Presidente reeleito do Crea-PA fala em rompimento com paradigmas históricos

Brasília, 23 de novembro de 2020

Dar voz à diversidade profissional existente no Pará e promover a participação feminina são dois dos pontos destacados pelo presidente do Crea-PA, eng. civ. Renato Milhomem, quando fala sobre os paradigmas históricos com que pretende romper. Milhomem foi reeleito para o mandato de 2021-2023 e atribui o resultado à interação com profissionais e funcionários e às inovações tecnológicas que conseguiram implantar no regional paraense. 

Presidente reeleito do Crea-PA, eng. civ. Renato Milhomem, durante reunião do Colégio de Presidentes realizada em São Paulo

Natural de Marabá (PA), Milhomem comemora ser o primeiro presidente do Crea que veio do interior. Milhomem é formado em Engenharia Civil e Direito, ambos pela Universidade Federal do Pará (UFPA), e tem experiência em gestão pública e administração de empresas. Confira abaixo a entrevista que ele concedeu ao site do Confea.

Site do Confea: Pode nos falar um pouco sobre sua trajetória de atuação no Sistema Confea/Crea e Mútua?
RM:
Eu entrei no sistema em 2018, quando fui eleito presidente do Crea-PA. Foi a primeira vez que um candidato do interior - sou de Marabá, no sudeste do Pará - assumiu o cargo através dos votos dos profissionais. Era um desafio e tanto enfrentar as desconfianças e aplicar mudanças num sistema que, no nosso estado, estava engessado. Mas com o apoio de diversos profissionais que conheciam bem o Sistema, de funcionários que estavam dispostos e o investimento em inovações tecnológicas, nós conseguimos mudar muita coisa para melhor e seguimos fazendo isso. Tanto que temos mais três anos pela frente, através do voto de confiança do profissional, que reconheceu isso ao me reeleger.

Site do Confea:  Neste triênio à frente do Crea, quais os principais desafios já mapeados que demandam esforço e atuação? Eles constam da agenda de prioridades do próximo mandato? Como serão colocados em prática e quais resultados positivos irão gerar?
RM: Celeridade e melhora nos trâmites de processo entre regionais. Mais eficiência na fiscalização. Em um estado grande como o Pará, tem-se diversidade, que precisa de voz. Também queremos romper paradigmas históricos e trazer a mulher engenheira cada vez mais para o Sistema. É uma capacidade intelectual por vezes afastada por conta de simples preconceitos. A tecnologia é a raiz de tudo hoje, ferramenta imprescindível e não podemos, nunca, achar que o que se tem é o bastante. Todas as ações citadas valorizam o profissional. 

Site do Confea: Na sua avaliação, o Sistema Confea/Crea e Mútua demanda uma readequação de procedimentos? Por quê? Se sim, qual tipo de reestruturação é necessária e como sua gestão irá atuar neste sentido?
RM: Nosso sistema tem que se efetivar realmente enquanto Sistema, se comunicar. Vejo uma movimentação entre regionais buscando isso. Devemos aperfeiçoar essa interação e padronizar os procedimentos, quebrando travas burocráticas e regramentos antigos que já não nos atendem mais. É uma demanda de todos.

Site do Confea: Neste pleito, seis mulheres foram eleitas para os Creas do Acre, Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Antes, apenas quatro Regionais eram presididos por engenheiras. Qual a sua análise sobre esse crescimento da representação feminina e qual a importância de se fomentar a pauta equidade de gênero no Sistema?
RM: A participação feminina ainda não é a ideal, mas vem aumentando, e isso é muito positivo. A mulher tem um olhar diferente, tem uma sensibilidade que muitas vezes nós não conseguimos ter. Muitas delas foram extremamente importantes nos meus primeiros anos de gestão, ocupando cargos de confiança como gerências, chefias e Inspetorias. Também tivemos mulheres na diretoria. Infelizmente, nas faculdades, entre os novos profissionais, a quantidade de homens ainda é mais numerosa que a de mulheres. Mas essa diferença já foi maior e isso mostra que a representação feminina tende a crescer. Ter a mulher na Engenharia fará com que muitas demandas do gênero sejam colocadas em pauta e debatidas através do olhar de quem sente na pele.

Site do Confea:  Acredita que a integração dos Creas dentro da região geográfica e de forma nacional é importante? Se sim, quais caminhos possíveis, dos pontos de vista institucional e político? Quais vantagens esse movimento pode gerar para o Sistema e para os profissionais do setor?
RM: Muito importante. Todos temos a mesma atividade fim, mas muitos temos dificuldades que são únicas, especiais daquela região específica. Na nossa, como há em outras regiões, temos o CreaNorte. Nele, nós, os presidentes, nos reunimos constantemente justamente para entendermos essas dificuldades e compartilharmos as soluções que cada um busca. E, assim, pode ser com os Creas de todo o Brasil, inclusive em relação a demonstrar força política, mostrar representatividade para buscar que nossas demandas sejam pautadas, debatidas e colocadas em prática. Somos tidos como o maior conselho profissional do mundo e, como tal, temos que nos fazer respeitar. Um conselho de fiscalização profissional também precisa ser um conselho que busca o melhor para esses profissionais, para que esteja em condições justas de cobrá-los. Esse melhor já temos buscado e vamos continuar buscando.

Site do Confea:  Muito se fala na responsabilidade e habilidades dos profissionais registrados no Sistema Confea/Crea como contribuição direta para o desenvolvimento do Brasil e para a implantação de políticas públicas que levem à retomada do crescimento nacional. Qual sua avaliação sobre essa viabilidade?
RM: Nós, da engenharia, costumamos não nos envolver muito com a política e esse distanciamento tem nos tirado das grandes decisões que constroem o desenvolvimento do Brasil. A nossa inserção nesse contexto fará com que o país seja melhor planejado e nossas demandas internas tenham mais possibilidades de serem atendidas. Engatinhamos em relação a outros países mais desenvolvidos. Temas como carreira de Estado [para profissionais da Engenharia] e Engenharia Pública são assuntos que, apesar do esforço institucional do Sistema, não têm avançado como gostaríamos. Devemos continuar e dar mais publicidade a tudo isso.

Beatriz Craveiro
Equipe de Comunicação do Confea