ABEAG completa 21 anos de olho na modernização da agricultura

Silo de armazenamento
A logística de armazenamento e a produtividade estão entre os focos da ABEAG em seus 21 anos

Brasília, 21 de julho de 2020.

Para a professora Gizele Ingrid Gadotti, fazer parte da história da engenharia agrícola brasileira representa uma oportunidade de contribuir com a permanente atualização da entidade e da sua área de atuação. De férias na Universidade Federal de Pelotas- UFPEL, onde nasceu o primeiro curso da área, em 1972, e onde surgia, há 21 anos, a Associação Brasileira dos Engenheiros Agrícolas (ABEAG), a atual vice-presidente saúda o esforço do atual coordenador do Colégio Nacional de Entidades (CDEN),  Valmor Pietsch, para expandir nacionalmente o alcance da entidade. “Podemos dizer, sem dúvida, que os últimos 10 anos solidificaram a ABEAG”.

Valmor Pietsch e Gizele Gadotti
Presidente Valmor Pietsch e vice-presidente Gizele Gadotti, ao lado do engenheiro agrícola Ricardo Gava, coordenador da câmara de Agronomia do Crea-MS

Participante do programa Mulher do Confea, ela ressalta a preocupação do Sistema com a inserção feminina no mercado de trabalho e no Sistema. “Na ABEAG, temos feito uma campanha junto ao ministério da Agricultura para que as residências agrícolas contem com uma participação maior das mulheres, profissionais que já quebram paradigmas ao escolher o curso e cuja qualidade é inquestionável, apesar das dificuldades com a primeira experiência profissional”.

Com cerca de quatro mil engenheiros agrícolas registrados em um universo de 42 cursos espalhados pelo país, a ABEAG lida com temáticas que abrangem desde as consequências pelo aquecimento global e suas consequências para a irrigação, por exemplo, até o turismo rural, no que se refere à conservação de estradas rurais. “Nossa atuação é bastante multidisciplinar e preocupada com a produtividade rural”, diz o engenheiro agrícola Valmor Pietsch, comentando sua proximidade com as engenharias civil, mecânica, elétrica e de produção, entre outras, inclusive, em torno da crescente informatização de procedimentos.

Para o diretor de Relações Internacionais da ABEAG, eng. agric. Rouverson Pereira da Silva, “uma associação de engenheiros de uma profissão nova, bem recente no país, completar 21 anos é um marco muito importante. Porque somos muito recentes, comparado a outras engenharias. É um marco, representa a união da classe dos engenheiros, com o apoio do Sistema. Costumo sempre falar para os alunos que a competência é muito mais importante. A formação do engenheiro agrícola é muito diferenciada de outras áreas, o que pode nos colocar à frente de novos avanços”. 

 

Professora Gizele Ingrid Gadotti
Professora da UFPEL, onde nasceu a Abeag, Gisele Gadotti atua também no Programa Mulher do Confea

 

Agricultura de precisão e digital

“Também lidamos com a conservação do solo, onde se coloca a importante questão do assoreamento dos rios. Ou também com condições adequadas de transporte e armazenamento de grãos. Por toda essa abrangência, ressaltamos a importância da nacionalização das nossas atividades”, descreve Valmor, tesoureiro há época da criação da ABEAG.

Se a agricultura de precisão é a tendência da área em relação ao mercado de trabalho, o reconhecimento da categoria já é cada vez mais consagrado. “No começo, o grande desafio era mostrar a diferença entre  o nosso trabalho como engenheiro para fins rurais, da Agronomia, cuja atuação é mais voltada para a parte bioquímica. Hoje, temos uma valorização profissional da categoria bem melhor, como comprova a nossa participação, desde 2012, na Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão e Digital (CBAPD), do Mapa, e também nossa participação à frente do Colégio de Entidades do Sistema”, ressalta.

Professor da Unesp-Jaboticabal, Rouverson Pereira da Silva: valorização da agricultura de precisão e da agricultura digital orienta o futuro da atuação dos engenheiros agrícolas


Professor da área de máquinas Agrícolas da Unesp-Jaboticabal, eng. agric. Rouverson Pereira da Silva, considera que o fórum de discussão do ministério tenta estabelecer diretrizes para a agricultura de precisão. “Com as inovações da agricultura digital, que envolvem a inteligência digital e a robótica, a comissão mudou esse nome. É importante a ABEAG estar lá porque ela leva a visão dos engenheiros agrícolas na definição de diretrizes. A agricultura digital é uma realidade. Temos um caminho longo, mas é irreversível. Não poderemos fazer agricultura como antigamente”, considera.

 

Atuação abrangente
Sediada em Cascavel-PR, a entidade desenvolve também parcerias com órgãos locais como o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária ou o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, em uma atuação que mais evidente no Paraná, no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso e Goiás, além da Bahia, onde está sendo estruturada uma regional da entidade.

Águas e solos; estrutura rural e ambiência animal e vegetal; máquinas e mecanização agrícola; processamento agroindustrial e energização rural são as áreas de atuação do engenheiro agrícola destacadas por Gizele. Com uma formação de cerca de 500 profissionais por ano, em 42 cursos, ela credita à engenharia agrícola uma grande contribuição para a participação agrícola no Produto Interno Bruto brasileiro. “Esse ‘boom’ de cursos e o fato de várias multinacionais que produzem no maquinário no país serem lideradas por engenheiros agrícolas nos últimos anos demonstram a nossa importância”, comenta, ressaltando que “a engenharia agrícola não parou durante a pandemia”.

A atuação conjunta com outras áreas do Sistema também é destacada pela vice-presidente da ABEAG. “A agricultura brasileira está mudando de patamares, sobretudo com a perspectiva cada vez maior da conectividade, da indústria 4.0, que está com uma demanda cada vez maior, o que exige da universidade uma atenção maior, o que deverá chegar também ao Sistema, onde as preocupações com os sombreamentos se mostram cada vez menores, em favor da valorização da capacitação para o trabalho”, defende. 

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea