre (RS), 20 de outubro de 2013
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS)

Jorge Alberto Villwock desenvolveu uma das obras mais expressivas da oceanografia geológica do Brasil. Seus estudos sobre a planície costeira do Rio Grande do Sul, iniciados ainda no mestrado (1973) e doutorado (1977) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mapearam as oscilações do nível do mar nos últimos 150 mil anos — um marco técnico e científico que se tornaria referência para o entendimento dos ambientes litorâneos e para o gerenciamento ambiental de zonas costeiras. A partir dessas contribuições pioneiras, consolidou-se como um dos grandes nomes da Geologia, sendo reconhecido pela solidez científica, visão ambiental e generosidade como mentor.

Villwock formou-se geólogo pela UFRGS em 1964, integrando a quinta turma do curso — uma das primeiras do Brasil. Sua escolha pela Geologia veio cedo, inspirada pela leitura do clássico “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, onde o pequeno Jorge ouviu falar pela primeira vez em petróleo e ficou fascinado com o que a Terra poderia contar. Conduzido por mestres como Luiz Roberto Silva Martins, Villwock desenvolveu pesquisas que o levaram a ocupar posição de destaque no cenário das geociências. Foi professor, pesquisador, conselheiro, gestor e defensor incansável da preservação do meio ambiente.

Ao longo da trajetória, ocupou cargos estratégicos na UFRGS, como vice-diretor do Centro de Geologia Costeira e Oceânica (1968-1984), diretor do Instituto de Geociências (1978-1980 e 1984-1988) e professor titular nas disciplinas de Mineralogia, Sedimentogênese e Ambientes de Sedimentação.

Foi diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e pesquisador do CNPq. Sua produção científica é ampla e reconhecida: 21 capítulos de livros, mais de 50 artigos, 35 trabalhos técnicos, além de dois livros, sendo “A Força das Pedras” (1997) uma referência na área. Também contribuiu para a formação de 13 mestres e cinco doutores, que seguiram carreiras em universidades e órgãos ambientais, propagando os métodos de Villwock.

Na PUC-RS, foi idealizador e primeiro diretor do Instituto do Meio Ambiente (IMA), entre 1998 e 2010, além de professor de Geomorfologia. Teve papel fundamental na concepção do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR). Em reconhecimento, o auditório principal do IPR, inaugurado em 2017, recebeu seu nome. À época, o pró-reitor Jorge Audy comentou que a homenagem celebrava o papel decisivo de Villwock ao assessorar as fases iniciais da aproximação com a Petrobras. Durante a cerimônia, a família expressou a emoção do momento com palavras que traduzem a dimensão de seu legado: “Verificar seu nome eternizado no local mais nobre do novo instituto revela o apreço e a razão pela qual seus últimos anos de trabalho foram tão fervorosamente exercidos por ele”.

Villwock se dedicou à pesquisa sobre Geologia do petróleo e mudanças climáticas. Participou de iniciativas ligadas à captura e armazenamento de CO₂, como o projeto CARBMAP, desenvolvido no Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono da PUC-RS. Defendeu, em eventos acadêmicos, o papel das universidades na prevenção de desastres naturais e na formação de políticas públicas para eventos climáticos extremos. Seus estudos sobre evolução holocênica do litoral sul não apenas enriqueceram a ciência, mostrando como mudanças no mar influenciaram a geografia costeira, como serviram de base para práticas de gestão ambiental.

Villwock também atuou como conselheiro do Crea-RS de 1973 a 1975. Sua presença nesse espaço técnico reforça o elo entre ciência, responsabilidade profissional e políticas públicas. Em 2025, sua trajetória é celebrada com a inscrição no Livro do Mérito do Sistema Confea/Crea, a mais alta honraria concedida a engenheiros, agrônomos e geocientistas brasileiros. A homenagem póstuma reconhece não apenas sua produção técnica, mas seu compromisso com a coletividade.

Ao longo da vida, o geólogo foi reconhecido por tantas outras instituições com títulos que simbolizam o impacto ético, científico e humano que sua carreira imprimiu no Brasil. Recebeu a Medalha Irajá Damiani Pinto (UFRGS), o cartão de prata da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário e o diploma da Sociedade Brasileira de Geologia.

Em paralelo à vida acadêmica e científica, Jorge Villwock cultivava paixões que fortaleciam laços com as pessoas que amava. Aprendeu a cozinhar ainda adolescente, como escoteiro, e se tornaria um exímio cozinheiro — preparando almoços e jantares para a família e os amigos. Também adorava divertir as netas Ana Luiza, Natasha e Roberta, ao tocar sua gaita em momentos que ele unia sensibilidade humana ao espírito lúdico.

Jorge Alberto Villwock faleceu em 2013, mas sua obra permanece viva: nos estudos que orientam o gerenciamento sustentável das zonas costeiras, nos profissionais que formou e nos institutos que ajudou a criar. Seu legado continua a guiar o caminho de quem estuda a Terra com respeito e rigor.