
Engenheiro Civil com aperfeiçoamento em Estruturas pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), em 1962
Nascimento: São Luís (MA), 14 de novembro de 1939
Falecimento: Rio de Janeiro (RJ), 13 de março de 1978
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Maranhão (Crea-MA)
Dignitário da medalha do Mérito Industrial da Federação das Indústrias do Maranhão, no ano passado, o antigo proprietário da Construtora Duailibe, ao lado de seu pai, o empresário Nagib Abrahão Duailibe, José Carlos Murad Duailibe foi responsável, na década de 1970, por algumas das mais importantes obras de infraestrutura do estado, relacionadas principalmente à malha rodoviária. O engenheiro civil precocemente falecido, aos 38 anos, em decorrência de uma doença autoimune, ainda hoje é reconhecido e reverenciado por todos os que acompanharam sua trajetória profissional.
Em 2012, recebe homenagem póstuma do Clube de Engenharia do Maranhão, além de comenda pelos relevantes serviços prestados ao desenvolvimento socioeconômico do estado do Maranhão, concedida pela Assembleia Legislativa do Estado. Em 2025, volta a fazer história, além das fronteiras do seu estado natal, ao receber a Láurea ao Mérito do Sistema Confea/Crea e Mútua.
A homenagem do Sistema Confea/Crea permite que a escritora e poeta Laura Amélia Damous Duailibe e os filhos do casal, a jornalista Karina, a advogada Carla, a economista Mônica e o engenheiro civil Nagib Duailibe Neto e sua esposa, a arquiteta Andréa, recebam o carinho de toda a comunidade tecnológica brasileira. “É uma forma de homenageá-lo por tudo o que conseguimos, tudo o que ele nos deixou foi através da Engenharia. Escolhi a profissão como uma forma de estar próximo a ele”, aponta Nagib Abrahão Duailibe Neto.
Assim, perpetua-se também o legado do comerciante libanês, que montou a construtora que levava o nome da família, ao lado do recém-formado José Carlos. O Cine Passeio e a arquibancada do estádio municipal Nhozinho Santos se destacaram entre seus primeiros cálculos estruturais. Uma trajetória ascendente que logo levou ao reconhecimento de seus pares, a ponto de ser convidado para a superintendência do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) pelo então governador, o médico Antônio Jorge Dino, que assumiu o estado após José Sarney ingressar no Senado Federal, no último ano de seu mandato.
Outro médico, o governador Pedro Neiva de Santana, o manteria na direção do DER durante toda a sua gestão, a partir de 1975. Assim, auxiliado por uma equipe de técnicos e engenheiros, José Carlos Murad Duailibe esteve à frente do processo de expansão e reintegração da malha rodoviária, inclusive com a execução de pontes em concreto armado. Entre estas, destaque para o projeto e construção da ponte sobre o rio Mearim, com 240m de extensão, sendo 100m de vão livre, o 4º maior do Brasil à época.
O antigo lema de Juscelino Kubitschek, “50 anos em 5”, representa bem a importância da atuação de Duailibe para o seu estado natal, conforme documentaram reportagens de revistas como O Cruzeiro. “Como projetista estrutural e um grande visionário, ele deixou como grande legado o Plano de Reintegração da Malha Rodoviária do Estado, mais do que triplicada, chegando a mais de 5500 quilômetros, incluindo uma parte da Transamazônica, em território maranhense, uma verdadeira revolução, tirando o Maranhão do isolamento, com todo o apoio do governador Pedro Neiva de Santana e do governo federal, na figura do ministro dos Transportes, Mário Andreazza”, comenta o filho.
Apenas na MA-74 (BR-222), ligando as cidades Santa Luzia e Açailândia, no sudoeste do estado, foram quase 300km de extensão. “Até os dias atuais, a estrada representa o maior corredor intermodal do Maranhão e do Brasil à época, interligando, além da malha rodoviária, ferrovias e o Porto do Itaqui, em São Luís. Do ponto de vista rodoviário, o acesso ao Porto do Itaqui se dá pelas rodovias BR-135 e BR-222 que se conectam às rodovias federais (BR 316, BR 230, BR 226 e BR 010) e estaduais (MA 230) para todo o Norte e Sul do país e que deve ganhar um novo estímulo com a conclusão da Norte-Sul. A conexão intermodal envolve ainda a ferrovia que liga Carajás ao porto de Itaqui. Não foi uma obra da gestão dele, mas a reintegração rodoviária potencializou a vocação do complexo portuário de Itaqui, interligando-se, em sua última etapa, até o Porto de Santos, em São Paulo, pela Ferrovia Norte-Sul”, estipula Nagib Duailibe Neto.
Todas essas construções tão abruptamente interrompidas, quando iniciou seu tratamento de saúde em viagens ao Rio de Janeiro, contaram ainda com a contribuição de colegas da Universidade Federal do Pará e também da sua antiga universidade. Então com oito anos quando do falecimento do pai, Nagib Neto, que ao lado da mãe e da irmã Karina e da nora Andréa busca mais intensamente manter o legado do engenheiro civil, descreve que José Carlos Duailibe chegou a fazer um requerimento para lecionar na Escola de Engenharia do Maranhão, cuja criação apoiou. “Foi mais uma parte de sua história que se perdeu. O Brasil não tem essa cultura da memória”, lamenta.
Para toda a Engenharia maranhense, a despedida de José Carlos Duailibe representou “uma grande perda, pelo que ele fez”. E a homenagem do Sistema, uma grande deferência. “O pessoal ficou muito empolgado. Outro dia, obtivemos alguns vídeos com o Museu Audiovisual do Maranhão. Não tenho palavras para falar da felicidade por esse reconhecimento. O presidente (do Crea-MA) Wesley (Assis) falou que a história dele não poderia se perder e abraçou essa candidatura desde o primeiro momento”, informa.
Nagib Neto considera que colegas, amigos e funcionários têm as melhores lembranças de sua generosidade, capacidade, perspicácia e articulação envolventes, “de uma pessoa que levava o trabalho muito a sério”. Nagib aponta ainda que “agora foi feito um reconhecimento justo do trabalho dele, pelo Sistema, pelo povo do Maranhão. Acho que o sentimento que a gente tem é felicidade por esse acolhimento por parte do Confea em prestar essa homenagem a ele”.
Uma homenagem também a um incentivador do próprio Sistema. Hoje conselheiro estadual, Nagib comenta que o presidente Wesley Assis foi informado por um funcionário antigo do Crea que José Carlos Duailibe acompanhou a instalação do Crea-MA, em 1973. “O presidente Wesley contou que, na instalação do Crea, à frente do DER, ele autorizou o pagamento dos primeiros aluguéis do Regional. Além disso, ele era do Clube de Engenharia, uma das 18 entidades precursoras do Sistema, e acompanhou as tratativas para a instalação do Crea. E só fomos saber dessa história bem depois”, resgata o filho, lembrando que José Carlos havia sido ainda um dos idealizadores da Escola de Engenharia do Maranhão, que se originou como Federação das Escolas Superiores de Engenharia, em 1963.
