Luiz Ronaldo Starling Tavares

 

Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1967

Nascimento: Belo Horizonte (MG), 26 de julho de 1940
Falecimento: Brasília (DF), 19 de dezembro de 2024
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF)

Em 1969, quando Brasília ainda era um imenso canteiro de obras repleto de possibilidades, chegou à capital federal um jovem engenheiro civil. Luiz Ronaldo Starling Tavares fazia parte de uma geração de profissionais que vislumbrou na nova capital do país a oportunidade de construir não apenas uma cidade, mas o futuro da Engenharia brasileira.

Starling integrou o grupo de pioneiros que se estabeleceram na Vila Planalto, vivendo em repúblicas e se dedicando aos primeiros grandes projetos de infraestrutura da capital. Foi no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) que Luiz Ronaldo iniciou sua trajetória profissional, rapidamente se destacando pela competência técnica e visão estratégica que o acompanhariam por mais de cinco décadas de carreira.

Ao longo de sua trajetória profissional, Luiz Ronaldo Starling construiu um legado sólido em infraestrutura urbana e rodoviária, especializando-se em drenagem, pavimentação, saneamento e obras estruturais. Sua expertise foi reconhecida por meio de sua atuação em diversas frentes: como chefe do Setor de Obras Diretas da Novacap, e como diretor técnico da Pentag Engenharia Ltda., onde liderou grandes projetos.

O engenheiro mineiro também dedicou significativa parte de sua carreira ao desenvolvimento institucional do setor, ocupando posições estratégicas como conselheiro do Crea-DF, assessor técnico da Presidência do Confea, e na Vice-Presidência da Associação Brasileira de Engenheiros de Pavimentação (ABEPv). Sua atuação se estendeu ainda no setor representativo: foi vice-presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) por dois mandatos e representante do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e na Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O acervo técnico de Starling é impressionante em números e significado. Ao longo de sua carreira, executou obras que totalizam quase 3 milhões de metros cúbicos de terraplenagem, mais de 295 mil metros quadrados de pavimentação em CBUQ (pavimentação de vias), 142 mil metros quadrados de pavimento de concreto rígido, além de extensas redes de drenagem e estruturas complexas como pontes de concreto armado. Cada uma dessas realizações foi devidamente registrada por meio de ARTs nos Creas de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, demonstrando seu comprometimento com a responsabilidade técnica profissional.

Entre os projetos que mais o desafiaram profissionalmente, destaca-se sua atuação como coordenador de auditoria no Canal da Maternidade (um parque em Rio Branco, AC), onde aplicou sua expertise em fiscalização e análise técnica para resolver questões complexas de Engenharia. Sua capacidade de gestão e conhecimento técnico também foram fundamentais em sua atuação como consultor e coordenador em um programa de saneamento básico, no Distrito Federal, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Reconhecendo a carência do mercado por material técnico didático de qualidade, Starling dedicou-se à produção de conteúdo educacional. Seus livros "Pavimentação Urbana, Orçamentos e Custos", "Drenagem, Pavimentação e Urbanização de Vias" e "Desafios Atuais para a Engenharia Civil" tornaram-se referências amplamente adotadas em universidades e entre profissionais da Engenharia, atingindo uma proporção de impacto que ele próprio não havia antecipado.

Até seus últimos dias, manteve-se ativo intelectualmente, trabalhando em uma obra destinada a alertar engenheiros civis sobre a importância do registro adequado das ARTs, demonstrando sua preocupação contínua com a valorização e o desenvolvimento da profissão. A contribuição de Luiz Ronaldo Starling para a Engenharia brasileira foi reconhecida por meio de diversas honrarias, incluindo a Medalha do Mérito Alvorada, concedida pelo Governo do Distrito Federal, e o Diploma Amigo da Marinha. Sua importância para a história de Brasília foi imortalizada no livro "Memórias de Brasília", de Armando Buchmann, que o cita como um dos engenheiros pioneiros da capital.

Starling acreditava firmemente que a competência técnica – "a cabeça, o cérebro" – deveria ser sempre a primeira consideração, comparando o papel do engenheiro ao do médico. “Ao tomar a decisão sobre a necessidade de uma cirurgia, a família quer saber a opinião do médico, não do dono do hospital. Meu pai fazia essa comparação: quem tem que dar a opinião diante de um impasse em uma obra é o engenheiro responsável, o técnico, o profissional qualificado operando”, explica Ronaldo, o filho.

Seguindo a máxima de que um homem deveria "plantar uma árvore, ter filhos e escrever um livro", Ronaldo Starling realizou todas essas conquistas ao longo de sua vida plena. Casado desde 1971, foi também mentor profissional, transmitindo seus conhecimentos não apenas por intermédio de seus livros e atuação institucional, mas também pelo exemplo pessoal e pela orientação direta a novos profissionais.

Luiz Ronaldo Starling Tavares faleceu em Brasília em 19 de dezembro de 2024, aos 84 anos, deixando um legado imensurável para a Engenharia brasileira. Sua trajetória exemplifica a dedicação, competência e visão necessárias para transformar desafios em oportunidades e conhecimento em progresso duradouro. Na cidade que ajudou a construir, seu nome permanece associado aos alicerces sólidos sobre os quais se ergueram não apenas a infraestrutura física de Brasília, mas também os padrões de excelência que orientam gerações de engenheiros brasileiros.